UAM Creoula (UAM201)

Creoula
UAM Creoula (UAM201)
UAM Creoula no Tejo em 2006
   Bandeira da marinha que serviu
Construção Estaleiros CUF (Lisboa)
Lançamento 10 de maio de 1937
Porto de registro Lisboa
Indicativo visual UAM 201
Período de serviço 1937 - atualidade
Características gerais
Tipo de navio Lugre quatro mastros
Classe Creoula
Deslocamento 665 t
Comprimento 67,4 m
Boca 9,90 m
Pontal 5,94 m
Calado 4,10 m
Propulsão Velame com 1364 m2 de área
Motor de 480 cv
Velocidade 6 nó (unidade) (a motor)

O NRP Creoula,[1] também referido como UAM Creoula ou NTM Creoula é um navio de instrução da Marinha Portuguesa. Juntamente com outros três lugres ex-bacalhoeiros - o "Santa Maria Manuela", o "Argus" e o "Gazela" - é um dos últimos sobreviventes da chamada "Frota Branca Portuguesa".

História[editar | editar código-fonte]

Foi construído, juntamente com o navio-gémeo, o "Santa Maria Manuela", nos estaleiros da AGPL - Administração Geral do Porto de Lisboa então concessionados à Companhia União Fabril, em Lisboa, por encomenda da Parceria Geral de Pescarias Lda..[2] Num tempo recorde à época de 67 dias úteis, foi lançado ao Tejo a 10 de maio de 1937, tendo feito a sua primeira campanha de pesca nesse mesmo ano. Em 1939, nos Países Baixos, foi construída uma terceira unidade semelhante, a cujo projecto foram introduzidas modificações resultantes da experiência obtida com a operação do CREOULA em 1937 e 1938, o "Argus",[3]

O "Creoula" foi utilizado pela Parceria Geral entre 1937 e 1973, nas campanhas de pesca do bacalhau ao largo da Terra Nova e Gronelândia.

Em 1979 o navio foi adquirido à Parceria Geral de Pescarias pela Secretaria de Estado das Pescas, visando ser preservado como um museu da pesca. Entretanto, quando docado, o exame do casco revelou que este se apresentava em ótimas condições, pelo que se deliberou que a embarcação voltaria a navegar, agora como navio de treino de mar (NTM).

Entregue à Marinha Portuguesa em 1985, é um dos poucos grandes veleiros europeus que conta com uma guarnição mista, militar e civil.[4] É operado como Navio de Treino de Mar (NTM), estando classificado como Unidade Auxiliar da Marinha (UAM).

Características[editar | editar código-fonte]

É um lugre de quatro mastros, destinado originalmente à navegação nos mares gelados da Terra Nova e da Gronelândia. Por essa razão, as obras-vivas à vante, nomeadamente a roda de proa, tiveram construção reforçada.

Até à sua última campanha de pesca, em 1973, possuía mastaréus, retrancas e caranguejas em madeira. O gurupés ("pau da bujarrona"), também em madeira, deixou de existir em 1959, passando o navio a dispor apenas de duas velas de proa: a giba e a polaca. O mastro de vante (traquete) servia de chaminé à caldeirinha e ao fogão a carvão.[5]

As velas originais eram de lona de algodão,[6] possuindo o navio duas andainas de pano, manufacturadas pelos próprios marinheiros de bordo. O pano latino era de lona de algodão n° 2, o velacho (redondo) em lona de algodão n° 4 e as extênsulas de algodão n° 7, o mais resistente. As tralhas das velas eram em cabo de manila. O aparelho fixo era em aço, mas o de laborar era originalmente em sisal.

O actual espaço entre a zona da coberta de vante (coberta das praças) e a casa das máquinas, era originalmente o porão do pescado, em cujos duplos fundos se fazia a aguada do navio. O navio estava assim dividido em três grandes secções separadas por duas anteparas estanques que delimitavam, à vante e à ré, o porão do pescado. À vante do porão ficavam os alojamentos dos pescadores, o paiol de mantimentos e as câmaras frigoríficas para o isco; à ré localizavam-se os alojamentos dos oficiais, a casa das máquinas, os tanques do combustível, o paiol do pano e aprestos de pesca. A embarcação possuía ainda nos delgados de vante e de ré vários piques utilizados como reserva de aguada, armazenamento de óleo de fígado, carvão de pedra para o fogão e óleos lubrificantes.

Todo o interior do navio era revestido a madeira de boa qualidade, e o porão calafetado para evitar o contacto da salmoura com o ferro.

Comandantes[editar | editar código-fonte]

NRP Creoula.
NRP Creoula na barra do porto de Vila do Porto, ilha de Santa Maria.

Desde que está a ser operado pela Marinha Portuguesa, o "Creoula" foi comandado por:

- Comandante CMG da Silva Dias, entre 1987 1992,

- Comandante CFR de Sá Leal, entre 1993 e 1996,

- Comandante CFR Sajara Madeira, entre 1997 e 1999,

- Comandante CFR Leal de Faria, entre 1999 e 2001,

- Comandante CFR Cota Fevereiro , entre 2001 e 2002,

- Comandante CTEN Martins da Cruz, entre 2003 e 2006,

- Comandante CFR João da Silva Ramos, entre 2006 e 2010,

- Comandante CFR Nuno Cornélio da Silva, entre 2010 e 2012,

- Comandante CFR da Cruz Martins, entre 2012 e 2015,

- Comandante CFR Carvalho de Oliveira, entre 2015 e 2017,

- Comandante CFR Sousa Rodrigues, entre 2017 e 2020, e

- Comandante CTEN Robalo Franco, desde 2020.

Notas

  1. Cf. NRP Creoula Arquivado em 24 de julho de 2010, no Wayback Machine. in Marinha.pt Consultado em 17 Jul 2011.
  2. Empresa cujo nome está ligado ao nome de outra conhecida unidade da Marinha Portuguesa, o NRP Augusto de Castilho (1915).
  3. O "Argus" foi resgatado recentemente ao abate pela empresa "Pascoal & Filhos S.A.", e aguarda recuperação nos moldes das suas embarcações irmãs.
  4. CORDEIRO, Cristina. "Um dia... A bordo do Creoula". in Azorean Spirit, nº 45, 20 agosto - 20 outubro de 2011, p. 52-54.
  5. Este fogão encontra-se hoje no Museu Marítimo de Ílhavo.
  6. Atualmente são confeccionadas em dacron, material sintético mais leve e de maior resistência.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]