Tesauro

Coleção de tesauros da língua latina.

Tesauro, também conhecido como thesaurus ou dicionário de ideias afins,[1] é uma lista de palavras com significados semelhantes, dentro de um domínio específico de conhecimento. Por definição, um tesauro é restrito. Não deve ser encarado simplesmente como uma lista de sinónimos, pois o objetivo do tesauro é justamente mostrar as diferenças mínimas entre as palavras e ajudar o escritor a escolher a palavra exata. Tesauros não incluem definições, pelo menos muito detalhadas, acerca de vocábulos, uma vez que essa tarefa é da competência de dicionários.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A palavra «tesauro» é derivado do neolatim do século XVII, que por sua vez é derivado do latim thēsaurus, que é a latinização do grego θησαυρός (thēsauros), «tesouro, tesouraria, armazém».[2] A palavra thēsauros é de etimologia incerta.[3] Douglas Harper deriva-a da raiz do verbo grego τιθέναι (tithenai), "pôr, colocar, deitar".[4] Robert Beekes rejeitou uma derivação indo-europeia e sugeriu um sufixo pré-grego *-arwo-.[4]

Dos séculos XVI ao XIX, o termo «thesaurus» foi aplicado a qualquer dicionário ou enciclopédia, como no Thesaurus linguae latinae (1532), e o Thesaurus linguae graecae (1572). O significado «coleção de palavras organizadas de acordo com o sentido» é primeiro atestado em 1852 em «Roget's Thesaurus».

Objetivo[editar | editar código-fonte]

O principal objetivo do tesauro é eliminar as ambiguidades dos termos e facilitar o acesso da informação tanto do profissional da informação quanto do usuário evitando uma desorganização e uma possível insatisfação de quem necessita se informar.[5] Segundo Moreiro, essa linguagem documentária também tem como objetivo ajudar o usuário na indexação e na consulta dos registros fornecendo a ele o termo que ele procura e os termos relacionados, isso devido ao controle do vocabulário com a representação do conteúdo dos documentos de forma singular.[6]

O tesauro e outros vocabulários controlados acabam por atualizar de maneira direta e indireta termos e conceitos que linguagens documentárias tradicionais acabam não englobando.[7]

Construção do tesauro[editar | editar código-fonte]

O tesauro documentário surgiu da necessidade de manipular grande quantidade de documentos especializados. Era preciso trabalhar com vocabulário mais específico e com uma estrutura mais depurada [...] Tesauros vieram como resposta a essa necessidade de recuperação de informação.[8][9]

O tesauro é um tipo de linguagem documentária que fornece os termos padronizados para representar o assunto ou assuntos identificados nos documentos analisados.[10] Ele também se caracteriza por ser uma lista estruturada de termos relacionados, utilizada por profissionais da informação para descrever um documento com a especificidade desejada e permitir aos usuários a recuperação da informação pretendida.[11]

Não deve ser considerado nem como um dicionário nem como um glossário, muito menos como um sistema para classificar o conteúdo de uma biblioteca, mas sim como um instrumento para indexar e recuperar o conteúdo de documentos relativos a assuntos de sua especialidade.[12]

Elaborar um tesauro é antes de tudo uma atividade intelectual, que requer atividades específicas para a consecução dos objetivos dos que se empenham nesta tarefa, entre elas: o conhecimento de documentos produzidos na área, o entendimento dos termos empregados, a construção de conceitos para explicação dos termos.[8]

A construção de um tesauro requer uma atitude flexível para incorporar as mudanças que a linguagem utilizada sofre no caminho de seu desenvolvimento sem abrir mão dos conceitos, mas em atitude aberta a seu próprio desenvolvimento.[8][13]

Etapas para a construção dum tesauro[editar | editar código-fonte]

A padronização do tesauro gera uma atenção maior na elaboração dele, sendo que, essa linguagem documentária deve ser feita por etapas. Para Robredo, as principais etapas são:[14][15]

  • selecionar os termos;
  • organizar os termos;
  • determinar as relações e fazer uma avaliação crítica, além de, manter essa lista estruturada de termos atualizada.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Infopédia. «Definição ou significado de thesaurus no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 1 de agosto de 2018 
  2. Ο ΘΗΣΑΥΡΟΣ ΤΟΥ ΧΡΟΝΟΥ (em grego). [S.l.: s.n.] 
  3. Estienne, Henri (1572). Thesauros tes ellenikes glosses (em latim). [S.l.]: excudebat Henr. Stephanus 
  4. a b Siqueira, Júlio (2020). «O embate com a verdade em Luciano de Samósata e nos apologistas cristãos» (PDF). Universidade de Brasília. Consultado em 12 de maio de 2021 
  5. «10 tesauros que devem acompanhá-lo para identificar o conteúdo e os documentos da sua biblioteca, arquivo ou unidade de informação». AGUIA - Agência USP de Gestão da Informação Acadêmica. Universidade de São Paulo. 6 de janeiro de 2020. Consultado em 12 de maio de 2021 
  6. Antonio., Moreiro González, José (2011). Linguagens documentárias e vocabulários semànticos para a web : elementos conceituais. [S.l.]: EDUFBA. ISBN 9788523208240. OCLC 913045330 
  7. Sales, Rodrigo de; Café, Lígia (2009). «Diferenças entre tesauros e ontologias». Perspectivas em Ciência da Informação (1): 99–116. ISSN 1413-9936. doi:10.1590/S1413-99362009000100008. Consultado em 30 de abril de 2021 
  8. a b c Berti Junior, Decio Wey; Soergel, Dagobert; Lima, Gercina Ângela de; Maculan, Benildes Coura Moreira dos Santos (31 de dezembro de 2017). «Semiautomatização de relações em tesauros: uma proposta para o refinamento de relacionamentos semânticos a partir do tesauro Agrovoc». Informação & Informação. 22 (3). 377 páginas. ISSN 1981-8920. doi:10.5433/1981-8920.2017v22n3p377 
  9. Reidler, Nivea Maria Vega Longo. «Resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos em instituições de ensino superior: estudo de caso e diretrizes para elaboração de plano de gestão integrada» (PDF). Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo. Consultado em 12 de agosto de 2013 
  10. Borini, Rafael Borini Martins Costa; Souza, Flávia Dias de (3 de junho de 2018). «Prática como componente curricular em um curso de licenciatura em matemática: uma análise à luz da teoria da atividade». ACTIO: Docência em Ciências. 3 (2). 39 páginas. ISSN 2525-8923. doi:10.3895/actio.v3n2.7580 
  11. «Tesauro e Ontologia: uma introdução». Portal do Bibliotecário. 16 de abril de 2015. Consultado em 12 de maio de 2021 
  12. Terra, Ana Lúcia; Fujita, Mariângela Spotti Lopes; Lacruz, and María del Carmen Agustín (2016). «School Libraries and Indexing Policies in Brazil and Portugal». KNOWLEDGE ORGANIZATION. 43 (4): 279–284. ISSN 0943-7444. doi:10.5771/0943-7444-2016-4-279 
  13. Gusmão, Heloisa Rios (13 de dezembro de 2012). «Tesauro de Ciência da Informação: considerações teóricas e comentários». Transinformação (3). ISSN 2318-0889. Consultado em 12 de maio de 2021 
  14. ROBREDO, Jaime (2005). Documentação de hoje e de amanhã: uma abordagem revisitada e contemporânea da Ciência da Informação e de suas aplicações biblioteconômicas, documentárias, arquivísticas e museológicas. Brasília: Edição do autor. pp. 409 p. 
  15. Gomes, Márcia (26 de julho de 2016). «Sistema de organização do conhecimento na área de literatura inglesa: Shakespeare e sua obra» (PDF). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consultado em 12 de maio de 2021 
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