Túnel do Rossio

Túnel do Rossio

túnel do Rossio, visto a partir da estação do Rossio, em 2008
Informação
Tipo ferroviário
Comprimento 2613 m
Trecho Linha de Sintra (PK 44+822)
Cruza malha urbana
Concessão Infraestruturas de Portugal
Localização
Localização border link=LisboaLisboa, Portugal Portugal
Mapa
Coordenadas 38° 42' 55.45" N 9° 8' 35.67" O
Histórico
Início da construção 1887 (há 136 anos)
Conclusão da obra maio de 1889 (há 134 anos e 10 anos)
Abertura junho de 1891 (há 132 anos e 9 anos)
Especificação
Galeria 1
Via via dupla
Bitola bitola ibérica
Largura 8 m
Altura 6 m

O túnel do Rossio é uma infra-estrutura ferroviária que permite o acesso à estação do Rossio, no centro de Lisboa, em Portugal, a partir da estação de Campolide, perfazendo o segmento inicial da Linha de Sintra.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

O túnel insere-se na Linha de Sintra, entre os PKs 0+194 e 2+807.[1][2]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Tem via dupla com 2613 m de comprimento (aproximadamente idêntico ao da Ponte 25 de Abril), e um perfil abobadado de 8 m de largura por 6 m de altura até ao fecho da abóbada.[3] O túnel tem um declive de aproximadamente 1% (exatamente +12‰−3‰=9‰),[4] descendo 24,26 m desde a boca do túnel em Campolide.[3]

Poço de ventilação em Campolide (Av. Cons. F. de Sousa × R. Mq. Fronteira).
Este túnel é a única ligação ferroviária à Baixa de Lisboa, passando sob arruamentos urbanos em cota elevada, de edificação já consolidada à data de construção. A distância na vertical entre a soleira da abóbada do túnel e a superfície não é toda igual:[carece de fontes?]

Distâncias verticais às vias mais importantes que o túnel cruza em plano:

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em 28 de Setembro de 1856 foi inaugurado o primeiro lanço de via férrea em Portugal, unindo a zona oriental de Lisboa ao Carregado.[5] Em 1887 entrou ao serviço uma nova rede ferroviária, que ligava a zona de Alcântara, na zona ocidental de Lisboa, a Sintra e à costa Oeste.[6] Ambas as linhas eram exploradas pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, pelo que começou a planear a instalação de uma terceira via férrea em redor de Lisboa, de forma a unir estes dois eixos.[6] Assim, um alvará de 23 de Julho de 1888 autorizou a instalação desta linha férrea, e de um ramal que a ligasse a uma nova estação urbana no centro de Lisboa (futura Gare do Rossio), que deveria ser construída no Terreiro do Duque.[6] A via férrea entre Benfica, na Linha do Oeste (=Linha de Sintra), e Santa Apolónia, na Linha do Leste (futura Linha do Norte), entrou ao serviço em 20 de Maio de 1888.[6]

Construção e inauguração[editar | editar código-fonte]

Inauguração do Túnel do Rossio, em 8 de Abril de 1889.

Os estudos geológicos para o túnel foram efectuados pelo professor Paul Choffat.[6] Em Abril de 1889, foi terminada a perfuração do túnel, estando já nessa altura concluídas as obras da Gare do Rossio.[6] O túnel em si foi inaugurado no dia 8 desse mês, com a organização de um comboio especial entre Campolide e a estação do Rossio, transportando empregados e superiores da Companhia Real, além de vários convidados.[7] Porém, a inauguração definitiva tanto do túnel como da estação só ocorreu em Maio de 1891,[6] tendo ambos entrado ao serviço em 11 de Junho desse ano.[8]

Século XX[editar | editar código-fonte]

No orçamento da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses para 1902, encontravam-se incluídas obras de instalação de iluminação eléctrica no interior do túnel; previa-se que a energia eléctrica fosse fornecida pelos geradores da Estação do Rossio, cuja potência teria de ser, provavelmente, aumentada para poder assegurar este serviço.[9] Calculava-se, igualmente, que este fosse o primeiro passo para a implementação de mais equipamentos eléctricos nesta interface, como os aparelhos de mudança de via, gruas, elevadores, e transportadores de bagagens.[9] O túnel em si deveria ser adaptado a tracção eléctrica, provavelmente através da instalação de uma terceira via electrificada; isto permitiria substituir as locomotivas a vapor, cujas emissões poluentes incomodavam os passageiros nas gares e no interior das carruagens.[9]

Em 1916 entraram ao serviço as locomotivas a vapor da série 070-097,[10][11] encomendadas para servir especificamente no serviço tranvia entre Lisboa-Rossio e Sintra, via Túnel do Rossio.[12]

Século XXI[editar | editar código-fonte]

O túnel esteve encerrado ao tráfego entre 22 de Outubro de 2004 e 16 de Fevereiro de 2008, para obras de reabilitação.[12]

Durante as obras de reabilitação e beneficiação houve necessidade de proceder a uma intervenção nas paredes do túnel, com um novo revestimento estrutural em betão armado nos troços críticos. O túnel foi dotado em todo o comprimento de uma plataforma de via em betão com carris embebidos, permitindo, se necessário, o fácil acesso de veículos de serviço ou de socorro.[3] Em consequência destas mesmas obras, o Elevador da Glória esteve parado entre Abril de 2006 e Fevereiro de 2007, pois temia-se o perigo de derrocada nos terrenos entre a Calçada da Glória e a Rua Artilharia 1.[carece de fontes?]

O túnel foi ainda dotado de um poço de escapatória para a superfície sensivelmente a meio do percurso, junto ao cruzamento com a Rua Alexandre Herculano.[carece de fontes?]

Serviços[editar | editar código-fonte]

A partir de finais do século XX, a Estação do Rossio passa a servir regularmente apenas comboios suburbanos, da Linha de Sintra.[carece de fontes?] Desde 1992, estes foram veiculados por automotoras elétricas das séries gémeas 2300 e 2400, substituídas temporariamente neste serviço em finais de 2013 pelas 3500, de dois pisos.[13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 

Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • Do Rossio a Campolide: A Reabilitação de um Túnel e de uma Estação com História. Lisboa: Rede Ferroviária Nacional. 2008 

Referências

  1. Instrução Complementar de Exploração Técnica nº 3/84: “Designação dos túneis da rede ferroviária”. CP
  2. Jacinto SEPÚLVEDA: Túnel do Rossio – Parte II
  3. a b c «Tunel do Rossio». Train Logistic. Consultado em 6 de setembro de 2021 
  4. “Rampas Características (permilagem) : Anexo 3.3.2.3.1 B” Diretório da Rede 2021. I.P.: 2019.12: p.82
  5. Martins et al, 1996:11
  6. a b c d e f g TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1682). Lisboa. p. 61-62. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. «Lisboa subterranea» (PDF). Diário Illustrado. Ano 18 (5748). Lisboa. 8 de Abril de 1889. p. 3. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Biblioteca Nacional Digital 
  8. «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). Lisboa. 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 12 de Fevereiro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. a b c «Orçamento da Companhia Real» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (340). Lisboa. 16 de Fevereiro de 1902. p. 51. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. MARTINS et al, 1996:87-88
  11. «Oficinas Gerais da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 56 (1372). Lisboa. 16 de Fevereiro de 1945. p. 90-93. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. a b Estação do Rossio. Grupo Infraestruturas de Portugal IP • Unidade de Património Histórico Cultural e Direção de Comunicação, Imagem e Stakeholders: 2017. Colab. Arquivo Histórico da C.P. (folheto desdobrável)
  13. Linha de Sintra/Azambuja - Alteração Temporária de Material Circulante
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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