Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos de 1982

Grande Prêmio do Oeste dos
EUA de Fórmula 1 de 1982

Sétimo GP do Oeste dos EUA em Long Beach
Detalhes da corrida
Categoria Fórmula 1
Data 4 de abril de 1982
Nome oficial 7th Toyota United States Grand Prix West
Local Long Beach, Califórnia, EUA
Total 75,5 voltas / 258.814 km
Condições do tempo Ensolarado, ameno
Pole
Piloto
Itália Andrea de Cesaris Alfa Romeo
Tempo 1:27.316
Volta mais rápida
Piloto
Áustria Niki Lauda McLaren-Ford
Tempo 1:30.831 (na volta 12)
Pódio
Primeiro
Áustria Niki Lauda McLaren-Ford
Segundo
Finlândia Keke Rosberg Williams-Ford
Terceiro
Itália Riccardo Patrese Brabham-Ford

Resultados do Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos de Fórmula 1 realizado em Long Beach em 4 de abril de 1982.[1] Em sua terceira corrida desde que interrompeu uma "aposentadoria" voluntária de dois anos, o austríaco Niki Lauda venceu pela décima oitava vez na carreira, a primeira pela McLaren-Ford, com Keke Rosberg em segundo na Williams-Ford.[2] O canadense Gilles Villeneuve terminou em terceiro, mas foi desqualificado após a corrida quando os comissários acolheram um protesto acerca da asa traseira de sua Ferrari,[3] resultando na ascensão de Riccardo Patrese ao "pódio oficial" via Brabham-Ford.[nota 1]

Resumo[editar | editar código-fonte]

O retorno de Mario Andretti[editar | editar código-fonte]

Apenas cinco dias após a corrida no Brasil, o argentino Carlos Reutemann surpreendeu Frank Williams e todos no paddock anunciando sua aposentadoria. Quando Alan Jones (campeão mundial de 1980) reiterou que não voltaria a correr, o time contratou o americano Mario Andretti. Campeão mundial de 1978, seu contrato com a Patrick Racing na Fórmula Indy não o impedia de regressar à Fórmula 1 durante aquele fim de semana, então ele concordou em guiar o segundo carro da Williams dizendo: "Eu não tinha mais nada para fazer, então aceitei".[4][5]

Andrea de Cesaris faz a pole[editar | editar código-fonte]

Mudanças significativas foram feitas no traçado da pista desde a corrida do ano anterior e a principal envolvia a inserção de uma chicane na reta principal do circuito e modificações nas curvas visando melhorar a segurança, o que não impediu a excêntrica inserção de "meia volta" no percurso a ser cumprido de modo a compensar o fato que os pontos de largada e de chegada estavam em lugares diferentes, anomalia a ser eliminada no ano seguinte. Durante o treino oficial de sábado os carros com pneus Michelin apresentavam melhor ritmo de classificação que os bólidos calçados pela Goodyear, vide o ímpeto de Niki Lauda, líder da sessão até Andrea de Cesaris cravar 1:27.316 com sua Alfa Romeo a três minutos do fim aproveitando o pouco tráfego e o uso dos pneus de classificação.[6] Assim o italiano tornou-se o mais jovem pole position da categoria aos 22 anos e 308 dias de idade (recorde batido por Rubens Barrichello no Grande Prêmio da Bélgica de 1994) e ficou em êxtase com sua primeira (e única) pole numa carreira de 208 grandes prêmios (ressalte-se que foi a décima segunda e última pole position da Alfa Romeo na história da categoria, marca ainda vigente em 2020).[7] O campeão mundial Nelson Piquet foi o melhor dentre os carros com pneus Goodyear com o sexto ponto, enquanto Mario Andretti e Eddie Cheever dividiram a sétima fila.[8]

Em meio à agitação do treino oficial a Ferrari chamou a atenção por sua asa traseira incomum: duas peças em separado na parte posterior do carro, mas fixadas lado a lado e presas num mesmo suporte, dando à peça dimensões proibidas no regulamento da competição. Afrontar acintosamente as normas desportivas é um desafio do time italiano para testar a coerência da Federação Internacional de Automobilismo Esportivo (FISA) quanto às desclassificações de Nelson Piquet e Keke Rosberg no Grande Prêmio do Brasil, matéria pendente de julgamento pelo Tribunal de Apelação da FISA ao tempo da prova em Long Beach.[9]

Niki Lauda volta a vencer[editar | editar código-fonte]

No domingo o italiano Andrea de Cesaris manteve a ponta trazendo atrás de si um grupo de adversários que foi reduzido em seu número logo nas primeiras voltas da corrida graças aos incidentes envolvendo Bruno Giacomelli, René Arnoux e Didier Pironi, o que causou a ascensão de Nelson Piquet e também uma aproximação de Niki Lauda em relação ao piloto da Alfa Romeo, líder da prova durante quatorze voltas antes que Lauda o superasse.[7] Entre as voltas dezesseis e dezoito uma disputa férrea entre Keke Rosberg e Gilles Villeneuve terminou com o finlandês da Williams à frente e este logo tomaria o terceiro lugar de John Watson enquanto o canadense da Ferrari rodou, mas foi hábil ao recolocar seu carro na pista logo à frente de Piquet, o sexto colocado. Vítima dos freios, o brasileiro abandonaria à vigésima quinta passagem. Pouco depois os líderes da prova tomaram um susto ao terem que desviar de um caminhão de resgate que cruzou a pista de modo imprudente durante a remoção da Brabham danificada.[10]

Niki Lauda seguia tranquilo em primeiro quando Andrea de Cesaris rodou, bateu no muro e abandonou num evento que fez de Keke Rosberg o segundo colocado a quase cinquenta segundos de distância, porém como o austríaco preferiu diminuir o ritmo e poupar equipamento sua vantagem caiu em mais de meio minuto, mas não impediu sua vitória, a primeira desde o Grande Prêmio da Itália de 1978 com Rosberg e Villeneuve ao seu lado no pódio.[10]

Pouco depois de concluída a prova foi indeferido um protesto da Ferrari contra a vitória de Lauda, mas o time italiano foi vítima de idêntico recurso assinado pela Tyrrell e assim Villeneuve perdeu o terceiro lugar para Riccardo Patrese sob a alegação de irregularidades no aerofólio traseiro, não obstante o desgosto de Maranello.[3] No mundial de pilotos a liderança era de Keke Rosberg (14 pontos) seguido por Alain Prost (13 pontos) e Niki Lauda (12 pontos) com suas respectivas escuderias ponteando o mundial de construtores.[nota 2]

Classificação da prova[editar | editar código-fonte]

Pos. Piloto Construtor Voltas Tempo/Diferença Grid Pontos
1 8 Áustria Niki Lauda McLaren-Ford 75 1:58:25.318 2 9
2 6 Finlândia Keke Rosberg Williams-Ford 75 + 14.660 8 6
DSQ 27 Canadá Gilles Villeneuve Ferrari 75 + 1:04.288 7 [3]
3 2 Itália Riccardo Patrese Brabham-Ford 75 + 1:19.143 18 4
4 3 Itália Michele Alboreto Tyrrell-Ford 75 + 1:20.947 12 3
5 11 Itália Elio de Angelis Lotus-Ford 74 + 1 volta 16 2
6 7 Reino Unido John Watson McLaren-Ford 74 + 1 volta 11 1
7 12 Reino Unido Nigel Mansell Lotus-Ford 73 + 2 voltas 17
8 17 Alemanha Ocidental Jochen Mass March-Ford 73 + 2 voltas 21
9 18 Brasil Raul Boesel March-Ford 70 + 5 voltas 23
10 4 Suécia Slim Borgudd Tyrrell-Ford 68 + 7 voltas 24
Ret 25 Estados Unidos Eddie Cheever Ligier-Matra 59 Câmbio 13
Ret 22 Itália Andrea de Cesaris Alfa Romeo 33 Rodou 1
Ret 29 Reino Unido Brian Henton Arrows-Ford 32 Rodou 20
Ret 14 Colômbia Roberto Guerrero Ensign-Ford 27 Rodou 19
Ret 26 França Jacques Laffite Ligier-Matra 26 Rodou 15
Ret 31 França Jean-Pierre Jarier Osella-Ford 26 Transmissão 10
Ret 1 Brasil Nelson Piquet Brabham-Ford 25 Rodou 6
Ret 33 República da Irlanda Derek Daly Theodore-Ford 23 Rodou 22
Ret 5 Estados Unidos Mario Andretti Williams-Ford 19 Acidente 14
Ret 15 França Alain Prost Renault 10 Rodou 4
Ret 28 França Didier Pironi Ferrari 6 Rodou 9
Ret 16 França René Arnoux Renault 5 Batida 3
Ret 23 Itália Bruno Giacomelli Alfa Romeo 5 Batida 5
Ret 10 Chile Eliseo Salazar Lotus-Ford 3 Batida 26
Ret 9 Alemanha Ocidental Manfred Winkelhock ATS-Ford 1 Batida 25
DNQ 36 Itália Teo Fabi Toleman-Hart
DNQ 32 Itália Riccardo Paletti Osella-Ford
DNQ 20 Brasil Chico Serra Fittipaldi-Ford
DNQ 30 Itália Mauro Baldi Arrows-Ford
DNPQ 35 Reino Unido Derek Warwick Toleman-Hart
Fonte: [1]

Tabela do campeonato após a corrida[editar | editar código-fonte]

  • Nota: Somente as primeiras cinco posições estão listadas. Entre 1981 e 1990 cada piloto podia computar onze resultados válidos por temporada não havendo descartes no mundial de construtores.

Notas

  1. Voltas na liderança: Andrea de Cesaris 14 voltas (1-14), Niki Lauda 61 voltas (15-75).
  2. A pontuação atribuída aos três primeiros colocados do mundial de pilotos no último parágrafo do texto acima difere da exposta numa tabela nesta mesma página, contudo ambas estão corretas. A diferença tem origem na desclassificação de Nelson Piquet e Keke Rosberg, respectivamente vencedor e segundo colocado no Grande Prêmio do Brasil de 1982, punição que a FISA aplicou somente em 20 de abril daquele ano, cinco dias antes do Grande Prêmio de San Marino.

Referências

  1. a b «1982 USA West Grand Prix - race result». Consultado em 7 de julho de 2018 
  2. Fred Sabino (4 de abril de 2019). «O reencontro de Niki Lauda com a vitória após dois anos fora da Fórmula 1, em Long Beach». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 5 de abril de 2019 
  3. a b c Punição a Villeneuve aumenta crise na F-1 (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 07/04/1982. Geral, Primeiro caderno, p. 25. Página visitada em 7 de julho de 2018.
  4. Fred Sabino (28 de fevereiro de 2020). «Campeão da Fórmula 1 em 1978, Mario Andretti completa 80 anos; relembre trajetória na categoria». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 28 de fevereiro de 2020 
  5. Fred Sabino (28 de fevereiro de 2021). «Relembre dez momentos de Mario Andretti, campeão mundial de Fórmula 1 em 1978». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  6. De Cesaris consegue sua 1ª "pole" (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/04/1982. Esportes, Primeiro caderno, p. 37. Página visitada em 7 de julho de 2018.
  7. a b Fred Sabino (5 de outubro de 2018). «Tão veloz quanto trapalhão, Andrea de Cesaris teve brilhos efêmeros e muitos acidentes». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 23 de novembro de 2019 
  8. De Cesaris larga na frente e Piquet é o 6º (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 04/04/1982. Esportes, Primeiro caderno, p. 37. Página visitada em 7 de julho de 2018.
  9. Fred Sabino (29 de junho de 2019). «Máquinas Eternas #29: Ferrari 126 C2 era veloz mas ficou marcada pela tragédia». globoesporte.com. Globo Esporte. Consultado em 29 de junho de 2020 
  10. a b Lauda ganha em Long Beach como um campeão (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 05/04/1982. Esportes, Primeiro caderno, p. 17. Página visitada em 7 de julho de 2018.

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