Esqui estilo livre

Esqui estilo livre

Sequência de um salto acrobático
Federação desportiva mais alta Federação Internacional de Esqui
Jogado pela primeira vez década de 1960
Características
Equipamento Esqui
Presença
País ou região Estados Unidos
Olímpico desde Albertville 1992

Esqui estilo livre é uma modalidade de esqui caracterizada pela existência de saltos acrobáticos e descidas de montanha em velocidade. Originada do esqui alpino, começou a se organizar na década de 1960, entrando oficialmente para o programa dos Jogos Olímpicos de Inverno em 1992.

É dividida basicamente em seis provas. O Aerials é baseado apenas nos saltos. No Moguls e no Dual Moguls, além dos saltos, os esquiadores precisam descer uma rampa cheia de pequenos montes de neve, sendo que o Dual Moguls é um confronto direto entre dois esquiadores, que descem ao mesmo tempo. O Slopestyle e o Ski Cross são descidas de montanha em percursos longos, com obstáculos. O Halfpipe é um canal com características semelhantes aos do skate e do snowboard.

Os principais eventos da modalidade são o Campeonato Mundial, realizado a cada dois anos, e a Copa do Mundo, realizada anualmente, além dos Jogos Olímpicos, disputados a cada quatro anos.

História[editar | editar código-fonte]

O esqui estilo livre se originou do esqui alpino. Desde o início do século XX, esquiadores mais arrojados introduziam elementos acrobáticos às descidas de montanha. Com o desenvolvimento da modalidade, principalmente após a criação dos Jogos Olímpicos de Inverno, as acrobacias ficaram em segundo plano.[1]

Após a Segunda Guerra Mundial, esquiadores começaram a resgatar as acrobacias, mas o risco de lesões tornou necessário o estabelecimento de regras rígidas. Organizado a partir da década de 1960, o esqui estilo livre teve sua primeira competição oficial disputada em 1966 nos Estados Unidos. A Federação Internacional de Esqui criou a Copa do Mundo em 1980 e o Campeonato Mundial em 1986. A modalidade foi incluída no programa dos Jogos Olímpicos de Inverno em Calgary 1988, passando a fazer parte do programa oficial em Albertville 1992.[1][2]

Embora tenha um certo grau de risco, acidentes graves são raros no esqui estilo livre. O principal caso recente foi o de Sarah Burke, que faleceu aos 29 anos em 2012 após sofrer uma queda do halfpipe durante um treinamento nos Estados Unidos e ter uma parada cardíaca que causou danos irreversíveis ao cérebro.[3]

Modalidades[editar | editar código-fonte]

Aerials[editar | editar código-fonte]

É a modalidade baseada em saltos acrobáticos, que são avaliados de acordo com o grau de dificuldade, a altura e a distância alcançadas, o estilo, a execução e a precisão dos movimentos. A área de competição é composta por dois planos inclinados (o primeiro, de impulso, com angulação de 25º e comprimento de 70 metros e o segundo, de pouso, com 38º de inclinação e 25 metros de comprimento), separados por uma plataforma de salto (sem angulação e com 21 metros de comprimento). Há ainda uma área de desaceleração de 25 metros, paralela ao solo.[4][5]

A nota de cada salto é dividida em três partes: Ar (referente à altura e à distância adquiridas, com 20% de peso), Forma (estilo e execução, com peso de 50%) e Aterrissagem (precisão da chegada, com peso de 30%). O julgamento é feito por cinco árbitros, mas a maior e a menor nota são descartadas. As três restantes são somadas e multiplicadas pelo valor de dificuldade do salto (definido previamente), gerando a nota final.[4][6]

Moguls[editar | editar código-fonte]

Pista de Moguls.

Consiste de uma corrida em uma pista inclinada e cheia de moguls, pequenos montes de neve que exigem um grande esforço dos esquiadores, especialmente na articulação do joelho. Durante a descida, de cerca de 250 metros, os atletas devem executar dois saltos acrobáticos diferentes, obtendo impulso em plataformas posicionadas no meio da pista.[4][7]

Sete juízes avaliam a prova de cada esquiador, cuja pontuação total é composta por três itens. No Percurso (peso de 50%), os juízes avaliam a técnica de ataque aos moguls e a habilidade de encontrar o melhor caminho na descida. A nota de Ar (peso de 25%) refere-se aos saltos acrobáticos. O Tempo (peso de 25%) também é levado em conta na obtenção da nota final.[4][6]

Dual Moguls[editar | editar código-fonte]

A competição é um confronto direto entre dois esquiadores, que descem a pista ao mesmo tempo e são avaliados por cinco ou sete juízes (dependendo da competição). Cada juiz tem cinco pontos para distribuir entre os dois adversários, de acordo com sua análise da técnica e das habilidades de cada um. As pontuações podem ser 5-0, 4-1, 3-2, 2-3, 1-4 e 0-5, podendo, portanto, cada esquiador atingir 25 pontos em provas avaliadas por cinco juízes e 35 em provas avaliadas por sete juízes. Assim como na prova de Moguls, são avaliados a técnica, os saltos e o tempo. O Dual Moguls não faz parte do programa olímpico.[4][6]

Slopestyle[editar | editar código-fonte]

A pista da competição de Slopestyle deve ser composta por uma variedade de rampas, saltos, mesas e outros obstáculos, com mais de uma linha possível de ser escolhida pelos esquiadores. Com inclinação média de 12º e desnível vertical de 100 a 200 metros, a pista deve ser projetada de modo que a descida não dure menos de vinte segundos e que haja um mínimo de três tipos diferentes de obstáculos.[4]

Ski Cross[editar | editar código-fonte]

Competição de Ski Cross na França.

Semelhante ao snowboard cross, é uma descida de montanha em uma pista que varia de 900 a 1200 metros com desnível vertical de 180 a 250 metros. Em cada bateria quatro a seis esquiadores descem ao mesmo tempo, e os dois melhores se classificam para a fase seguinte. Todos devem usar coletes coloridos para facilitar a identificação (verde, vermelho, azul e amarelo, com a adição do branco e do preto em provas com seis participantes).[4]

Antes da primeira bateria, todos fazem uma descida cronometrada, um de cada vez, para formar o ranking que vai determinar a composição de cada bateria. A pista deve conter elementos com diferentes características, como saltos triplos e duplos, rampas, curvas inclinadas e lombadas.[4]

Ski Halfpipe[editar | editar código-fonte]

O halfpipe é um canal artificial construído na montanha, com comprimento total variando entre 100 e 140 metros e altura de 3,0 a 4,5 metros. A competição é composta por duas descidas de cada esquiador, com os melhores (seis ou doze, dependendo do total de participantes) classificando-se para a final. Em cada fase apenas a melhor nota obtida pelo esquiador é considerada. As descidas são avaliadas por cinco juízes e um árbitro geral.[4]

Equipamento[editar | editar código-fonte]

Não há equipamentos específicos para a prática do esqui estilo livre, devendo ser utilizados os mesmos equipamentos de outras modalidades do esporte. Além dos próprios esquis (que têm comprimentos diferentes de acordo com a prova) e dos bastões, são utilizados capacetes, óculos de proteção e roupa especial.[4][8]

Principais atletas[editar | editar código-fonte]

O esqui estilo livre, por ter eventos com características tão diversas, não possui atletas com histórico de domínio nas provas. A única esquiadora a conquistar mais de duas medalhas olímpicas é a norueguesa Kari Traa, que tem um ouro, uma prata e um bronze no Moguls.[9]

Principais eventos[editar | editar código-fonte]

  • Jogos Olímpicos de Inverno: presente no programa desde 1992 com a prova Moguls, teve o Aerials introduzido em 1994 e o Ski Cross em 2010. Halfpipe e Slopestyle farão suas estreias em 2014.[10][11]
  • Campeonato Mundial: realizado desde 1986, tem todas as seis modalidades e acontece atualmente nos anos ímpares.[12]
  • Copa do Mundo: realizada anualmente desde 1980, é dividida em várias etapas dá pontos para cada esquiador em cada prova, premiando os que conseguem mais pontos no geral.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b União de Esqui da Bielorrússia. «The history of Freestyle Skiing» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013 
  2. Federação Internacional de Esqui. «The Background on Freestyle Skiing» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original em 12 de outubro de 2013 
  3. USA Today. «Canadian freestyle skier Sarah Burke dies at 29» (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2013 
  4. a b c d e f g h i j Federação Internacional de Esqui. «Joint Regulations for Freestyle Skiing» (PDF) (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 12 de outubro de 2013 
  5. Federação Internacional de Esqui. «Aerial Site Specifications» (PDF) (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 12 de outubro de 2013 
  6. a b c Federação Internacional de Esqui. «Judging Handbook» (PDF) (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 12 de outubro de 2013 
  7. Federação Internacional de Esqui. «Mogul Course Specifications» (PDF) (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 12 de outubro de 2013 
  8. Comitê Olímpico Internacional. «Freestyle Skiing Equipment» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013 
  9. Sports Reference. «Freestyle Skiing» (em inglês). Consultado em 17 de outubro de 2013 
  10. Sports Reference. «Freestyle Skiing» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013 
  11. Comitê Olímpico Internacional. «IOC announces new events for Sochi 2014, shortlisted sports for 2020» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013 
  12. Federação Internacional de Esqui. «World Ski Championships» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original em 6 de dezembro de 2012 
  13. Federação Internacional de Esqui. «Results - Freestyle Skiing World Cup» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2013. Arquivado do original em 14 de janeiro de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Esqui estilo livre