Teatro Fênix

O Teatro Fênix foi um teatro brasileiro localizado no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Ficava na Avenida Lineu de Paula Machado, 1000, esquina com a Rua Saturnino de Brito, 74.[1] Ficou conhecido por ter sido usado por produções da Rede Globo de 1971 até 1999.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Suas origens remetem ao século XIX. Foi inaugurado em 14 de outubro de 1886, inicialmente com o nome de "El Dorado", sendo considerado um teatro de primeira categoria depois do Municipal.[3] Em 1906, Eduardo Palassin Guinle comprou o imóvel, que era localizado na Rua Almirante Barroso, esquina com a Rua México, no Centro do Rio de Janeiro. Na escritura, o comprador se comprometia a construir um novo Teatro Fênix, com capacidade para mil pessoas.[4]

O teatro acabou demolido em 1958. Na época, o terreno pertencia a Eduardo Paula Machado, Lineu de Paula Machado e Cândido Guinle. Então, os proprietários construíram um novo prédio, onde pensava-se que seria sediado o novo "Fênix", o que acabou não acontecendo. Isso desrespeitava a lei 688, de 31 de dezembro de 1951, que obrigava os edifícios com mais de dez andares construídos na chamada "zona teatral" de ter ao menos uma casa com 500 espectadores.[4] A Casa dos Artistas, em 1969, chegou a ir na Justiça em defesa do Fênix na Rua Almirante Barroso por causa da desobediência às leis que buscavam preservar a vida teatral da cidade.[3] Os proprietários haviam construído uma nova casa na região da Lagoa Rodrigo de Freitas, o que, segundo eles, desobrigavam a colocar um teatro no Centro.[4] O local, contudo, jamais chegou a funcionar como um teatro.[5]

Em 1971, um incêndio atingiu um auditório da TV Globo. A emissora passou a abrigar suas produções no Teatro Fênix como, por exemplo, os programas do Chacrinha.[6] Em seus primeiros anos sob a direção da Globo, recebeu as edições do Concertos para a Juventude, incluindo concursos feitos em parceria com a Rádio MEC.[7] Recebeu a primeira edição do Roberto Carlos Especial, o tradicional show de fim de ano do cantor Roberto Carlos.[8]

Na década de 1980, recebeu o retorno de Chacrinha à emissora,[9] além dos programas apresentados por Xuxa e Fausto Silva.[10][11][12] Também foi palco de atrações como o Globo de Ouro, especial Plunct, Plact, Zuuum, o festival MPB-80, o musical Chico & Caetano, entre outros [13][14][15][16]

A movimentação nos arredores do Teatro Fênix tornou-se alvo de reclamações constantes dos moradores do Jardim Botânico. O jornalista Zózimo Barrozo do Amaral costumava criticar em suas colunas o fechamento de vias, o barulho e a sujeira vindos do local.[17][18] Moradores do edifício Yucas, próximo ao teatro, chegaram a solicitar ao então prefeito Marcello Alencar a cassação ou a suspensão do alvará concedido à TV Globo para a utilização do Fênix.[19]

Em 1996, a Globo chegou a anunciar a transferência do Domingão do Faustão para São Paulo e a mudança dos programas que ainda eram gravados no Fênix para o recém-construído Projac, em Curicica.[20] A mudança definitiva dos programas de auditório para o Projac só viria a acontecer em 1999.[21] O local onde ficava o teatro foi vendido em 2001 para o Banco Gulfinvest.[22] Desde então, passou a receber o condomínio Lagoa Stylus.[23]

Uma estátua do apresentador Chacrinha foi inaugurada em 2011 nas proximidades de onde ficava o Teatro Fênix, no Jardim Botânico.[24]

Programas gravados[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Paulo Bastos, Pedro (11 de junho de 2012). «As Ruas do Rio-Rua Saturnino de Brito». Veja Rio. Consultado em 30 de maio de 2016 
  2. Bulcão, Clóvis (5 de outubro de 2015). «Eu fui ao Teatro Fênix». Blog. Intrínseca. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  3. a b «Uma cidade empenhada em destruir seus teatros». Tribuna da Imprensa. 22 de abril de 1975 
  4. a b c «Casa dos Artistas defende o teatro». Tribuna da Imprensa. 19 de agosto de 1969 
  5. «Cadê o Teatro Fênix». Tribuna da Imprensa. 15 de maio de 1975 
  6. «Chacrinha continua depois do fogo». Intervalo (nº 462): p. 55. 1971 
  7. «Incentivos aos jovens com o troféu Rádio MEC». Diário de Notícias. 25 de março de 1973 
  8. «Video-tape». Diário de Notícias. 8 de novembro de 1974 
  9. «Cassino eletrônico tem até a roleta». Ultima Hora. 26 de março de 1983 
  10. «Xou da Xuxa». memoriaglobo. Consultado em 13 de março de 2024 
  11. «Produção». memoriaglobo. 29 de outubro de 2021. Consultado em 13 de março de 2024 
  12. «Domingão do Faustão». memoriaglobo. Consultado em 13 de março de 2024 
  13. «Infantil de Vanucci já tem metade gravada». Ultima Hora. 13 de abril de 1983 
  14. «No ar, o MPB-80». Jornal do Brasil. 16 de maio de 1980 
  15. «Rita, em dose dupla, na Globo». Ultima Hora. 15 de março de 1984 
  16. «Chico e Caetano: todo mês um festival de arte na TV». Jornal do Brasil. 17 de março de 1986 
  17. «Caso de polícia». Diário do Pará. 22 de julho de 1989 
  18. «Só a tiro». Diário do Pará. 17 de novembro de 1989 
  19. «Forças ocultas». Diário do Pará. 26 de novembro de 1990 
  20. «O fim do Teatro Fênix». Jornal do Brasil. 6 de julho de 1996 
  21. a b «Programa deixa o Teatro Fênix». Ilustrada. Folha de S.Paulo. 6 de março de 1999. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  22. «Um por outro». Jornal do Brasil. 11 de dezembro de 2001 
  23. «Mercado imobiliário». Jornal do Brasil. 3 de novembro de 2002 
  24. «Eduardo Paes inaugura estátua em homenagem a Chacrinha». O Globo. 7 de novembro de 2010. Consultado em 13 de março de 2024 
  25. «Geração 80». memoriaglobo. 29 de outubro de 2021. Consultado em 29 de janeiro de 2024 
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