Revolta de Escravos Constitucionalistas

A Revolta dos Escravos Constitucionalistas, também chamada de Revolta de Escravos das Lavras, Revolta dos Escravos do Fanado ou Levante de Ouro Preto, iniciou-se em Fanados (atual Minas Novas, Minas Gerais),[1] por volta de Janeiro e Fevereiro de 1821, após a Revolução Liberal do Porto e o início da elaboração de uma nova constituição em Portugal, os negros escravos que trabalhavam nas lavras de minérios em Minas Gerais, que já vinham de constantes lutas por liberdade e formação de quilombos na região, foram inspirados por um negro de muitas posses chamado Arguins (também referenciado como Argoim, Arguim ou Agoínos)[2][3] a proclamarem a nova constituição, declarando igualdade entre brancos e pretos. Arguins em uma de suas declarações, declarou:

"Em Portugal proclamou-se a Constituição que nos iguala aos brancos: esta mesma Constituição jurou-se aqui no Brasil. Morte ou Constituição decretamos contra pretos e brancos: morte aos que nos oprimiram, pretos miseráveis! No campo da honra derramai a última gota de sangue pela Constituição que fizeram os nossos irmãos de Portugal."[4]

O movimento reuniu em 14 de junho de 1821 na Serra de Ouro Preto cerca de 15 000 negros e mais 6 000 negros armados na Paróquia de São João do Morro, junto com dois regimentos de cavalaria auxiliar da Comarca de Serro Frio, o que indica uma participação da população branca abolicionista e a favor da Revolução Liberal do Porto.

Os negros liderados por Arguim eram fervorosos em suas convicções de liberdade, e chegavam a executar sem piedade aqueles negros que se negavam a participar do movimento. Criaram uma bandeira própria e usavam distintivos militares nas ruas. Chegaram a travar vários combates significativos, como em Paraibuna contra seus habitantes, contra os pretos do Arraial de Santa Barbara, e provável repressão em Diamantina e Mariana.[5] No fim do movimento toda a província de Minas Gerais se encontrava a favor da nova constituição. Ainda assim foram duramente reprimidos, não se sabendo ao certo o número de mortos, podendo haver mais de mil negros mortos.

Durante a revolta,iniciou-se no Brasil os conflitos que levaram a independência do país em relação a Portugal, fato ocorrido em 7 de setembro de 1822, no qual a revolta se dispersou, com os negros acreditando que com isso estariam finalmente livres da escravidão, o que não se concretizou.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. SILVA, Maria Aparecida de Morais (1998). Errantes do Fim do Século (PDF). São Paulo: FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP. p. 41 
  2. Donato, Hernâni (1996). Dicionário das batalhas brasileiras. [S.l.]: IBRASA 
  3. LOPES, Nei (2015). Dicionário escolar afro-brasileiro 2ª Ed. ed. São Paulo: Selo Negro. p. 99 
  4. MOURA, Clóvis (1981). Rebeliões da Senzala: Quilombos, Insurreições, GuerrilhasSão Paulo: Editora Anita Garibaldi, 2014. 5ª. edição. (PDF). São Paulo: LECH LIVRARIA EDITORA CIÊNCIAS HUMANAS LTDA. p. 71 
  5. MOURA, Clovis (2004). Dicionário da escravidão negra no Brasil. São Paulo: Editora da universidade de São Paulo. p. 50