Tramway de Santo Amaro

 Nota: Para as estações homônimas, veja Estação Santo Amaro (desambiguação).

O Tramway de Santo Amaro foi uma ferrovia de bitola estreita, com trens a vapor, que ligava o centro de São Paulo a Santo Amaro (então um município, que foi incorporado a São Paulo em 1935).

Bonde Elétrico
Bonde Elétrico

Em 1886, foi inaugurada a Estrada de Ferro Santo Amaro, operada pela Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro, com a presença do imperador Pedro II. A antiga linha seguia pelo que hoje corresponde à Rua Vergueiro, Rua Domingos de Morais e Avenida Jabaquara, o trajeto da atual Linha 1 do Metrô. Ela passava por onde, mais tarde, seria construído o Aeroporto de Congonhas, pelo Brooklin Paulista e pelo Alto da Boa Vista seguindo então para o centro de Santo Amaro. O plano original para construção da linha previa que ela fosse estendida até o povoado de São Lourenço da Serra.[1]

A estrada de ferro possuía 5 estações: São Joaquim, Vila Mariana, Encontro, Volta Redonda e Santo Amaro. São Joaquim localizava-se no local da atual Estação São Joaquim do metrô, Vila Mariana localizava-se próximo da atual Estação Vila Mariana do metrô, Encontro localizava-se próximo da atual Estação São Judas do metrô, Volta Redonda localizava-se na Rua Volta Redonda e Santo Amaro localizava-se próximo da atual Estação Adolfo Pinheiro do metrô.[2]

A São Paulo Tramway, Light and Power Company comprou a Carris de Ferro de Santo Amaro em 1900 e estendeu o serviço de bondes que operava em São Paulo para a Vila Mariana, onde a estação Vila Mariana foi convertida em estacionamento de bondes, que foi desativado em 1966.[3]

Essa linha de trens foi substituída, em 7 de julho de 1913, por uma linha de bondes, que do trajeto anterior desviava na Rua Domingos de Morais para a Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, seguindo pelas regiões de Ibirapuera, Moema, Indianópolis, Campo Belo, Brooklin Paulista e Alto da Boa Vista, dando origem ao que hoje são a Avenida Ibirapuera e a Avenida Vereador José Diniz.

As paradas da linha de Santo Amaro eram: Ipê, Ibirapuera, Libanesa, Moema, Largo Franco, Indianópolis, Pavão, Força, Vila Helena, Campo Belo, Piraquara, Frei Gaspar, Volta Redonda, Brooklin Paulista, Petrópolis, Floriano, Alto da Boa Vista, Pouso Alegre e Marechal Deodoro. A partir desta seguia pela avenida Santo Amaro, parando em frente ao Colégio Jesus Maria José, e Linneu Prestes.

O terminal da linha era a estação Ponto da Villa, possivelmente onde hoje é o Largo 13 de Maio ou na atual Praça Floriano Peixoto.[4] Entre 1913 e 1964 havia a extensão para o Socorro, que parava no Largo do Socorro. Alguns bondes paravam no Brooklin Paulista e em Vila Helena, no Ibirapuera.

A Estação Santo Amaro ficava localizada onde atualmente se situam o colégio Lineu Prestes e a Praça Santa Cruz, na Av. Adolfo Pinheiro, tendo sido demolida em 1966.[5]

A linha de Santo Amaro foi desativada em 27 de março de 1968. Foi a última linha de bondes de São Paulo.[6]

Trilhos do tramway de Santo Amaro em exposição permanente na estação Adolfo Pinheiro da linha 5-Lilás do Metrô.

Atualmente, a Linha 5 do Metrô passa paralela à antiga linha de bondes, e em alguns trechos ela passa por onde passava a linha, nas estações Adolfo Pinheiro, Eucaliptos e Moema. Durante a construção da Estação Adolfo Pinheiro, foram encontrados trilhos dessa antiga linha.[7] Após o final da obra, um pequeno trecho dessa via foi instalado na estação, em uma exposição permanente denominada "Vitrine Arqueológica".[8]

Irmã Catarina Beaumont[editar | editar código-fonte]

Irmã Catarina, de origem francesa (Caterine Beaumont, Nice 1887) lecionava francês aos alunos do Colégio Jesus Maria José. Todas as manhãs tomava o bonde na estação Campo Belo onde vivia na Ordem dos Recoletos de Santo Agostinho até a (então ponto final da Linha) Santo Amaro para do Colégio. Já em seus metros finais, no dia 30 de agosto de 1932, a composição chocou-se com um caminhão tanque. Com o impacto várias pessoas foram arremessadas do bonde. Irmã Catarina, foi uma destas pessoas defenestradas e seus últimos minutos de vida foram à frente do Colégio Jesus Maria José de Santo Amaro (então município). O acidente comoveu a população e as autoridades que exatamente 1 anos após o trágico acidente aprovaram a Lei Beaumont, que obrigava todos os bondes da cidade de São Paulo a disponibilizar cintos de segurança para os passageiros.

Referências

  1. Lei Provincial nr. 56, de 11 de maio de 1877
  2. «Museu do Transporte Público Gaetano Ferolla - sinopse.html». www.marcoaurelioasilva.com.br. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  3. «Vila Mariana -- Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  4. «Ponto da Villa -- Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  5. «Santo Amaro (Tramway) -- Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo». www.estacoesferroviarias.com.br. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  6. Fatorelli, Carlos (9 de outubro de 2015). «Carlos Fatorelli: Tramway da Companhia de Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro e o Matadouro da Vila Clementino/SP». Carlos Fatorelli. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  7. «Obra do Metrô descobre trilho de bonde na zona sul - São Paulo». Estadão. Consultado em 16 de dezembro de 2021 
  8. «Estação Adolfo Pinheiro recebe 35 mil visitantes no primeiro mês de operação». Governo do Estado de São Paulo. 13 de março de 2014. Consultado em 16 de dezembro de 2021