Wilma Azevedo

Sessão de fotos de Wilma e sua submissa Karina em 1986. Karina não era uma parceira sexual de Wilma, as fotos foram tiradas para a sua coluna.

Edivina Azevedo (São José dos Campos, 1940), mais conhecida como Wilma Azevedo, foi uma jornalista conhecida por escrever colunas picantes para as revistas Ele & Ela e Clube dos Homens. Ela também publicou seus contos eróticos em 1986 A Vênus de Cetim: O sadomasoquismo no Brasil, considerado o primeiro livro sobre BDSM do Brasil.[1]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Casou-se com um homem dez anos mais velho em 1958 e teve dois filhos. Seu marido era acamado por causa de um AVC e eventualmente morreu. Uma de suas filhas morreu por causa de um câncer de coração.[2][3] Ela tinha problemas no casamento, e seu marido a traiu com a empregada, uma criança de 12 anos.[3]

Foi irmã de Sebastião Teodoro Azevedo, ex-vereador de São José dos Campos.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Edivina começou a escrever seus contos para jornais de São José dos Campos nos anos 60, por causa da condição debilitada de seu marido. Foi nesta époa que adotou o pseudônimo de Wilma.[2][3]

Nos anos 70, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde escrevia textos para a revista Amiga. Nessa época, conheceu o sadomasoquismo enquanto trabalhava como secretária para um clube e um cliente, que ela futuramente chamaria de Cosam Atsidas,[nota 1] perguntou se ele poderia realizar a prática no estabelecimento. O clube foi fechado pela polícia, mas ela manteve contato com o homem e aceitou ter relações com ele como dominadora para ter material para sua coluna. Em 1983, passou a escrever para a revista pornográfia Ele & Ela. O sucesso de suas publicações fez com que surgisse a primeira revista voltada para os praticantes de BDSM. A publicação dos contos eróticos fez que surgisse uma rede de BDSM em sua volta.[3]

Entre os anos 1980 e 2000, Azevedo foi conhecida como rainha do sadomasoquismo no Brasil e chegou a ter 30 submissos, incluindo o cartunista Henfil, da revista Pasquim. Ela deixou de praticar nos anos 2010 por se converter para a Igreja Universal do Reino de Deus, mas eventualmente saiu da igreja.[3]

Obra[editar | editar código-fonte]

Wilma é a precurssora do chamado sadomasoquismo erótico, e publicou muitas das suas histórias em formatos de livros. Apesar do teor autobiográfico de suas histórias, a maior parte delas eram ficção. Ela também publicava histórias enviadas por seus leitores. Diferente de Glauco Mattoso, ela não era reconhecida fora da cena de BDSM.[2] Em 1986, publicou seu primeiro livro, A Vênus de Setim, que, de acordo com a autora, é similar em temática com o livro 50 Tons de Cinza.[1][3] Entre seus livros, estão A Verdadeira História de Wilma Azevedo, Tormentos Deliciosos e Sadomasoquismo Sem Medo.[3] O e-book revisado da Vênus de Setim foi republicada novamente em 2023 por iniciativa da jornalista Fernanda Bonfim.[3]

Ela foi retratada no documentário Vil, Má, de Gustavo Vinagre, que passou no Festival de Berlim em 2020.[3]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. "Sadista Masoc[quista] ao contrário"

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Luiza Pastor (5 de novembro de 2023). «História do fetiche no Brasil é resgatada em livro de uma ex-dominatrix de 83 anos». Folha de S.Paulo. Consultado em 8 de novembro de 2023. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2023 
  2. a b c Facchini, Regina; Machado, Sarah Rossetti (agosto de 2013). «"Praticamos SM, repudiamos agressão": classificações, redes e organização comunitária em torno do BDSM no contexto brasileiro». Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro): 195–228. ISSN 1984-6487. doi:10.1590/S1984-64872013000200014. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  3. a b c d e f g h i j Tiago Dias (18 de dezembro de 2020). «'Rainha não, deusa suprema': memórias de uma ex-sadomasoquista de 80 anos». Tab. Consultado em 8 de novembro de 2023. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2023