Universo compartilhado

Um universo compartilhado ou mundo compartilhado é um conjunto de trabalhos criativos onde mais de um escritor (ou outro artista) contribui de forma independente com um trabalho que mesmo sendo independente, se encaixa no desenvolvimento conjunto do enredo, dos personagens ou do mundo no projeto completo. É comum em gêneros como ficção científica.[1]

Isso difere de escrita colaborativa, onde vários artistas estão trabalhando juntos no mesmo trabalho e de crossover, onde as obras e os personagens são independentes, exceto por uma única reunião.

O termo "universo compartilhado" também é usado nas histórias em quadrinhos para refletir o ambiente geral criado pelo editor de quadrinhos em que personagens, eventos e premissas de uma linha de produtos aparecem em outras linhas de produtos numa franquia de mídia.

O termo também tem sido usado num sentido mais amplo, não-literário, para transmitir o caráter interdisciplinar[2] ou social,[3] muitas vezes no contexto de um "universo compartilhado de discurso".[4]

Definições[editar | editar código-fonte]

A ficção, em alguns meios de comunicação, como a maioria dos programas de televisão e muitas histórias em quadrinhos, exige a contribuição de vários autores, mas nem por isso cria um universo compartilhado e é considerada apenas uma forma de arte colaborativa. As aparições casuais, como a de d'Artagnan, em Cyrano de Bergerac, são consideradas cameos literários. Interações mais substanciais entre personagens de diferentes fontes são muitas vezes comercializadas como um crossover. Embora os crossovers ocorram num universo compartilhado, nem todos se destinam a mesclar os enredos de suas histórias e em vez disso, são utilizadas para marketing, paródia ou para explorar "histórias alternativas".[5][6]

Pode tornar-se difícil para os escritores que contribuem para um universo compartilhado manter a consistência e evitar contradizer detalhes em trabalhos anteriores, especialmente quando um universo compartilhado cresce para ser muito grande. A versão considerada "oficial" pelo autor ou empresa que controla o cenário é conhecida como cânone. Nem todos os universos compartilhados têm uma entidade controladora capaz ou interessada em determinar a canonicidade e nem todos os fãs concordam com essas determinações, quando elas ocorrem.[7] Um ‘‘fanon’’, em vez disso, pode encontrar algum grau de consenso no fandom do cenário.[8]

Alguns autores, num esforço para garantir que um cânone pode ser estabelecido e para manter os detalhes do cenário críveis, empregam ferramentas para corrigir as contradições e erros que resultam de vários colaboradores que trabalharam por um longo período de tempo. Uma dessas ferramentas é a continuidade retroativa (em inglês: retcon, retroactive continuity), que elimina erros de continuidade que surgiram através de material conflitante anteriormente escrito.[9]

Os leitores também podem se opor quando uma história ou série é integrada a um universo compartilhado, sentindo que "os fãs de um herói precisam comprar títulos de outros heróis".[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Lista de universos cinematográficos[editar | editar código-fonte]


Referências

  1. Nielsen, Jakob (1995). Multimedia and Hypertext: The Internet and Beyond. [S.l.]: Morgan Kaufmann. pp. 120–. ISBN 978-0-12-518408-3. Consultado em 5 de agosto de 2015 
  2. Smith, Harvey L. (janeiro de 1958). «Contingencies of Professional Differentiation». The American Journal of Sociology. 63 (4): 410. doi:10.1086/222264 
  3. Tannen, Deborah (1987). «Repetition in Conversation: Toward a Poetics of Talk». Language, Vol. 63, No. 3. Language. 63 (63): 574–605. JSTOR 415006. doi:10.2307/415006 
  4. Blumenthal, David R. (1993). Facing the Abusing God: A Theology of Protest. [S.l.]: Westminster John Knox Press. pp. 34–. ISBN 978-0-664-25464-3. Consultado em 5 de agosto de 2015 
  5. Reynolds, Richard (março de 1994). Super Heroes: A Modern Mythology. [S.l.]: University Press of Mississippi. ISBN 978-0-87805-694-1 
  6. Magnussen, Anne and Hans-christian Christiansen, eds. (abril de 2000). Comics & Culture: analytical and theoretical approaches to comics. [S.l.]: Museum Tusculanum Press. ISBN 978-87-7289-580-2 
  7. Pustz, Matthew (1999). Comic Book Culture: Fanboys and True Believers. [S.l.]: University Press of Mississippi 
  8. Moore, Rebecca C. (abril de 2005). «All Shapes of Hunger: Teenagers and Fanfiction». Voya 
  9. Jones, Nick (fevereiro de 2002). «Retcon Tricks». Star Trek Monthly Magazine: 18–21 
  10. Burt, Stephen (inverno de 2005). «"Blown To Atoms or Reshaped At Will": Recent Books About Comics». College Literature. 32: 166. doi:10.1353/lit.2005.0004