Strepsiptera

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Macho de um Strepsiptera; mostrando as estruturas (halteres) que são suas asas dianteiras, logo abaixo das pernas anteriores. As pernas medianas estão embaixo das asas posteriores, extremamente desenvolvidas, e não estão ilustradas.
Macho de um Strepsiptera; mostrando as estruturas (halteres) que são suas asas dianteiras, logo abaixo das pernas anteriores. As pernas medianas estão embaixo das asas posteriores, extremamente desenvolvidas, e não estão ilustradas.
A Fêmea de um Strepsiptera é, na maioria das vezes, um endoparasita neotênico (imagens acima) do abdome de insetos das ordens Homoptera e Hymenoptera (imagem abaixo, com a f̃êmea indicada pela letra "a", no final do abdome).
A Fêmea de um Strepsiptera é, na maioria das vezes, um endoparasita neotênico (imagens acima) do abdome de insetos das ordens Homoptera e Hymenoptera (imagem abaixo, com a f̃êmea indicada pela letra "a", no final do abdome).
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Hexapoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Infraclasse: Neoptera
Superordem: Neuropterida
Ordem: Strepsiptera
(Kirby, 1813)
Famílias
Bahiaxenidae[1]
Mengenillidae
Corioxenidae
Halictophagidae
Elenchidae
Myrmecolacidae
Stylopidae
Bohartillidae
Callipharixenidae
(fonteː Tree of Life Web Project)[2]
Nesta fotografia do macho de Strepsiptera, as asas dianteiras estão indicadas por setas vermelhas.

Strepsiptera (do gregoː streptos = "torcido"; pteron = "asas";[2][3] nomeados, em inglêsː twisted-wing parasites[2] ou twisted-winged parasites -pl.)[4] é uma ordem de insetos diminutos,[3][5] com distribuição cosmopolita,[2][6] constituída por nove famílias extantes[1][2] e cerca de 600 espécies descritas. Foram descobertos em 1793 (na descrição da espécie Xenos vesparum) e são definidos como "endoparasitas entomófagos", atacando espécies de insetos de 34 famílias distribuídas em sete ordens,[1][2][4] sendo as ordens Hemiptera (subordem Homoptera) e Hymenoptera as mais procuradas;[7] com uma família (Mengenillidae) atacando insetos Apterygota (Thysanura).[2] Sua classificação como ordem se deu em 1813, por William Kirby.[8] A característica marcante deste grupo de insetos é a presença de asas anteriores reduzidas a halteres, nos machos adultos, e a forma larviforme das fêmeas adultas (neotenia);[9] demonstrando um acentuado dimorfismo sexual.[3][10] Os Strepsiptera têm dois grandes grupos: os Stylopidia e os Mengenillidia. Os Mengenillidia incluem três famílias extintas (Cretostylopidae, Protoxenidae e Mengeidae) e mais duas famílias existentes (Bahiaxenidae e Mengenillidae; no entanto, esta última não é monofilética). São consideradas as mais primitivas, dentro da ordem, e as fêmeas (conhecidas apenas em Mengenillidae) são de vida livre (descobertas apenas em 1870 e classificadas na ordem apenas em 1919), com pernas e antenas rudimentares[1][8] e com pupação fora de seus hospedeiros;[4] sendo encontradas na região nordeste do Brasil (Bahiaxenidae),[1] Península Ibérica, Baleares e Canárias (Mengenillidae).[7] Na maioria os Strepsiptera são extremamente difíceis de localizar e muitas vezes é preciso encontrar o hospedeiro para encontrar a fêmea;[2] mas os machos podem ser capturados próximos a focos de luz.[6][10]

Etimologia e significado[editar | editar código-fonte]

O nome Strepsiptera é referente à peculiar forma das asas traseiras do macho, torcidas durante o seu voo[2] ou de aparência retorcida quando insetos secos foram examinados.[6]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Macho[editar | editar código-fonte]

O macho adulto apresenta vida livre e é alado,[3] com olhos compostos e esféricos, apresentando um número menor de omatídeos relativamente grandes, muito incomuns entre os insetos vivos, o que lhes dá uma aparência de amora, nos quais cada lente forma uma imagem que posteriormente é combinada no cérebro.[2][6] As peças bucais são degeneradas. As antenas são flabeladas, conspícuas, com longos processos em alguns segmentos. O protórax e o mesotórax são curtos, com o segundo apresentando o primeiro par de asas reduzido. O metatórax é, algumas vezes, dez vezes maior que o resto do tórax e possui um par de grandes asas posteriores com pouca venação. O trocânter é atrofiado ou ausente, raramente desenvolvido. O tarso possui de 2 a 5 artículos. Eles têm uma vida curta, de cinco a seis horas como adultos, e sua única missão, na emergência do hospedeiro, é encontrar e fecundar uma fêmea; localizada, por seu feromônio, geralmente em abelhas ou outros insetos (tamanho dos machosː 1 a 7 milímetros).[2][3][4][6][7][10][11][12]

Fêmea[editar | editar código-fonte]

A fêmea nunca possui asas. Em espécies parasitas é desprovida de pernas, olhos ou antenas, com sua cabeça e tórax fundidos. Ela não deixa o seu hospedeiro, passando toda a vida em seu invólucro pupal. Toda a cavidade abdominal da fêmea adulta é preenchida com embriões em desenvolvimento.[2][3][4][7][10] Em sua presença, a cor e a forma do abdome do hospedeiro podem ser alteradas e o hospedeiro geralmente se torna estéril.[8][13][14] Em espécies da família Mengenillidae, elas deixam o hospedeiro no final do seu último ínstar larval para pupar externamente e, após a eclosão, são de vida livre e aparência vermiforme; com a presença de todas as outras características do adulto do sexo masculino, como olhos, peças bucais, antenas, pernas e uma abertura genital ventral (tamanho das f̃êmeas: 2 milímetros a 3 centímetros).[2][6][10]

Larva[editar | editar código-fonte]

Em Strepsiptera o dimorfismo sexual não existe nos primeiros ínstares e as fêmeas são vivíparas, dando à luz larvas vivas (não ovos), o que é atípico para a maioria dos insetos. Estas larvas logo buscam ativamente um novo hospedeiro; são muito ativas, porque têm um tempo limitado para encontrar um hospedeiro antes de esgotar suas reservas alimentares. Quando estas larvas, chamadas planidia e similares às larvas triangulinas de besouros Meloidae, se prendem a um hospedeiro, elas entram secretando enzimas que amolecem a cutícula, geralmente na sua região abdominal; sendo relatado que algumas espécies entram nos ovos dos hospedeiros, antes de sua eclosão. Uma vez dentro do hospedeiro, elas sofrem hipermetamorfose e se tornam uma forma larval menos móvel e sem pernas, induzindo o hospedeiro a produzir uma estrutura em forma de saco, dentro da qual elas se alimentam e crescem.[2][4][7][8] Em algumas espécies a larva possui cerdas abdominais longas, usadas para impulsioná-la em direção ao hospedeiro.[6]

Classificação[editar | editar código-fonte]

Os Strepsiptera são considerados como uma ordem monofilética[2] e compartilham tantas características com os besouros que alguns entomologistas os classificam como uma superfamília dos Coleoptera. De fato, Strepsiptera e alguns besouros parasitas (nas famílias Meloidae e Rhipiphoridae) estão entre os poucos insetos que sofrem hipermetamorfose, um tipo incomum de desenvolvimento holometabólico no qual as larvas mudam de forma corporal à medida que amadurecem.[11]

Referências

  1. a b c d e Bravo, Freddy; Pohl, Hans; Silva‐Neto, Alberto; Beutel, Rolf G. (27 de outubro de 2009). «Bahiaxenidae, a "living fossil" and a new family of Strepsiptera (Hexapoda) discovered in Brazil» (em inglês). Cladistics. 25 (Wiley Online Library). pp. 614–623. Consultado em 8 de maio de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o «Strepsiptera» (em inglês). Tree of Life Web Project. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
  3. a b c d e f BORROR, Donald J.; DELONG, Dwight M. (1969). Introdução ao Estudo dos Insetos. São Paulo: Editora Edgard Blücher/Editora da Universidade de São Paulo. p. 275-276. 654 páginas 
  4. a b c d e f g McMahon, Dino P.; Hayward, Alexander; Kathirithamby, Jeyaraney (26 de abril de 2011). «Strepsiptera» (em inglês). Quick Guide; volume 21; issue 8 (Current Biology). 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
  5. Rockwolf (25 de março de 2012). «Stylops species (poss S. melittae (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020. Eaton Mascott, England, United Kingdom. 
  6. a b c d e f g RESH, Vincent H.; CARDÉ, Ring T. (2009). Encyclopedia of Insects (em inglês). Oxford, UK: Academic Press / Elsevier - Google Books. p. 971. 1168 páginas. ISBN 978-0-12-374144-8. Consultado em 8 de maio de 2020 
  7. a b c d e Kathirithamby, Jeyaraney; Delgado, Juan A.; Collantes, Francisco (30 de junho de 2015). «Order Strepsiptera» (PDF) (em inglês). Revista IDE@ - SEA, nº 62B (SEA: Sociedad Entomológica Aragonesa). pp. 1–10. Consultado em 8 de maio de 2020 
  8. a b c d «Strepsiptera Kirby, 1813» (em inglês). GBIF. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
  9. Silva Neto, Alberto Moreira da; Bravo, Freddy (janeiro de 2014). «Strepsiptera do Semiárido» (em inglês). Artrópodes do Semiárido: Biodiversidade e Conservação (Capítulo 20) (ResearchGate). pp. 237–242. Consultado em 8 de maio de 2020 
  10. a b c d e CARRERA, Messias (1980). Entomologia Para Você 5ª ed. São Paulo, Brasil: Nobel. p. 85. 186 páginas. ISBN 85-213-0028-X 
  11. a b «Strepsiptera» (em inglês). General Entomology (NCSU). 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
  12. Quinn, Mike (Digital University of Arizona Insect Collection) (31 de julho de 2009). «Corioxenidae, Strepsiptera - male» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020. Dick Nichols District Park, Austin, Travis County, Texas, USA / July 30, 2009. 
  13. Phillips, Ed (24 de março de 2020). «Stylopised Mining Bee» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
  14. Phillips, Ed (24 de março de 2020). «Stylopised Bee - Detail» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 8 de maio de 2020 
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