Victor Cunha Rego

Victor Cunha Rego
Nome completo Victor José Costa da Cunha Rego
Nascimento 30 de agosto de 1933
Oeiras
Morte 11 de janeiro de 2000 (66 anos)
Lisboa
Nacionalidade Português
Cônjuge Maria Helena Tavares Coelho

Ivonne Felman (2 filhos)
Zuleika Schmidt de Camargo

Ocupação Jornalista e diplomata

Victor José Costa da Cunha Rego GOL (Oeiras, Oeiras e São Julião da Barra, 30 de agosto de 1933Lisboa, 11 de janeiro de 2000) foi um jornalista [1][2] e diplomata[3] português.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de José Pedroso da Cunha Rego, 14.º neto do 1.º Visconde de Vila Nova de Cerveira, e de sua mulher Maria de Lourdes Antunes de Carvalho e Costa, trineta do 1.º Visconde de Faro, filho de mãe espanhola e de sua primeira mulher, neta paterna dum holandês, sobrinho-trineto do 1.º Barão da Senhora da Vitória da Batalha, neto materno duma britânica, e duas vezes sobrinho-tetraneto do 1.º Barão de Faro.

Jornalista marcante da vida política portuguesa, era licenciado em Direito, pela Universidade de Grenoble.

Aos 23 anos ingressou na redacção do Diário Ilustrado[4] iniciado em 1956. A censura do Estado Novo motivou a sua ida para o Brasil em 1956, fixando-se em São Paulo. Foi editor do jornal O Estado de S. Paulo, de 1958 a 1961,[5], chefiou o serviço internacional no extinto Última Hora a redacção da Folha de S. Paulo, de 1968 a 1973.[3]. Ainda no Brasil produziu e escreveu o argumento do filme Meninos do Tietê, em 1962[6], tendo responsabilidades semelhantes no documentário televisivo de "Francisco Sá Carneiro" (RTP, 1981).[7]

Casou-se com Maria Helena Tavares Coelho (1956), com quem parte para o exílio.

Casou em segundas núpcias com Ivonne Felman (1937), Directora da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, da qual teve dois filhos.

Dentre os portugueses exilados, Victor Cunha Rêgo é dos poucos a dispor de tribuna própria em grandes diários brasileiros - como o Estadão e a Folha, de onde pode comentar livremente os acontecimentos do mundo e, em especial, os portugueses. A crítica inflexível ao regime e à figura e ao regime de Salazar, o apoio à descolonização e aos nacionalismos africanos de Angola, Moçambique e Guiné e o apoio à nova política externa brasileira de Jânio Quadros constituem alguns dos traços dominantes, expressos em prosa contundente, por vezes polêmica.[8]

Entre 1964 e 1968, após o golpe militar que instalou a ditadura brasileira, exilou-se sucessivamente na Argélia, na Jugoslávia e na Itália, antes de voltar, uma vez mais , a terras brasileiras, de onde só sairia para regressar a Portugal em 1974, após a Revolução dos Cravos.

Foi militante da Resistência Republicana e Socialista e da Acção Socialista Portuguesa[9], participando, dessa forma, na fundação do Partido Socialista[10] no dia 19 de abril de 1973. Foi Chefe de Gabinete de Mário Soares, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros dos I, II e III Governos Provisórios. Em 23 de julho de 1976 foi nomeado Secretário de Estado adjunto do Primeiro-Ministro.[11] Exerceu funções na Embaixada de Portugal em Espanha de 1977 a 1980.

A editora Perspectivas & Realidades, hoje propriedade de João Soares, foi constituída em 24 de setembro de 1975, com um capital de 300 contos dividido em partes iguais entre João Soares e Victor Cunha Rego. Era inicialmente co-dirigida por Bernardino Gomes e Ivone Felman, sendo o seu primeiro lançamento O Triunfo dos Porcos, de George Orwell. Nos anos que se seguiram, a editora acabou por se transformar essencialmente na editora dos livros dos principais dirigentes do Partido Socialista, com destaque para os de Mário Soares.[12]

Em 1976, Victor Cunha Rego e Friedhelm Merz publicaram "Liberdade para Portugal".[13]

Autor de populares crónicas diárias, foi director do Diário de Notícias (com Mário Mesquita como adjunto)[14] entre 1975 e 1976, chegando a trabalhar também no jornal A Tarde.

Na década de 1980 veio a aproximar-se do projecto da AD, liderado por Francisco Sá Carneiro. Foi presidente da Radiotelevisão Portuguesa, entre fevereiro e julho de 1980.[15]

Apoiou a candidatura do general Soares Carneiro à Presidência da República e, formado o Governo do Bloco Central, a tendência de Marcelo Rebelo de Sousa, «Nova Esperança», criada no interior do PSD, deu origem ao nascimento do jornal Semanário, que foi dirigido por Cunha Rego, até 1991.[16]

Em 1994, foi um dos principais impulsionadores do Congresso «Portugal, que Futuro?», e em 1997 integrou o movimento «Portugal Único» contra a regionalização. Ainda em 1997, recebeu o Prémio da Imprensa de Jornalismo.

Em 1999 foi ao ar telenovela "A Lenda da Garça" da sua autoria, escrita por Paula Mascarenhas, uma produção NBP exibida na RTP1.[17]

Dedicando o último ano de sua vida à criação do livro "Os Dias de Amanhã"[18], no dia 11 de janeiro de 2000, aos 66 anos, o intelectual português veio a falecer de cancro no pulmão, em Lisboa.[19]

Após sua morte, no docudrama "Sá Carneiro: Força de Viver", lançado em 5 de dezembro de 2005, o ator Luís Soveral interpretou o jornalista.[20]

Condecorações[21][3][editar | editar código-fonte]

Victor Cunha Rego era possuidor de várias condecorações:

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Casou pela primeira vez com Maria Helena Tavares Coelho, do qual teve uma filha, Maria Nazareth Coelho Cunha Rego, que teve morte prematura.

Após o divórcio casou-se com Ivonne Felman e teve dois filhos, Victor Felman da Cunha Rego e André Felman da Cunha Rego. Teve também um terceiro filho, Pedro Miguel de Camargo da Cunha Rego com a professora universitária Zuleika Schmidt de Camargo do Brasil.

O Prémio Nacional Cidade de Gaia tem sua categoria de Jornalismo e Comunicação nomeada de 'Prémio Victor Cunha Rego'. O vencedor da primeira edição em 2007 foi o jornalista Miguel Sousa Tavares, que ao recebe-lo disse: "(Victor) foi um príncipe do jornalismo. Era uma das pessoas que mais admirava em Portugal e sinto a falta do seu pensamento, da sua escrita e luminosidade. Lá, onde ele esteja, tenho a presunção de achar que ia gostar de saber que eu ganhei este prémio com o seu nome."[22]

Nomeada em homenagem ao jornalista, a Rua Victor Cunha Rego (antiga Rua C perto da Avenida 4) situa-se na Freguesia do Lumiar, em Lisboa[23].

Referências

  1. "A Luta na Imigração dos Antifacistas Portugueses Contra a Ditadura e o Colonialismo", MIGUEL URBANO RODRIGUES, Cultura, 25 de Abril de 2009
  2. "Seleção Natural” – Ensaios de Cultura e Política", Otavio Frias Filho, Publifolha 2009
  3. a b c http://www.toureio.com/mm/barra1/outros/literatura_taurina/artigo7.html tal qual visitado em 26 de dezembro de 2009
  4. Diário Ilustrado (1956-) cópia digital, Hemeroteca Digital
  5. "Foi o Estado de S. Paulo quem deu então uma mão solidária a vários profissionais exilados da imprensa portuguesa (...) Nomes como Vítor Cunha Rego (...) puderam encontrar no Estadão um apoio essencial", Francisco Seixas da Costa, http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080831/not_imp233622,0.php , visitado em 26 de dezembro de 2009
  6. documentário "Meninos do Tietê" dirigido por MAURICE CAPOVILLA http://www.contracampo.com.br/39/quemfaz.htm , 26 de dezembro de 2006
  7. http://www.ciberduvidas.com/antologia.php?rid=738 , com visita em 26 de dezembro de 2009
  8. "Victor Cunha Rego – o precurso brasileiro", MÁRIO MESQUITA para o Observatório da Imprensa, copyright Público, 2/05/04
  9. http://psbaiao.com/public_html/index.php?option=com_content&task=view&id=28&Itemid= conforme visitado em 26 de dezembro de 2009
  10. membros fundadores do Partido Socialista: http://www.ps.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=71&Itemid=38#1 , como acessado em 26 de dezembro de 2009
  11. http://pt.legislacao.org/primeira-serie/decreto-n-o-603-c-76-primeiroministro-comunicacao-social-adjunto-46228 visitado em 26 de dezembro de 2009
  12. http://www.aventar.eu/tag/mario-soares/ "Contos proibidos: Memórias de um PS desconhecido. A editora «Perspectivas & Realidades» e a resistência ao Partido Comunista", por Ricardo Santos Pinto, visitado em 26 de dezembro de 2009
  13. Com a colaboração de Mário Soares, Willy Brandt e Bruno Kreisky, pela editora Livraria Bertrand em 1976. Edição original alemã: "Freiheit für den Sieger", Zurique, 1976
  14. http://www.jornalistas.online.pt/imprimir.asp?id=456&idcanal=316, tal qual visitado em 26 de dezembro de 2009
  15. http://ww2.rtp.pt/50anos/50Anos/Livro/DecadaDe80/RTPNaIdadeDaCor/Pag5, RTP - 50 anos de história, visitado em 13 de julho de 2014
  16. http://www.jornalistas.online.pt/imprimir.asp?id=456&idcanal=316, CONSAGRAÇÃO DE CARREIRA, visitado em 26 de dezembro de 2009
  17. http://programas.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=16126&e_id=14&c_id=1&dif=tv&hora=14:10&dia=17-02-2005 , visitado em 26 de dezembro de 2009
  18. OS DIAS DE AMANHÃ, Victor Cunha Rego B., 336 p., 15*23,5 cm, CONTEXTO Editora, Lisboa 1999
  19. http://veja.abril.com.br/190100/datas.html, visitado em 26 de dezembro de 2009
  20. http://www.imdb.com/title/tt1565048/ Sá Carneiro: Força de Viver (2005) (TV), IMDB
  21. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Vítor José Costa da Cunha Rego". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de outubro de 2015 
  22. http://www.luisfilipemenezes.com/2007/06/30/miguel-sousa-tavares-vence-premio-victor-cunha-rego/, visitado em 26 de dezembro de 2009
  23. Tal qual busca realizada no diretório de ruas http://www.toponimia.cm-lisboa.pt, visitado em 26 de dezembro de 2009

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