Joaquim Xavier Guimarães Natal

Joaquim Xavier Guimarães Natal
Joaquim Xavier Guimarães Natal
Joaquim Xavier Guimarães Natal
Ministro do Supremo Tribunal Federal
Período 23 de setembro de 1905 a 13 de abril de 1927
Presidente do Brasil
Vaga
Rodrigues Alves
Cadeira n.º 3
Antecessor(a) Antônio Joaquim de Macedo Soares
Sucessor(a) Cardoso Ribeiro
10.º Procurador-geral da República do Brasil
Período 6 de dezembro de 1909 a 14 de novembro de 1910
Presidente do Brasil Nilo Peçanha
Antecessor(a) Pedro Antônio de Oliveira Ribeiro
Sucessor(a) Antônio Augusto Cardoso de Castro
Deputado federal por Goiás
Período 1890 a 1891
Legislatura Constituinte de 1891
Membro da junta governativa goianense de 1889
Período 7 de dezembro de 1889 a 24 de fevereiro de 1890
Membros José Joaquim de Sousa
Eugênio Augusto de Melo
Antecessor(a) Eduardo Augusto Montandon (como presidente da Província de Goiás)
Sucessor(a) Rodolfo Gustavo da Paixão (Como governador de Goiás)
Dados pessoais
Nascimento 25 de dezembro de 1860
Goiás, Província de Goiás, Império do Brasil
Morte 22 de junho de 1933 (72 anos)
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Alma mater Faculdade de Direito do Largo de São Francisco
Partido PRG (1890-1905)

Joaquim Xavier Guimarães Natal (Goiás, 25 de dezembro de 1860Rio de Janeiro, 22 de junho de 1933) foi um advogado, magistrado e ex-político brasileiro que serviu como membro da Junta governativa goianense de 1889, deputado constituinte em 1891 e ministro do Supremo Tribunal Federal, além de Procurador-Geral da República.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Joaquim Xavier Guimarães Natal nasceu em Goiás, no dia 25 de dezembro de 1860, na província de Goiás, durante o Império do Brasil. Era filho de Luiz Pedro Xavier Guimarães e Leonor Gertudes Fialho Guimarães.[1]

Carreira política e jurídica[editar | editar código-fonte]

Constituição brasileira de 1891, página da assinatura de Joaquim Xavier Guimarães Natal (décima segunda assinatura). Acervo Arquivo Nacional

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em 15 de novembro de 1882, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.

Em 1883, regressando a sua cidade natal, passa a atuar como advogado. Neste período, funda o primeiro núcleo republicano da Província de Goyaz e lança os periódicos "O Bocaiúva" e "Brasil Federal".

Foto de Guimarães Natal, no Salão dos Governadores, no Palácio Conde dos Arcos, na Cidade de Goiás.

Em 17 de janeiro de 1883, torna-se Promotor Público e Curador de Órfãos da Comarca, cargo exercido até 17 de janeiro de 1889, data em que foi nomeado Juiz Substituto.

Perdeu o cargo de Juiz Substituto após o quadriênio em 17 de janeiro de 1889. Não obstante haver requerido recondução, firmado em disposição em Lei, não foi reconduzido, "(...) porque, por um dever de lealdade, a que nunca fugiu, junto ao seu requerimento uma carta ao Ministro da Justiça, então Conselheiro Ferreira Viana, declarando-se francamente liberal."[2]

Associação com Bulhões e Proclamação da República[editar | editar código-fonte]

Sem obter forma de sustento a si e sua família, já com duas filhas e casado com Ângela de Bulhões Jardim, tornou-se lavrador em propriedade adquirida em sociedade com os cunhados Leopoldo Rodrigues Jardim e Leopoldo de Bulhões. Segundo o relato de sua filha mais velha, Eurydice Natal e Silva, fundadora da primeira Academia Feminina de Letras do Brasil, em 1904[3]: "Foi nessa vida simples e laboriosa que veio encontrá-lo a Revolução de 15 de Novembro de 1889."[2]

O fim do Império e início da República, fez o contexto para que a Província de Goyaz passasse a ser governada por uma junta governativa. Guimarães Natal foi um dos membros da junta governativa goianense de 1889.[4]

Em menos de três meses a junta se mostrou desnecessária a partir da nomeação do novo Governador. Voltou à magistratura, designado pelo Ministro da Justiça Campos Sales. A carreira da magistratura seria novamente interrompida. Divulga, em 02 de julho de 1890, um documento entitulado "Manifesto dos Candidatos do Centro Republicano de Goyaz." É eleito como Constituinte Nacional. Mudou-se para o Rio de Janeiro na companhia da esposa e do filho mais jovem, de apenas 3 anos. Deixa aos cuidados da mãe, na Cidade de Goyaz, as três filhas mais velhas.

Foi sistematizador e redator final da Constituição de 1891, por escolha dos demais membros.[2] Notabilizou-se por inserir o instituto do habeas corpus como garantia constitucional. Guimarães Natal também responsável pela distinção teórica entre crimes militares próprios e impróprios.[5]

Ele foi, como os demais representantes da Constituinte, vítima de violências que culminaram na cassação dos 24 deputados que haviam decretado a Constituição de 1891. Impetra o primeiro Habeas Corpus para livre exercício de mandato político no Brasil, para si e os demais deputados. Renunciou de seu mandato de deputado em dezembro de 1891.

Em 1898 foi convidado a fazer parte da comissão incumbida de elaborar o projeto de Código de Processo Criminal.

Placa de ouro oferecida a Joaquim Xavier Guimarães Natal pelo povo goiano, em 01 de janeiro de 1890. O objeto pertence ao acervo de sua família.

Ministro do STF[editar | editar código-fonte]

Segue a carreira de Juiz em Goiás até ser nomeado Ministro do Supremo Tribunal Federal, por decreto de 11 de setembro de 1905.[1] Exerceu a magistratura no Supremo Tribunal Federal até 13 de abril de 1927.[1] Até hoje, é o único goiano a ser ministro do Supremo Tribunal Federal.

Em 6 de dezembro de 1909 tornou-se Procurador-Geral da República, cargo que exerceu até 14 de novembro de 1910.[6]

Em 24 de junho de 1933, o Supremo Tribunal Federal suspendeu a sua sessão para homenagear o Ministro Guimarães Natal. O Ministro Edmundo Lins, à época Presidente do Supremo Tribunal Federal, pronunciou as seguintes palavras:

"Cumpro o doloroso dever de participar ao Egrégio Supremo Tribunal Federal o falecimento do nosso conspículo colega Ministro Guimarães Natal. Fazendo-o, proponho se tome luto por oito dias, se suspenda a sessão e se nomeie uma comissão de três Ministros para darem pêsames à família e representarem o Tribunal em todas as homenagens que forem prestadas ao saudoso extinto. Ninguém mais que ele merece este tributo de amizade e pungente saudade. Durante vinte anos - de 1905 a 1925 - ocupou uma das Cadeiras deste Tribunal, tendo exercido algum tempo o dificílimo e expinhoso cargo de Procurador da República, no governo de Nilo Peçanha. Quer neste lugar, quer no de julgador, honrou e exalçou as cadeiras que ocupou. Honrou-as, exalçou-as, pelo zelo e escrúpulo com que estudava todas as questões, pela precisão e clareza com que proferia os seus votos, que trazia escritos."[2]

Era filho de Luiz Pedro Xavier Guimarães e Leonor Gertrudes Fialho. Tendo nascido no dia 25 de dezembro, foi batizado com a incorporação do nome Natal. Casou-se com Angela de Bulhões Jardim e era cunhado de Joaquim Leopoldo de Bulhões. Era pai de Eurydice Natal e Silva e, portanto, avô de Colemar Natal e Silva, fundador e primeiro reitor da Universidade Federal de Goiás.[3]

Referências

  1. a b c Site institucional do Supremo Tribunal Federal, COORDENADORIA DE BIBLIOTECA (25 de maio de 2021). «Ministro Guimarães Natal». Supremo Tribunal Federal. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  2. a b c d Eurydice Natal e Silva. Traços Biográficos de Guimarães Natal: meu pai. Goiânia, mímeo, 1970.
  3. a b Jornal Tribuna, Jornal Tribuna (28 de junho de 2023). «A Primeira Academia Goiana de Letras». Jornal Tribuna. Consultado em 25 de agosto de 2023 
  4. «NATAL, Joaquim Xavier Guimarães» (PDF). CPDOC-FGV. Consultado em 28 de dezembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 2023 
  5. CHAIBUB, João Frederico Bertran Wirth. Poder Judiciário em Tempo de Ditatura Militar: Pré-compromisso, Independência e Autoritarismo. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo: 2016.
  6. Memorial MPF, Memorial MPF (s.d.). «Memorial MPF». Memorial MPF. Consultado em 25 de agosto de 2023 


Precedido por
Eduardo Augusto Montandon
Junta governativa goianense de 1889
1889 — 1890
Sucedido por
Rodolfo Gustavo da Paixão
Precedido por
Pedro Antônio de Oliveira Ribeiro
Procurador-Geral da República do Brasil
1909 — 1910
Sucedido por
Antônio Augusto Ribeiro de Almeida


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