Voo Panair do Brasil 099

Voo Panair do Brasil 099
Acidente aéreo
Voo Panair do Brasil 099
Lockheed Constellation, similar ao exemplar destruído, pintado nas cores da Panair do Brasil em exposição no Museu Asas de um Sonho em São Carlos, São Paulo.
Sumário
Data 28 de julho de 1950 (73 anos)
Causa Colisão com o solo em voo controlado (CFIT)
Local Morro do Chapéu e Morro das Cabras, entre Sapucaia do Sul e Gravataí - Rio Grande do Sul
Coordenadas 29° 49′ 14.10″ S, 51° 4′ 35″ W
Origem Base Aérea do Galeão, Rio de Janeiro
Destino Base Aérea de Canoas, Canoas
Passageiros 44
Tripulantes 7
Mortos 51 (todos)
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Estados Unidos Lockheed Constellation
Operador Brasil Panair do Brasil
Prefixo PP-PCG Bandeirante
Primeiro voo 1946

O Voo Panair do Brasil 099 foi um voo que sofreu um grave acidente aéreo em 28 de julho de 1950.[1]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

O Lockheed Constellation cnº 2062 foi fabricado em meados de 1945, na planta de Burbank, Califórnia. A aeronave, que havia sido encomendada pela Pan American World Airways e receberia o registro NC88862, não chegou a prestar serviços para a companhia norte-americana. Foi enviada para a Panair do Brasil (na época controlada pela Pan Am, mas já em processo de transferência de ações para controladores brasileiros), onde receberia o prefixo PP-PCG. Fez a inauguração do Voo Brasil-Itália, no dia 3 de outubro de 1946, entre o Rio de Janeiro e Roma, com escalas em Recife, Dakar e Lisboa, perfazendo 5339 milhas ao longo de 24 horas.

Acidente[editar | editar código-fonte]

O voo Panair do Brasil 099 decolou da Base Aérea do Galeão às 15h47min, com seis horas de atraso em relação ao horário de embarque inicialmente agendado, devido a um defeito em um dos motores da aeronave, que precisou ser substituído e testado em voo de inspeção. O pouso deveria ocorrer na Base Aérea de Canoas (à época chamada de Base Aérea de Gravataí), nos arredores de Porto Alegre, às 18h40min.

O Constellation prefixo PP-PCG transportava 44 passageiros (muitos dos quais em férias no Rio de Janeiro, que havia sediado a Copa do Mundo de 1950[2]) e 6 tripulantes, sendo pilotado pelo comandante Eduardo Martins de Oliveira (prestes a completar 10 mil horas de voo em sua carreira,[1] era conhecido como Comandante Edu, um dos fundadores e porta estandarte do famoso Clube dos Cafajestes).

Segundo boletins meteorológicos, havia uma frente fria estacionária entre Porto Alegre e Florianópolis, causando grandes turbulências e chuva leve na capital gaúcha.

Após algum atraso em rota, causado pelas condições climáticas desfavoráveis, o Constellation iniciou os procedimentos de aproximação para pouso na Base Aérea de Canoas às 18h45min. O pouso, porém, foi abortado, seguindo-se uma arremetida. Durante a segunda tentativa de aterrissagem, perdeu-se contato com a torre, seguindo-se nova arremetida. Na sequência, o Constellation chocou-se contra o Morro do Chapéu (localizado atualmente entre os municípios de Gravataí e Sapucaia do Sul), por volta das 19h25min, explodindo logo em seguida.

Com a explosão, foi deflagrado um incêndio na área, debelado apenas duas horas mais tarde.[1]

Devido ao difícil acesso à área, as equipes de resgate levaram duas horas até chegarem aos destroços, quando constataram a morte de todos os tripulantes e passageiros[1] Os trabalhos de remoção dos corpos e limpeza da área, comandados pelo então Coronel Olímpio Mourão Filho, levaram vários dias, devido à extensão da área em que foram espalhados os destroços.

Consequências e fatos[editar | editar código-fonte]

À época do acidente, muitos voos eram direcionados para a Base Aérea de Canoas porque ela possuía pistas longas e pavimentadas, que comportavam aviões de grande porte como os Constellation, mas operava apenas em condições visuais.[3] Em contraste, o Aeródromo de São João, localizado em Porto Alegre, contava com instrumentos para auxílio aos pousos, mas não possuía pistas pavimentadas.

A comoção gerada com o desastre foi tamanha, que o Aeródromo de São João seria rebatizado Aeroporto Salgado Filho, sendo reiniciadas obras de melhorias que haviam sido paralisadas durante o período da 2ª Guerra Mundial. Com isso o Aeroporto Salgado Filho foi dotado de um novo terminal de passageiros e de pistas pavimentadas, acabando com as dificuldades de operação de grandes aeronaves.[3]

Foi considerado, então, o pior acidente aéreo do Brasil[1]

Dois dias depois do episódio, morreria, num outro acidente aéreo ocorrido no Rio Grande do Sul, o político Joaquim Pedro Salgado Filho, que não havia embarcado no voo 099 devido a falta de lugar.[1]

Os compositores Fernando Lobo e Paulo Soledade escreveram a canção Zum-zum, em homenagem ao Comandante Edu, interpretada por Dalva de Oliveira no carnaval de 1951.

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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da; O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes; Porto Alegre Editora EDIPUCRS, 2008, pp 95-101.
  • ASPIS, Abrão; Acidente no Morro do Chapéu - A Queda do Constellation da Panair em Sapucaia do Sul; Gravatal SC; Editora Gravatalense de Letras - Livraria/Editora Palmarinca; 2007 2ª edição.

Referências

  1. a b c d e f Jornal do Brasil (30 de julho de 1950). «A horrível tragédia do Constelation da Panair». Edição nº 177 Ano LX - página 6. Consultado em 20 de fevereiro de 2012 
  2. Sérgio Gonçalves (27 de dezembro de 2010). «Morro do Chapéu». Consultado em 12 de fevereiro de 2012 
  3. a b Infraero. «Histórico». Consultado em 20 de fevereiro de 2012 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]