Tremellales

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTremellales
Corpo frutificante gelatinoso de Tremella fuciformis, um espécie cultivada.
Corpo frutificante gelatinoso de Tremella fuciformis, um espécie cultivada.
Classificação científica
Reino: Fungi
Sub-reino: Dikarya
Filo: Basidiomycota
Subfilo: Agaricomycotina
Classe: Tremellomycetes
Ordem: Tremellales
Rea
Famílias
Tremella mesenterica.

Tremellales é uma ordem de fungos da classe Tremellomycetes. A ordem inclui presentemente 8 família, com cerca de 300 espécies consideradas como validamente descritas. Entre os géneros mais conhecidos inclui-se Tremella, ao qual pertencem duas espécies de cogumelos comestíveis cultivados para fins comerciais,[1] e as leveduras Cryptococcus e Trichosporon, géneros a que pertencem diversas espécies patogénicas para os humanos.[2][3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os fungos da ordem Tremellales contém espécies que são conhecidas nas formas teleomórfica e anamórfica ou apenas numa delas. A maioria das formas anamórficas são leveduras (unicelulares). Todas as formas teleomórficas conhecidas são parasitas de outros fungos, apesar de na forma anamórfica de leveduas terem distribuição natural muito alargada e não restrita às espécies hospedeiras. Quando produzidos, os basidiocarpos (corpos frutificantes) são gelatinosos.

A ordem Tremellales foi criada por Carleton Rea em 1922 para agrupar as espécies em que os basídios apresentavam morfologia "tremeloide", designação dada às formas globosas a elipsoides com septos verticais ou diagonais. O mesmo autor colocou as espécies que apresentam aquelas características numa única família, as Tremellaceae, com as mesmas características que a ordem.

Esta circunscrição obteve aceitação generalizada até à década de 1980, embora em 1945 G.W. Martin tivesse proposto uma substancial extensão da ordem e forma a incluir todas as espécies então agrupadas na classe, actualmente obsoleta, dos Heterobasidiomycetes, com excepção das espécies causadoras das ferrugens (Pucciniales) e dos carvões e morrões das plantas. Em consequência, Martin incluiu nos Tremellales não apenas a família Tremellaceae, mas também as famílias Auriculariaceae, Dacrymycetaceae, Hyaloriaceae, Phleogenaceae, Septobasidiaceae, Sirobasidiaceae e Tulasnellaceae (uncluindo Ceratobasidium).[4] Contudo, esta versão alargada da ordem não granjeou aceitação generalizada, embora fosse utilizada em grande número de publicações da autoria de Martin[5] e, até à década de 1970, pelo seu ex-aluno Bernard Lowy.[6]

Uma revisão mais precisa da ordm foi realizada em 1984, quando Robert Bandoni utilizou microscopia de transmissão para investigar a ultrastrutura do poro septal das espécies de Tremellales. Este estudo revealou que o género Tremella e os táxons próximos diferiam do grupo que inclui o género Exidia, apesar de ambos grupos apresentarem basídios tremeloides. Bandoni descreveu este segundo agrupamento como a ordem Auriculariales, restringindo os fungos Tremellales às famílias Tremellaceae, Sirobasidiaceae e Tetragoniomycetaceae.[7]

A aplicação de técnicas de filogenética molecular, baseada numa análise cladística de sequências de DNA, confirma a separação proposta por Bandoni entre os fungos tremeloides e exidioides e estende a circunscrição do agrupamento tremeloide por forma a incluir diversos géneros de leveduras cujo estatuto taxonómico era incerto. A investigação sobre a biologia molecular destes grupos de espécies indicam que o género Filobasidiella (em conjunto coma sua forma do tipo levedura designada como Cryptococcus) e o género Syzygospora deviam ser incluídos neste táxon, apesar das espécies neles incluídas não apresentarem basídios tremeloides.[8][9] A família Trichosporonaceae, uma família de leveduras, é por vezes separada na sua própria ordem (os Trichosporonales),[10] mas o actual consenso coloca esta família na ordem Tremellales.[11][12] Alguns géneros — Sigmogloea,[13] Tremellina,[14] e Xenolachne[15] — cuja inclusão numa família permanece incerta, são em geral incluídos na ordem Tremellales.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Segundo a 10.ª edição do Dictionary of the Fungi[16] (2007), a ordem Tremellales inclui as seguintes famílias:

A ordem inclui ainda os seguintes géneros com enquadramento taxonómico indeterminado:

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Hanelt P, Buttner, R. (2001). Mansfeld's Encyclopedia of Agricultural and Horticultural Crops: (Except Ornamentals). Santa Clara, CA: Springer-Verlag TELOS. p. 23. ISBN 3-540-41017-1. Consultado em 21 de abril de 2010 
  2. Perfect JR. (2004). «Genetic requirements for virulence in Cryptococcus neoformans». In: Domer JE, Kobayashi GS. Human Fungal Pathogens (The Mycota). Berlin: Springer. p. 89. ISBN 3-540-42629-9. Consultado em 21 de abril de 2010 
  3. Wolf DG, Falk R, Hacham M, Theelen B, Boekhout T, Scorzetti G, Shapiro M, Block C, Salkin IF, Polacheck I. (2001). «Multidrug-Resistant Trichosporon asahii Infection of Nongranulocytopenic Patients in Three Intensive Care Units». Journal of Clinical Microbiology. 39 (12): 4420–4425. PMC 88559Acessível livremente. PMID 11724855. doi:10.1128/JCM.39.12.4420-4425.2001 
  4. Martin GW. (1945). «The classification of the Tremellales». Mycologia. 37 (5): 527–542. JSTOR 3754690. doi:10.2307/3754690 
  5. Martin GW. (1952). «Revision of the North Central Tremellales». University of Iowa Studies in Natural History. 19 (3): 1–112 
  6. Lowy B. (1971). Flora Neotropica 6: Tremellales. New York: Hafner. ISBN 0-89327-220-5 
  7. Bandoni RJ. (1984). «The Tremellales and Auriculariales: an alternative classification». Transactions of the Mycological Society of Japan. 25: 489–530 
  8. Fell JW, Boekhout T, Fonseca A, Scorzetti G, Statzell-Tallman A. (2000). «Biodiversity and systematics of basidiomycetous yeasts as determined by large-subunit rDNA D1/D2 domain sequence analysis» (PDF). International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology. 50 (3): 1351–1371. PMID 10843082. doi:10.1099/00207713-50-3-1351. Consultado em 21 de abril de 2010 
  9. Findley K, Rodriguez-Carres M, Metin B, Kroiss J, Fonseca A, Vilgalys R, Heitman J. (2009). «Phylogeny and Phenotypic Characterization of Pathogenic Cryptococcus Species and Closely Related Saprobic Taxa in the Tremellales». Eukaryotic Cell. 8 (3): 353–361. PMC 2653247Acessível livremente. PMID 19151324. doi:10.1128/EC.00373-08 
  10. Fell JW, Scorzetti G. (2004). «Reassignment of the basidiomycetous yeasts Trichosporon pullulans to Guehomyces pullulans gen. nov., comb. nov. and Hyalodendron lignicola to Trichosporon lignicola comb. nov». International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology. 54 (Pt 3): 995–998. PMID 15143054. doi:10.1099/ijs.0.03017-0. Consultado em 25 de abril de 2010. Arquivado do original (PDF) em 30 de agosto de 2008 
  11. Hibbett DS; et al. (2007). «A higher-level phylogenetic classification of the Fungi». Mycological Research. 111 (Pt 5): 509–547. PMID 17572334. doi:10.1016/j.mycres.2007.03.004 
  12. «Genus Record Details-Trichosporon». Index Fungorum. CAB International. Consultado em 25 de abril de 2010 
  13. «Genus Record Details-Sigmogloea». Index Fungorum. CAB International. Consultado em 25 de abril de 2010 
  14. «Genus Record Details-Tremellina». Index Fungorum. CAB International. Consultado em 25 de abril de 2010 
  15. «Genus Record Details-Xenolachne». Index Fungorum. CAB International. Consultado em 25 de abril de 2010 
  16. P.M. Kirk, P.F. Cannon, D.W. Minter, J.A. Stalpers, Dictionary of the Fungi, 10×10{{{1}}} édition (2007), Wallingford: CABI. ISBN 0-85199-826-7.