Explosão do Douglas DC-3 PP-ANH

Explosão do Douglas DC-3 PP-ANH
Acidente aéreo
Explosão do Douglas DC-3 PP-ANH
Douglas C47 da Real Força Aérea Sueca, similar ao avião destruído.
Sumário
Data 12 de agosto de 1952
Causa explosão durante o voo
Local Brasil Palmeiras de Goiás, Goiás
Origem Jataí
Escala Rio Verde, Goiânia, Uberlândia, Belo Horizonte
Destino Rio de Janeiro
Passageiros 20
Tripulantes 4
Mortos 24
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Estados Unidos Douglas DC-3
Operador Brasil Viabras
Prefixo PP-ANH
Primeiro voo 1944

A explosão do Douglas DC-3 PP-ANH foi um desastre aéreo ocorrido em 12 de agosto de 1952. A aeronave, prefixo PP-ANH, do consórcio Nacional -Viabras realizava a linha aérea Jataí - Goiânia - Belo Horizonte - Rio de Janeiro incendiou-se e explodiu em pleno ar, durante tentativa de pouso de emergência nas proximidades de Palmeiras de Goiás. A explosão mataria todos os seus 24 ocupantes.[1]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

O Douglas DC-3 foi uma aeronave desenvolvida para o transporte de passageiros no final da década de 1930. Por conta de suas qualidades como versatilidade (poderia ser rapidamente adaptado para o transporte de passageiros/cargas), robustez, fácil manutenção e baixo custo de operação, seriam empregados em larga escala pelas Forças Armadas Americanas durante a Segunda Guerra Mundial. Seriam fabricados mais de 10 mil aeronaves para o transporte militar, sendo batizadas C-47 Dakota. Após o final do conflito, o governo americano decidiu vender a maioria das aeronaves para operadores civis e demais forças aéreas do mundo. Com isso, milhares de aeronaves de transporte de carga do tipo C-47 Dakota seriam convertidas para a versão civil DC-3.

Após ter sido fundada em 11 de abril de 1946, a Viação Aérea Brasil S/A (Viabras), receberia quatro aeronaves Douglas DC-3/C-47[2], registrados com os prefixos PP-KAA, PP-KAB, PP-KAC e PP-KAD (posteriormente vendido a empresa Central Aérea e rematriculado PP-IBA).[3] A Viabras exploraria rotas ligando os estados de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Por conta de parte de essa região ser atendida pela empresa Transportes Aéreos Nacional, as duas empresas se associariam em um consórcio.[4]

Desastre[editar | editar código-fonte]

O Douglas DC-3 PP-ANH decolou de Jataí na manhã de 12 de agosto, iniciando a linha aérea Jataí – Rio Verde - Goiânia – Uberlândia - Belo Horizonte - Rio. Transportando 9 passageiros e 4 tripulantes, a aeronave fez sua primeira escala em Rio Verde, onde embarcaram mais alguns passageiros. Quando a aeronave decolou de Rio Verde rumo a Goiânia, um incêndio de causas desconhecidas irrompeu a bordo, colocando a aeronave em grave risco.[4] Após tentativas infrutíferas de extingui-lo, a tripulação tentou realizar um pouso de emergência no aeródromo de Palmeiras de Goiás. Quando voava a cerca de 20 m de altura, o DC-3 explodiu em pleno ar às 9h40 min, matando todos os seus 24 ocupantes. Seus destroços caíram em uma área próxima ao aeródromo e foram rapidamente saqueados pela população local até a chegada das autoridades.[4] Entre os mortos, estava o filho do governador de Goiás Pedro Ludovico Teixeira, Antonio Borges Teixeira.[1]

Investigações[editar | editar código-fonte]

A investigação do acidente foi prejudicada pelo saqueamento dos destroços pela população. Quando a primeira equipe de investigação chegou a Palmeiras de Goiás, dois dias após a queda, não encontrou praticamente nada. Assim, as investigações se concentraram na coleta de depoimentos das numerosas testemunhas da explosão. Dessa forma, constatou-se que havia muita fumaça saindo da cauda da aeronave (provavelmente no compartimento de bagagens), tendo a tripulação executado manobras (chamadas de piruetas por algumas testemunhas) para conter as chamas.[4]

Até aquela altura, o Douglas DC-3 (assim como a grande maioria das aeronaves da época) não contava com alarmes e ou sensores de fumaça e extintores de incêndio no compartimento de bagagens. Assim, um incêndio na cauda da aeronave só poderia ser notado quando houvesse causado danos graves à fuselagem (que explicariam as piruetas vistas pelas testemunhas em terra). O incêndio poderia destruir os estabilizadores e causar a perda de sustentação da aeronave. Por outro lado, a explosão não poderia ter sido causada pela ignição dos tanques de combustível, pois os mesmos eram localizados nas asas da aeronave, tendo o incêndio se iniciado na cauda.[4]

Consequências[editar | editar código-fonte]

O acidente causou grande comoção no estado de Goiás, fazendo com que os estabelecimentos comerciais da capital Goiânia cerrassem suas portas em sinal de luto.[5] Em meados dos anos 1990 foi construído, em uma praça de Rio Verde, um monumento em memória das vitimas. Alguns anos depois, o monumento foi vandalizado e esquecido. [6] A causa da súbita explosão foi atribuída a uma suposta bomba instalada no compartimento de bagagens, porém nunca se descobriu que tipo de artefato causou a explosão, e, principalmente quem estava por trás da implantação do mesmo. Dessa maneira, alguns órgãos de imprensa contestaram essa versão.[1]Atualmente, especula-se que a explosão do DC-3 PP-ANH tenha sido causada por algum produto inflamável (como lança perfumes) que teria vazado ao ser transportado clandestinamente no compartimento de bagagens. Alguns meses depois, a Transportes Aéreos Nacional denunciou um passageiro à polícia por ter encontrado um carregamento de lança perfumes em meio a bagagem embarcada em uma aeronave[4]

O acidente causou muitos problemas financeiros para a Viabras, que acabou sendo incorporada pela Nacional em 1954.[4]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da; O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes; Porto Alegre Editora EDIPUCRS, 2008, pp 118-125.

Referências

  1. a b c «Grave desastre de aviação em Goiânia». Jornal do Brasil Ano LXII, edição nº18, página 8. 13 de agosto de 1952. Consultado em 6 de março de 2013 
  2. Revista Flap Internacional - Edição Histórica Aviação a Pistão no Brasil de 1943 a 1974 - n° 315 (1998). «Douglas DC-3 e sua operação comercial no Brasil» (PDF). Hobby News abril/maio 2003  line feed character character in |autor= at position 66 (ajuda)
  3. «Frota REAL». Aviação Comercial. Consultado em 6 de março de 2013 
  4. a b c d e f g SILVA, Carlos Ari Cesar Germano da (2008). O rastro da bruxa: história da aviação comercial brasileira no século XX através dos seus acidentes. [S.l.]: Editora EDIPUCRS, Porto Alegre. pp. 118–125. ISBN 978-85-7430-760-2 
  5. «O desastre de aviação ocorrido em Goiânia». Jornal do Brasil Ano LXII, edição nº19, página 6. 14 de agosto de 1952. Consultado em 6 de março de 2013 
  6. deoclismar.blogspot.com.br/2012/08/60-anos-de-desastre-aereo-que-vitimou.html

Ligações externas[editar | editar código-fonte]