Wesley Duke Lee

Wesley Duke Lee
Wesley Duke Lee
Foto:© Otto Stupakoff
Nome completo Wesley Duke Lee
Nascimento 21 de dezembro de 1931
São Paulo, SP
Morte 12 de setembro de 2010 (78 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Ocupação artista plástico

Wesley Duke Lee (São Paulo, 21 de dezembro de 1931 – São Paulo, 12 de setembro de 2010) foi um artista plástico brasileiro.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de William Bowman Lee Jr, descendente de uma família do sul dos Estados Unidos, e de Odila de Oliveira Lee, filha de portugueses do Douro e Beira Alta,[2] Wesley inicia seus estudos no curso de desenho livre do MASP, em 1951. No ano seguinte, embarca para Nova York, onde estuda na Parsons School of Design e no American Institute of Graphic Arts até 1955 e entra em contato com a obra de Robert Rauschenberg, Jasper Johns Cy Twombly e com a pop art em geral. De volta ao Brasil, abandona a carreira publicitária e estuda pintura com o italiano Karl Plattner, que então vivia no Brasil. Acompanha-o à Itália e à Áustria até 1960. Também viaja a Paris, onde tem aulas na Académie de la Grande Chaumière e no ateliê de Johnny Friedlaender.

Novamente retorna ao Brasil, em 1963. Ousado e polêmico, inicia um trabalho com jovens artistas e realiza, em 23 de outubro do mesmo ano, no João Sebastião Bar, em São Paulo, O Grande Espetáculo das Artes, um dos primeiros happenings do Brasil. Com Maria Cecília Gismondi, Bernardo Cid, Otto Stupakoff e Pedro Manuel-Gismondi, entre outros, procura formar um grupo dedicado ao Realismo Mágico. Participou também, em 1966, da fundação do Grupo Rex, com Geraldo de Barros, Nelson Leirner, José Resende, Carlos Fajardo e Frederico Nasser. A iniciativa, uma reação combativa e bem-humorada ao mercado de artes na década de 1960, perdurou até 1967, desdobrou-se no espaço alternativo Rex Gallery & Sons e no jornal Rex Time. Desenhista, gravador, pintor e professor, Wesley Duke Lee foi um dos introdutores da Nova Figuração no Brasil.[3][4]

Entre 1964 e 1966, a convite de Walter Zanini, primeiro diretor do MAC-USP, participa, juntamente com Bin Kondo, Fernando Odriozola e Yo Yoshitome, do Phases, movimento artístico surgido na França, a partir do surrealismo.[5]

Em 1964, foi um dos primeiros voluntários para testes sobre os efeitos do LSD, numa clínica em São Paulo. Tomava o ácido e se trancava numa sala para desenhar. Essa experiência resultou nas séries Lisérgica e Da Formação de um Povo, ambas dotadas de forte carga política contra o regime militar que se instalava no país.[6] Em entrevista cedida ao Museu da Pessoa, ele afirma:

"Eu menino ouvi dizer do meu avô que 'pintura é ferramenta do Diabo' [...] E ele tinha razão, né? A arte arrebenta com o dogma, seja ele qual for. Por isso que os artistas são sistematicamente perseguidos por qualquer grande movimento dogmático que apareceu. Os artistas serão crucificados porque eles atrapalham a implantação do dogma."[7]

Nos anos 1980, trabalhou no Centro de Reprodução Xerox, em Nova York, incorporando fotocópia, Polaroid, vídeo e computação gráfica ao seu trabalho. Duke Lee teve trabalhos expostos na 44ª Bienal de Veneza e na 8ª Bienal de Tóquio. Dizia-se influenciado pelo movimento dadaísta, pela pop art e pela publicidade.[8]

O artista expôs em São Paulo pela última vez em 2006. Sofria, desde 2007, do Mal de Alzheimer e faleceu em 12 de setembro de 2010, aos 78 anos de idade, vítima de complicações respiratórias decorrentes de sua doença. No dia de sua morte, realizava-se no Rio de Janeiro uma exposição retrospectiva da sua carreira.

Exposições Individuais[editar | editar código-fonte]

  • 1961 - São Paulo SP – Individual, na Galeria Sistina
  • 1962 - São Paulo SP – Individual, na Galeria Michel
  • 1963 -
    • Milão (Itália) – Individual, na Galeria Sistina
    • São Paulo SP – Wesley Realista Mágico apresenta A Exposição, no João Sebastião Bar (primeiro happening no Brasil)
  • 1964 -
    • Rio de Janeiro RJ – Wesley: têmperas e desenhos, na Petite Galerie
    • São Paulo SP – Pau Brasil, na Galeria Atrium
    • Viena (Áustria) – Individual, na Nebehay Gallery
  • 1965 -
    • São Paulo SP – W.D.Lee, na Seta Galeria de Arte
    • Tóquio (Japão) – Wesley Duke Lee Exhibition, na Tokio Gallery
  • 1968 - São Paulo SP – A Zona – Considerações: retrato de Assis Chateaubriand, no MAC/USP
  • 1970 - São Paulo SP – Iconografia Botânica, na Galeria Ralph Camargo
  • 1972 - São Paulo SP – Wesley Duke Lee: três livros de gravuras e um caderno de desenho, no Masp
  • 1975 - Exposição de desenhos realizados para o Relatório Anual para as Financeiras Itaú
  • 1976 -
    • São Paulo SP – As Sombra Ações, na Galeria Luisa Strina
    • São Paulo SP – Individual, na Galeria Luisa Strina
  • 1977 -
    • São Paulo SP – Individual, na Galeria Luisa Strina
    • São Paulo SP – Wesley expõe Caligrafias, Ideogramas, etc., na Galeria Luisa Strina
  • 1978 -
    • Rio de Janeiro RJ – Wesley expõe Caligrafias, Ideogramas etc, na Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt
    • São Paulo SP – Minha Viagem à Grécia no Helicóptero de Leonardo da Vinci, no Masp
  • 1979 -
    • Rio de Janeiro RJ – Série Papéis, na Bolsa de Valores de São Paulo
    • São Paulo SP – Série Papéis, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
    • São Paulo SP – Série Papéis, na Galeria Luisa Strina
  • 1980 -
    • Porto Alegre RS – Mapas, na Galeria Salamandra
    • Ribeirão Preto SP – Papéis, na Casa da Cultura de Ribeirão Preto
    • São Paulo SP – Cartografia Anímica, na Galeria Luisa Strina
    • São Paulo SP – Obra-Prima do Masp, no Centro Campestre Sesc
  • 1981 - São Paulo SP – Indvidual, na Paulo Figueiredo Galeria de Arte
  • 1986 - São Paulo SP – O Triumpho de Maximiliano I, no Escritório de Arte São Paulo
  • 1991 - São Paulo SP – Os Trabalhos de Eros: preparação para a anunciação da era do filho, na Kate Art Gallery
  • 1992 - São Paulo SP – Retrospectiva Wesley Duke Lee, no Masp
  • 1993 - Rio de Janeiro RJ – Retrospectiva Wesley Duke Lee, no CCBB
  • 1999 -
    • São Paulo SP – O Filiarcado, ensaio alquímico com jogos infantis. Albedo, no Escritório de Arte São Paulo
    • São Paulo SP – O Filiarcado, ensaio alquímico com jogos infantis. Rubedo, no Escritório de Arte São Paulo
  • 2000 - São Paulo SP – O Filiarcado, ensaio alquímico com jogos infantis. Nigredo, no Escritório de Arte São Paulo
  • 2004 - São Paulo SP – Tudo é Desenho, no CCSP
  • 2005 - São Paulo SP – Wesley Duke Lee: duas séries inéditas dos anos 60, na Pinacoteca do Estado
  • 2006 - São Paulo SP – Individual, na Valu Oria Galeria de Arte

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Artista plástico Wesley Duke Lee morre aos 78 anos em São Paulo Folha de S.Paulo. Acesso em 13 de setembro de 2010.
  2. COSTA, Cacilda Teixeira da. Wesley Duke Lee - Um Salmão na Corrente Taciturna. EDUSP/Alameda, 2005. ISBN 85-9832-510-4. Monografia compreensiva sobre a vida e a obra do artista.
  3. A propósito de Wesley Duke Lee e seus diletos amigos[ligação inativa], por Max Perlingeiro.
  4. Enciclopédia Itaú Cultural
  5. Arte no século XX/XXI. Grupo Austral do Movimento Phases[ligação inativa], por Daisy Peccinini.
  6. O Retorno do Dândi Wesley Duke Lee, por José Antônio. Revista Bravo!.
  7. «Museu da Pessoa - Wesley Duke Lee». Consultado em 28 de maio de 2023  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  8. Morre em São Paulo o artista plástico Wesley Duke Lee. G1, 13 de setembro de 2010.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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