Língua páez

Páez

Nasa Yuwe

Falado(a) em:  Colômbia
Região: Andes
Total de falantes: 81.221 (2018)
Família: Não-classificada
 Páez
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: pbb

Páez (ou Paez, Paes) é o autônimo da língua Nasa Yuwe. É uma língua não-classificada da Colômbia, falada pelo povo Paez.

É falada pelo 33,4% da segunda maior etnia indígena colombiana, os Paez o Nasa, no norte do Departamento de Cauca,[1] no sudoeste da Colômbia e outros departamentos da Colômbia como Huila, Valle e Tolima.

Clasificação[editar | editar código-fonte]

Paul Rivet e outros no século XX classificaram a língua páez como chibchana,[2] porem Adolfo Constenla Umaña considera que não é uma língua propriamente chibchana. Mais recentemente, foi proposto um filo macro-chibcha, que incluiria o páez e a família Barbacoana. Na mesma linha da proposta macro-Chibcha, Greenberg propõe uma macro-família Chibchano-Paezana.[3] Para Jon Landaburo, ainda não há razões suficientes para manter esas clasificações.[4] Outros autores propõem uma família "barbacoana-paezana". No entanto, estrutural e lexicamente, Paez e Barbacoano são muito diferentes e formas lexicais semelhantes poderiam ser devidas a empréstimos, dada a proximidade geográfica dessas línguas.[5]

Para outros Nasa Yuwe é uma língua independente,[6] embora sua relação com o Andaquí,[7] e talvez com outras línguas extintas possa ser aceita.[8] Não há consenso e as opiniões variam amplamente.[9]

História[editar | editar código-fonte]

O idioma ficou em perigo por muitos séculos pela conquista e a colonização. A principal ameaça contra a língua foi no século XVIII, com a imposição do castelhano pela Coroa Espanhola. Depois, A cultura dos Nasa foi oprimida pela cultura dominante, que queria que os indígenas se tornassem cidadãos colombianos. A escolaridade era em parte para "civilizar" os indígenas; as crianças que falaram em sua língua materna foram punidas, por exemplo, sendo obrigadas a ajoelhar-se com grãos de milho por horas. Assim, as pessoas foram forçadas a evitar a sua língua nativa. Mas, os Nasa tem lutando para expandir suas terras. Com a expansão territorial, eles poderiam vir a espalhar sua própria língua. Por exemplo, os falantes da Nasa Yuwe puderam recentemente desenvolver sua cultura nas terras indígenas demarcadas como "resguardos".

Revitalização[editar | editar código-fonte]

histórias da língua Nasa

Com a Lei Geral de Educação, a etno-educação é a oportunidade da educação para grupos étnicos, mas a educação precisa estar relacionada à cultura, tradições, linguagem e elementos nativos de grupos étnicos. Para alcançar o objetivo de dar importância às línguas indígenas, é importante garantir que as futuras gerações indígenas preservem e reaprendam línguas que não tenham privilégios na sociedade colombiana. Assim, foi necessário implementar livretos e material de conteúdo original nas diferentes línguas.

Embora o governo tenha proposto a introdução de educação de línguas nativas em algumas comunidades, a preservação de línguas e identidades foi negligenciada. É importante revitalizar o idioma porque faz parte da identidade de muitas pessoas que não foram consideradas parte da sociedade colombiana.

O primeiro passo é que os professores nativos conheçam todos os aspectos acadêmicos e os aspectos socioculturais do grupo étnico. A próxima é a criação de uma campanha para promover a importância do idioma em uma comunidade minoritária para manter a identidade. O objetivo da campanha é reforçar o uso do idioma no ambiente educacional e no ambiente familiar porque são os primeiros e mais influentes contatos das crianças. O último passo é promover o projeto para ser usado com outras línguas em perigo do nosso país e revitalizá-las. Além disso, também é necessário criar uma consciência no resto da sociedade para evitar a marginalização das pessoas que falam essas línguas nativas.

Fonologia[editar | editar código-fonte]

O páez tem quatro vogais orais y quatro nasais (i, e, a, u) e registra vogais curtas e longas, portanto, o número de segmentos vocálicos em oposição fonológica é 16:[10]

Anteriores Centrais Posteriores
Fechadas i ĩ iˑ ĩˑ u ũ uˑ ũˑ
Médias e ẽ eˑ ẽˑ
Abertas a ã aˑ ãˑ

A língua Paez possui 38 fonemas consonânticos, sendo sua particularidade a abundância de consoantes palatalizadas, aspiradas e palatalizadas-aspiradas.[11]

Labial Alveolar Lamino-
palatal
Velar Glotal
simple palat. simple palat. simple palat. simple palat. simple palat.
oclusiva surda p t ƫ ʦ ç k c ʔ
aspirada pʲʰ ƫʰ ʦʰ çʰ
prenasalizada mb m ⁿd ⁿdʲ ⁿʣ ⁿʣ̢ ⁿɡ
nasal m n ɲ
fricativas surda s ʃ h ɧ
sonora
lateral l ʎ
aproximantes w j

Gramática e sintaxis[editar | editar código-fonte]

Poder-se destacar as siguientes características do Nasa Yuwe:[12][13]

  • Os pronomes da primeira e da segunda pessoa do singular são diferentes para os gêneros feminino e masculino, seu plural deriva em todo o caso da forma feminina. A terceira pessoa é neutra.
  • O verbo é conjugado com sufixos de tempo, modo e aspecto e na segunda pessoa com sufixo do gênero feminino ou masculino. Podem ter prefixos de intensidade.
  • Os substantivos são declinados por sufixos que marcam casos nominativos, acusativos, dativos, ablativos, locativos e instrumentais, com posposições em vez de preposições.

Escrita[editar | editar código-fonte]

A língua Páez usou uma forma do alfabeto latino desenvolvida por missionários, qual não apresenta as letras H, K, R, U, mas usa as formas bj, by, vcj, cy, ch, chj, dy, dj. fy, jy, ll, ñ, py, pj, sh, ty, ts, tsj, zh.[14] Atualmente usa um alfabeto unificado com os desenvolvidos pelos linguistas das organizações indígenas.[15]

Amostra de texto[editar | editar código-fonte]

Ya'nwe'wewa'te' maa nasapa ha'dacehk hi'pku up'hi', wëtte u'huwa'hi'pta', eena' eena' f'i'zewa' hi'pta', üus hi'pta' d'ik'the hi'pta' naapa'kate. Sa' h'ukaysa üus hi'pcehktha'w sa' pyakhna'we f'i'ze hi'ptha'w.

Português: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Eles são dotados de razão e consciência e devem agir uns contra os outros em espírito de fraternidade. (Artigo 1º Declaração Universal Direitos Humanos)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. DANE (14 de agosto de 2019). «Población Indígena del Cauca» (PDF). Consultado em 28 de julho de 2020 
  2. Rivet, Paul (1952) "Lengues de l'Amerique du Sud et des Antilles"; Meillet A. et M. Cohen . Les langues de monde (en francés). Paris.
  3. Greenberg, Joseph H. (1987) Language in the Americas (en inglés). Stanford, California: Stanford University Press. ISBN 0-8047-1315-4
  4. Landaburu, Jon (2000). "Clasificación de las lenguas indígenas de Colombia". Lenguas Indígenas de Colombia. Una visión descriptiva. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo, p.p. 25-48
  5. Curnow, Timothy J. (1998) "Why Paez is not a Barbacoan language: The nonexistence of "Moguex" and the use of early sources". International Journal of American Linguistics, 64 (4): 338-351.
  6. Gordon, Raymond G., Jr. (Ed.). (2005). Ethnologue: Languages of the world (15th ed.) Dallas, TX: SIL International. ISBN 1-55671-159-X (en inglés)
  7. Jolkesky, Marcelo Pinho de Valhery (2016) Estudo arqueo-ecolinguístico das terras tropicais sul-americanas. Doutorado em Linguística. Universidade de Brasília.
  8. Adelaar, Willem F. H.; & P. C. Muysken, 2004. The languages of the Andes (en inglés). Cambridge University Press.
  9. Campbell, Lyle. (1997) American Indian languages: The historical linguistics of Native America (en inglés). New York: Oxford University Press. ISBN 0-19-509427-1
  10. Gerdel, Florence L. and others. (1973). Sistemas fonológicos de idiomas colombianos 2:132. Bogotá: Ministerio de Gobierno and Instituto Lingüístico de Verano.
  11. Nieves Oviedo, Rocío; Tulio Rojas y Marcos Yule. (1991) Estudios Fonológicos de la Lengua Paez (Nasa Yuwe); Descripciones 6; Colciencias – Universidad de los Andes, Bogotá.
  12. Rojas Curieux, Tulio; Roció Nieves Oviedo, y Marcos Yule Yatacue. (1991) Estudios Grammaticales de la Lengua Paez (Nasa Yuwe). Descripciones 7; Colciencias – Universidad de los Andes, Bogotá.
  13. Slocum, Marianna C. (1986) Gramática páez. Lomalinda: Editorial Townsend.
  14. Slocum, Marianna C. and Florence L. Gerdel. (1983) Diccionario: páez-español / español-páez. Lomalinda: Editorial Townsend.
  15. Rojas Curieux, Tulio (2002) “Desde arriba y por abajo construyendo el alfabeto nasa. La experiencia de la unificación del alfabeto de la lengua páez (nasa yuwe) en el departamento del Cauca - Colombia”; ponencia presentada en el simposio La lingüística al servicio de los idiomas indígenas, Universidad de Texas, Austin, Latin American Network Information Center. Consultado em 12 de setembro de 2021.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Brend, Ruth M. (Ed.). (1985). From phonology to discourse: Studies in six Colombian languages (p. vi, 133). Language Data, Amerindian Series (No. 9). Dallas: Summer Institute of Linguistics.
  • Beuchat, Henri; & Rivet, Paul. (1910). Affinités des langues du sud de la Colombie et du nord de l'Équateur. Le Mouséon, 11, 33-68, 141-198.
  • Castillo y Orozco (del), Eugenio. (1877) Vocabulario Paez–Castellano. Ezequiel Uricoechea ed. Maisonneuve y Cia. Libreros Editores, París.
  • Constenla Umaña, Adolfo. (1993). La familia chibcha. In (M. L. Rodríguez de Montes (Ed.), Estado actual de la clasificación de las lenguas indígenas de Colombia (pp. 75–125). Bogotá: Instituto Caro y Cuervo.
  • Curnow, Timothy J.; & Liddicoat, Anthony J. (1998). The Barbacoan languages of Colombia and Ecuador. Anthropological Linguistics, 40 (3).
  • Douay, Léon. (1888). Contribution à l'américanisme du Cauca (Colombie). Compte-Rendu du Congrès International des Américanistes, 7, 763-786.
  • Fabre, Alain. (2005). Nasa Yuwe / Páez. Diccionario etnolingüístico y guía bibliográfica de los pueblos indígenas sudamericanos. (To appear). (Online: www.ling.fi/Entradas%20diccionario/Dic=Nasa.pdf).
  • Gerdel, Florence L. and Marianna C. Slocum. (1976). Páez discourse, paragraph and sentence structure." In Robert E. Longacre and Frances Woods (eds.), Discourse grammar: Studies in indigenous languages of Colombia, Panama, and Ecuador, 1: 259-443. Summer Institute of Linguistics Publications in Linguistics and Related Fields, 52(1). Dallas: SIL and the University of Texas at Arlington.
  • Jolkesky, Marcelo. 2015. Semejanzas léxicas entre el Páez, el Andakí y el Tinígua.
  • Kaufman, Terrence. (1990). Language history in South America: What we know and how to know more. In D. L. Payne (Ed.), Amazonian linguistics: Studies in lowland South American languages (pp. 13–67). Austin: University of Texas Press. ISBN 0-292-70414-3.
  • Kaufman, Terrence. (1994). The native languages of South America. In C. Mosley & R. E. Asher (Eds.), Atlas of the world's languages (pp. 46–76). London: Routledge.
  • Key, Mary R. (1979). The grouping of South American languages. Tübingen: Gunter Narr Verlag.
  • Landaburu, Jon. (1993). Conclusiones del seminario sobre clasificación de lenguas indígenas de Colombia. In M. L. Rodríguez de Montes (Ed.), Estado actual de la clasificación de las lenguas indígenas de Colombia (pp. 313–330). Bogotá: Instituto Caro y Cuervo.
  • Loukotka, Čestmír. (1968). Classification of South American Indian languages. Los Angeles: Latin American Studies Center, University of California.
  • Slocum, Marianna C. (1972). ¿Cómo se dice en páez?. Lomalinda: Ministerio de Gobierno.

Lígações externas[editar | editar código-fonte]