Xangô

 Nota: Se procura a obra de Jô Soares, veja O Xangô de Baker Street. Se procura o álbum da banda Santana, veja Shangó (álbum).
Xangô
Xangô
Escultura representando Xangô
Badé
Orixá da justiça
Pais Torossi e Oraniã [1]
Cônjuges Obá, Iansã e Oxum[2]
instrumento oxê (machado com duas lâminas)
sincretismo São Pedro, São João e São Jerônimo na Umbanda
Vara de dança para devotos de Xangô, Nigéria.

Xangô (em iorubá: Ṣàngó) ou, na Bahia, Badé,[3] é o orixá da justiça, dos raios, do trovão e do fogo. Foi rei na cidade de Oió, identificado no jogo do merindilogum pelos odus obará e ejilaxeborá e representado material e imaterialmente no candomblé através do assentamento sagrado denominado ibá de Xangô. Pierre Verger dá, como resultado de suas pesquisas, que Xangô, como todos os outros imolês (orixás e eborás), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.

Origem[editar | editar código-fonte]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Xangô" é um termo procedente da língua iorubá.[3]

África[editar | editar código-fonte]

Como personagem histórico, Xangô teria sido o quarto alafim de Oió (rei). Ficou órfão de mãe muito cedo, não chegou a conhecer sua mãe, Torossi. Antes dele assumir o trono, o seu pai já havia sido o primeiro Rei. Logo depois veio o seu irmão, Dadá Ajacá, porém seu reinado foi mal sucedido. Após isso, o tutor de Xangô foi quem assumiu o trono, se tornando o terceiro Rei. Porém ele era um governante muito impiedoso, ruim, não gostava de crianças, era injusto e tinha péssimos planos para Oió. Por fim, o povo implorava para que ele fosse destronado ou que largasse esse posto, foi aí que Xangô tomou o trono e se tornou o quarto Rei. Todos comemoravam e pulavam de alegria. Xangô foi um Rei justíssimo, de caráter ímpar, tinha ótimos projetos para a sociedade, era muito elogiado por todos os cidadãos e, apesar de ser muito sério e carrancudo, ele era um ser muito bondoso. Xangô teve várias divindades como esposas, as mais conhecidas são: Oiá, Oxum e Obá.

Xangô é o orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera de xangô.

  • Sacerdote de Xangô - Mabá
  • Sacerdotisa de Xangô - Iamabá
  • Atabaque de Xangô - Ilubatá
  • Toque favorito - Alujá
  • Fruto favorito - orobô
  • Bichos - Acuncô, Agutã, Ajapá
  • Comida - Amalá

Ao se manifestar nos Candomblés, não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.

Xangô criador de Culto a egungum[editar | editar código-fonte]

Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã:

Brasil[editar | editar código-fonte]

Xangô foi o quarto[2] rei lendário de Oió, na Nigéria, tornado orixá de caráter muito justo, violento e vingativo, cuja manifestação são o fogo, os raios, os trovões. Filho de Oraniã e Torossi, teve várias esposas, sendo as mais conhecidas: Oiá, Oxum e Obá. Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes.

Escultura em madeira: Orixá do Trovão da Nigéria. Obra executada por Lamidi Olonade Fakeye (1928–2009)

Orixá do fogo e dos trovões, Xangô foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de egungum. Muitos orixás possuem relação com os egunguns mas ele é o único que, verdadeiramente, exerce poder sobre os mortos, egungum. Xangô é a roupa da morte, Axó Icu: por este motivo, não deve faltar nos ebós de Icu e Egum, o vermelho lhe pertencendo. Ao se manifestar nos candomblés, não deve faltar, em sua vestimenta, uma espécie de saieta de tiras chamada banté, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos eguns.

Xangô era forte, valente, destemido e justo. Era temido, e ao mesmo tempo adorado. Comportou-se em algumas vezes como tirano, devido a sua ânsia de poder, chegando até mesmo a destronar seu próprio irmão, para satisfazer seu desejo. Filho de Iamacê (Torossi) e de Oraniã, foi o regente mais poderoso do povo iorubá. Ele também tem uma ligação muito forte com as árvores e a natureza, vindo daí os objetos que ele mais aprecia, o pilão e a gamela; o pilão de Xangô deve ter duas bocas, que representam a livre passagem entre os mundos, sendo Xangô um ancestral (egungum). Da natureza, ele conseguiu profundos conhecimentos e poderes de feitiçaria, que somente eram usados quando necessário. Tem também uma forte ligação com Oxumarê, considerado por ele como seu fiel escudeiro.

Xangô costuma ser sincretizado com São Jerônimo, Santa Bárbara e São Miguel Arcanjo.[3]

As Qualidades de Xangô[editar | editar código-fonte]

As qualidades de Xangô são estas:

  • Dadá - Dàda é o nome iorubá dado às crianças que nascem com os cabelos encaracolados e que geralmente são consagrados ao Òrìṣà Baáyànnì (irmão do Orixá Xangô). Quando se fala de Dàda como irmão de Xangô, está se falando de Dàda Àjàká, irmão de Tẹ̀là Òkò, que foi o 2º Aláàfin Ọ̀yọ́. Dàda Àjàká não é um Òrìṣà, uma Divindade, foi apenas um rei, um ancestral. Possui culto, mas não é consagração em pessoas. Diferente de Baáyànnì, que é irmão de Xangô(Divindade) e também era a Divindade tutelar de Àjàká, por este ser Dàda (nascido com cabelos enrolados). Consagra-se pessoas para Baáyànnì e não para Dàda Àjàká. Que assim como Odùduwà, Ọ̀rànmíyàn e Aganjú em Ọ̀yọ́, cidade de origem dos mesmos, são considerados apenas reis míticos e “cultuados” por sua importância, mas não são considerados Òrìṣà que são consagrados em pessoas.
  • Assentamentos de Xangô e Obá no candomblé
    Afonjá - Afonjá, o balé (governante) da cidade de Ilorim. Afonjá era também Arê Oná Cacanfô, quer dizer líder do exército do império. Segundo a história de Oió, no início do século XIX, Oió era governada pelo rei Aolé, ele possuía aliados que eram espécies de Generais, que lhe davam todo o tipo de apoio mantendo assim o poder absoluto sobre o Reino Iorubá e os reinos anexados. Mas um dia um desses generais resolveu se rebelar contra Oió e se unir com os inimigos, esse general se chamava Afonjá que era conhecido como Cacanfô de Ilorim. Declarou-se independente de Oió. Com isso o Rei de Oió Aolé se envenenou para não ver o desmembramento do Império. Afonjá traiu o Império Iorubá, mas, quando, os rebeldes assumiram o poder, Afonjá foi decapitado em 1.823 pelo seu novo aliado. Este alegou que, se um homem traiu seu antigo rei, ele voltaria a trair tantos outros.
  • Obá Cossô - Título que Xangô recebe ao fundar a cidade de Cossô nos arredores de Oió, tornando-se seu Rei. Título dado também a Aganju, irmão gêmeo de Xangô quando de sua chegada em Oió foi aclamado como o Rei Não se Enforcou, Obá Cossô.
  • Obá Lubê - Título de Xangô que faz referência a todo o seu poder e riqueza, pode ser traduzido como Senhor Abastado.
  • Obá Irù ou Barù - Título dado a Xangô logo após chegar ao apogeu do império, quando cria o culto de egungum, é aclamado como a forma humana do Orixá primordial Jacutá sobre a terra, senhor dos raios, tempestades, do Sol e do fogo em todas as suas formas. Ele acaba por destruir a capital do Reino numa crise de cólera e depois arrependido, se suicida, adentrando na terra.
  • Obá Ajacá - Também intitulado Baiâni," O pai me escolheu ", que faz referência a ele por ser o filho mais velho de Oraniã, e ter por direito que assumir o trono, irmão mais velho de Xangô.
  • Obá Aganju - Aganju representa tudo que é explosivo, que não tem controle, ele é a personificação dos Vulcões.
  • Obá Ogodô - Muito velho , xangô dono do meji oxê ( machado duplo ) , muito ruim e vingativo, estrategista, é ligado a Iemanjá, e atua junto com oxum, tudo que Ogodô conquista é ao lado de Oxum, é titulado rei da cachoeira, ligado as águas , as montanhas e o fogo , xangô cujo é encantado, veste-se de dourado , marrom e branco, foi ele quem raptou Òba, carrega abèbé nas costas e dança ijexá.
  • Obá Jacutá - Jacutá, é a representação da justiça e da ira de Olorum, míticamente Xangô foi iniciado para este Orixá sendo considerado como a forma divina primordial do mesmo. Ele foi enviado em sua forma divina por Olorum para estabelecer a ordem e submeter Odudua e Oxalá aos planos da criação durante um momento de conflito entre as divindades. É o próprio Xangô.
  • Oranian - Ọ̀rànmíyàn, filho de Odùduwà, pai de Dàda Àjàká, Tẹ̀là Òkò e Aganjú Ṣọlá, foi o 1º Aláàfin Ọ̀yọ́, patriarca da dinastia Aláàfin, grande rei, ancestral de grande importância para o povo iorubá (de Ọ̀yọ́) e por isso cultuado como tal, mas não é um Òrìṣà que se consagra em pessoas, pelo menos em Ọ̀yọ́, cidade de origem do mesmo.
  • Airá (Aira Intile, Aira Igbonan, Aira Mofe) - Como já dito por Pierre Verger: “… Ao que parece, teriam vindo da região de Savé…”. E confirmado por outros autores iorubás, na verdade Airá cultuado no Brasil seria a Divindade Àrá, Divindade dos raios e trovões, cultuado em Ṣábẹ́. E grande confusão existe em relação a Airá/Ayra (cultuado no Brasil), que acredita-se que seja a Divindade Àrá de Ṣábẹ́, com Àrìrà, título de Xangô, encontrado em alguns de seus oríkì.10º “Intile” seria segundo alguns, o antigo nome de Ìtàsá, cidade qual Àrá era patrono.
  • Adjaosi - desconheço seu significado, pode ser que esteja associado ao culto de Àrá em alguma das regiões que o cultuam, pode ser que não… Espero através deste pequeno artigo, desmistificar confusões que ainda existe em relação à Xangô, seus títulos e suas “qualidades” no Candomblé (Brasil).

Elementos do culto[editar | editar código-fonte]

  • Saudação: Kawó-Kabiesilé (saudação é a forma com que os orixás são reverenciados) que significa: Saudações ao Rei! ou Salve o Rei!
  • Cores: Vermelho e Branco ou Vermelho e Marrom ou Marrom e Preto ou Marrom e Branco ou somente Marrom ou vermelho. As cores representam os Orixás, e podem variar segundo a linha religiosa;
  • Dia da Semana: Quarta-Feira;
  • Elementos: Fogo, Vulcões, Tempestades, Sol, Trovões, Terremotos, Raios, criador do Culto de egungum, senhor dos mortos, desertos e formações rochosas;
  • Elemento Livro: os livros representam Xangô porque este orixá está ligado as questões da razão, do conhecimento e do intelecto. Bem como a justiça e o direito;
  • Ferramenta: Oxê, machado duplo de duas lâminas laterais feito e esculpido em madeira ou metal;
  • Pedra: Edun Ara (Formações rochosas de diferentes tamanhos que se criam ao trovão atingir o solo)
  • (Pedra que se forma ao cair trovões na t;erra)
  • Domínios: Justiça, poder estatal, questões jurídicas, pedreiras;
  • Oferendas: Amalá, cágado, carneiro, e algumas vezes cabrito. Tem preferência por Orobô, mas não recusa Obi, como muitos imaginam;
  • Dança: Alujá, a roda de Xangô. São vários toques que falam de suas conquistas, seus feitos, suas mulheres e seu poder e domínio como Orixá.
  • Animais associados a Xangô: Cágado, Falcão, Águia, Carneiro e Leão.

Cuba[editar | editar código-fonte]

Xangô (Changó) é uma das deidades da religião iorubá. Na santería, sincretiza com Santo Antônio.

Resumo

Xangô é um dos mais populares orixás do panteão ioruba. É considerado orixá dos trovões, dos raios, da justiça, da virilidade, da dança e do fogo. Foi, em seu tempo, um rei tirano, guerreiro e bruxo, que, por equívoco, destruiu sua casa e a sua esposa e filhos e logo se converteu em orixá.

Orixá da justiça, da dança, da força viril, dos trovões, dos raios e do fogo, dono dos tambores Batá, Wemileres, Ilú Batá o Bembés, da festa e da música; representa a necessidade e a alegria de viver, a intensidade da vida, a beleza masculina, a paixão, a inteligência e as riquezas.

O orixá

Xangô é chamado Jacutá (o lançador de pedras) e Obacossô (rei de Cossô). Foi o quarto rei de Oió e também o primeiro awó, trocou o axé da adivinhação com Orumilá pelo da dança, é dono também dos tambores Batá, Wemileres, Ilú Batá o Bembés.

Família

Foi esposo de Obá, Oiá e Oxum. Foi filho de Obatalá e Agaiu Solá, mas em outros caminhos se registra como de Obatalá Ibaíbo e Iembô ou de Obatalá e Odudua, mas em todos os caminhos considera-se criado por Iemanjá e Dadá. Irmão do último, Ogum, Oxum, Eleguá e Oxóssi

Oferendas

As oferendas a Xangô incluem amalá, feito a base de farinha de milho, leite e quimbombó (quiabo), bananas verdes, banana indio, otí (água ardente), vinho tinto, milho tostado, cevada, alpiste, etc. Imola-se carneiros, galos, codornas, tartarugas, galinha de guiné, pombas, etc

Pataqui (Itã) de Xangô

Furioso com os seus descendentes ao saber que Ogum havia querido ter relações com sua própria mãe, Obatalá ordenou executar a todos os varões. Quando nasceu Xangô, Eleguá (seu irmão) levou-o escondido para sua irmã mais velha, Dadá, para que o criasse. Em pouco tempo, nasceu Orumilá, o outro irmão. Eleguá, também temeroso da ira de Obatalá, o enterrou ao pé de uma árvore e lhe levava comida todos os dias. O tempo passou e, um belo dia, Obatalá caiu enfermo. Eleguá buscou rápido a Xangô para que o curasse. Logo que o grande médico Xangô curou seu pai, Eleguá aproveitou a ocasião para implorar de Obatalá o perdão de Orumilá. Obatalá cedeu e concedeu o perdão. Xangô, cheio de alegria, cortou a árvore e, dela, entalhou um belo tabuleiro e junto com ele, deu, a seu irmão Orumilá, o dom da adivinhação. Desde então, Orumilá diz: "Maferefum (benção) Eleguá, maferefum Xangô, Elebará." Também pela mesma razão a equelê (moeda usada na Guiné Equatorial) de Orumilá leva, na soldadura, um fragmento do colar de Xangô (branco e vermelho) por uma ponta. Desde então, Orumilá é o adivinhador do futuro como intérprete do oráculo de Ifá, dono do tabuleiro e conselheiro dos homens.

Referências

  1. CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos. S/A. 1979. p. 44.
  2. a b CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos. S/A. 1979. p. 42.
  3. a b c FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 795.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]