Tempestade tropical Laura (1971)

 Nota: Se procura outros sistemas de mesmo nome, veja Tempestade tropical Laura.

Tempestade tropical Laura
Tempestade tropical (SSHWS/NWS)
imagem ilustrativa de artigo Tempestade tropical Laura (1971)
Tempestade tropical Laura ao sul de Cuba e dos Estados Unidos
Formação 12 de novembro de 1971
Dissipação 22 de novembro de 1971

Ventos mais fortes sustentado 1 min.: 110 km/h (70 mph)
Pressão mais baixa 994 hPa (mbar); 29.35 inHg

Fatalidades 1
Danos Mínimos
Áreas afectadas Ilhas Cayman, Cuba e América Central
Parte da Temporada de furacões no Atlântico de 1971

A tempestade tropical Laura foi o último sistema a entrar em atividade durante a temporada de furacões no Atlântico de 1971. Se formou no dia 12 de novembro a oeste do Mar do Caribe, próximo a Cuba, com ventos chegando aos 120 km/h. Por toda a ilha, Laura produziu chuvas fortes e provocou inundações que deixaram uma pessoa morta e causaram danos principalmente à agricultura. Cerca de 26 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas.

Inicialmente, Laura estava prevista para atingir toda a ilha e ainda o sul dos Estados Unidos, mas deslocou-se para sudoeste, atingindo Belize no continente poucos dias mais tarde (Laura é uma das quatro tempestades a afetar este país em um mês de novembro). A partir de então foram poucos os impactos, vindo a se dissipar em 22 de novembro sobre o centro da Guatemala.

História meteorológica[editar | editar código-fonte]

Caminho da tempestade

A tempestade tropical Laura teve início a partir de uma grande área de convecção sobre o sudoeste do Mar do Caribe, no começo de novembro de 1971. No dia 12, uma depressão tropical se formou a cerca de 280 km ao norte do Panamá, movendo-se em direção noroeste lentamente até se organizar e se tornar uma tempestade tropical em 14 de novembro. Após receber o nome "Laura", a tempestade continuou a intensificar-se, quando atingiu o norte de Cuba, apresentando descolamento em direção oeste; no dia 15 de novembro, a velocidade média dos ventos era de 110 km/h.[1] Originalmente, o Centro Nacional de Furacões havia previsto que atingiria a ilha com o status de furacão,[2] bem como que haveria um descolamento para o norte do Golfo do México. Apesar de esperar-se que uma frente fria faria a tempestade avançar em direção norte, uma crista se formou no sudeste dos Estados Unidos, o que impediu Laura de se mover em terra naquela região.[1]

Laura manteve o pico de intensidade de ventos por cerca de 48 horas, sendo que neste período foi registrada a pressão mínima de 994 hPa. As correntes de direção foram inicialmente fracas, o que fez com que a tempestade ficasse à deriva em direção nordeste, antes da crista a norte ter forçado a tempestade a descocar-se para o sudoeste, no dia 17 de novembro.[1] Este caminho em direção ao sudoeste é incomum, sendo que apenas duas outras tempestades - um furacão em 1888 e o Furacão Ike em 2008 - tiveram caminho em direção ao sul quando afetaram Cuba, e ambos atingiram a costa norte do país.[3] Enfraqueceu-se quando avançava de oeste para sul e sudoeste, com os ventos diminuindo para 85 km/h. No entanto a tempestade voltou a se intensificar quando se aproximava América Central, atingindo ventos máximos de 120 km/h no fim do dia 20 de novembro, velocidade média mantida por 30 horas até atingir a costa em Punta Gorda, Belize. Nas primeiras horas do dia 22, o sistema se dissipou sobre o centro de Guatemala.[1]

Preparativos e impactos[editar | editar código-fonte]

Ciclones tropicais mais severos —  Cuba
Recordes obtidos
Precipitação Tempestade Local Ref
Ranking mm in
1 2550 100.39 Furacão Flora 1963 [4]
2 1092 42.99 Furacão Dennis 2005 [4]
3 1025 40.34 Depressão Tropical Um 1988 [4]
4 1012 39.84 Furacão Alberto 1982 [4]
5 870 34.25 Furacão Frederico 1979 [4]
6 849 33.43 Depressão Tropical Um 1992 [4]
7 825 32.48 Tempestade Tropical Laura 1992 [4]
8 800 31.50 Furacão Irene 1999 [4]
9 754 29.69 Furacão Michelle 2001 [4]
10 747 29.41 Furacão Lili 1996 [4]

Quando Laura atingia as Ilhas Cayman, produziu cerca de 75 mm de precipitação.[2] Como ela estava se movendo lentamente ao largo da costa de Cuba, Laura provocou chuvas fortes e intensas, incluindo cerca de 500 mm na Ilha da Juventude;[1] uma estação da ilha registrou 360 mm em 24 horas.[5] O maior total de precipitação no país foi de 830 mm. Quatro províncias foram afetadas, incluindo a Ilha da Juventude, Pinar del Río, La Habana e Havana.[4] Na Ilha da Juventude, os ventos chegaram aos 120 km/h, com picos de 130 km/h.[1] No continente, a tempestade destruiu 20 casas e vários galpões de tabaco,[1] além de danos em plantações de café, cana-de-açúcar, frutas e hortaliças. Devido aos alagamentos, cerca de 26 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas em Pinar del Río, e uma pessoa se afogou na província quando atravessava um rio.[6] Acredita-se que a passagem da tempestade tenha desviado um bando de alcatrazes-comuns em direção à América Central e ao litoral norte da América do Sul. Essa espécie de gaivotas é geralmente encontrada nos países do Atlântico central, sendo que elas estavam migrando para a costa do Golfo do México e foram afetadas pela tempestade em Cuba.[7]

Quando o caminho de Laura era incerto, os meteorologistas aconselharam os pescadores da Península de Iucatã e do sul da Flórida a permanecerem ancorados.[2] Alertas de vendaval também foram emitidos para as Florida Keys, devido à incerteza.[5] Danos significantes não foram registrados na América Central,[1] embora chuvas fortes foram observadas em toda a região.[8] Na ilha de Glover's Reef, na costa das Honduras Britânicas (atualmente Belize), a tempestade assolou um grupo de cerca de 20 cientistas filiados ao Instituto Smithsoniano, que foram afetados pelos fortes ventos e chuvas, exigindo um resgate. A tempestade também provocou pequenos danos em vários edifícios ao longo do continente.[9]

Laura foi uma das apenas quatro tempestades a atingir Belize em um mês de novembro, sendo as outras uma tempestade tropical em 1898, um furacão em 1942 e o Furacão Ida em 2009.[10]

Referências

  1. a b c d e f g h R.H. Simpson and John Hope (1971). «Atlantic Hurricanes of 1971» (PDF). National Hurricane Center. Consultado em 25 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada (PDF) em 10 de fevereiro de 2013 
  2. a b c Associated Press (13 de novembro de 1971). «Tropical Storm Laura Could Become Hurricane». Consultado em 26 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  3. Margarita Barrios (12 de outubro de 2008). «Parte meteorológico: sin magia ni hechicería». Juventud Rebelde. Consultado em 26 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  4. a b c d e f g h i j k Instituto Nacional de Recursos Hidráulicos (2012). «Lluvias intensas observadas y grandes inundaciones reportadas» (em espanhol). Consultado em 9 de junho de 2012. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  5. a b Associated Press (17 de novembro de 1971). «Laura Wallowing in Vicious Circle». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  6. Associated Press (19 de novembro de 1971). «Laura Weakens off Yucatan Coast». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  7. V.H. Voous. «Northern Gulls in Aruba» (PDF). University of Amsterdam. Consultado em 26 de fevereiro de 2010. Arquivado do original (PDF) em 10 de fevereiro de 2013 
  8. Associated Press (21 de novembro de 1971). «Tropical Storm Hits Honduras». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  9. Saint Petersburg Times Wire Services (22 de novembro de 1971). «Laura Hits Honduras, Strands 20». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 
  10. 7 News Belize (5 de novembro de 2009). «Ida Weakens». Consultado em 27 de fevereiro de 2010. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2013 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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