Sociedades Económicas de Amigos do País

Alegoria das Belas Artes, exaltando a Real Sociedad Económica Aragonesa de Amigos del País; obra do pintor espanhol Manuel Bayeu.
Emblema da Real Sociedad Bascongada de Amigos del País, a mais antiga Sociedade Económicas de Amigos do País em Espanha.
Retrato de Pedro Rodríguez de Campomanes por Francisco Bayeu (1777). Campomanes foi o principal impulsionador das Sociedades Económicas de Amigos do País em Espanha.

As Sociedades Económicas de Amigos do País (em castelhano: Sociedades Económicas de Amigos del País) foram organizações não governamentais inspiradas nas ideias do Iluminismo que surgiram em Espanha, Irlanda e Suíça a partir da segunda metade do século XVIII, que tinham como objetivo promover o desenvolvimento dos países, nomeadamente através do estudo da situação económica e da busca de soluções para os problemas detetados.[nt 1]

Em Espanha[editar | editar código-fonte]

As Sociedades Económicas de Amigos del País promoveram a agricultura, o comércio e a indústria, e publicaram traduções e obras estrangeiras que apoiavam as ideias da Fisiocracia e do Liberalismo económico. Contavam com licença real para se constituírem e reunir, e na sua fundação intervieram os setores mais dinâmicos da sociedade: importantes figuras da nobreza e da Igreja, dos negócios, titulares de cargos públicos e artesãos.

A primeira sociedade a constituir-se foi a Real Sociedad Bascongada de Amigos del País, fundada pelo conde de Peñaflorida, Xavier María de Munibe e Idiáquez em 1765, em Azkoitia, no País Basco.[1] Dez anos mais tarde foi fundada a Real Sociedad Económica de Madrid, por iniciativa de Pedro Rodríguez de Campomanes.[2][3][4] No princípio do século XIX já existiam em Espanha 63 sociedades nas principais cidades do país.

Campomanes e outros perceberam que Espanha tardava em desenvolver-se economicamente. Viam como principais fatores negativos a falta de indústria e a baixa produtividade. Os pensadores liberais e os chamados afrancesados (administradores e pensadores influenciados pelo advento da dinastia espanhola dos Bourbons) procuraram difundir os avanços e o pensamento do Iluminismo.

Nas colónias espanholas da América[editar | editar código-fonte]

Nas colónias espanholas da América também se formaram sociedades do mesmo tipo, como foi o caso do Chile em 1812,[5] de Nova Granada em 1801, 1812 e 1835,[6] Cuba em 1787 e 1793,[7] Porto Rico, Equador, México, Peru, Panamá e Venezuela.

Nestes locais, a missão de fomentar a indústria chocava com os ditames do Mercantilismo, que enfatizava a primazia da indústria da metrópole e a obrigação das colónias em comprar os produtos de Espanha. Além disso, na cultura mais conservadora da América espanhola, a missão de propagar o Iluminismo encontrou revelou-se uma tarefa mais difícil e sofreu com a censura oficial inclusivamente de algumas obras autorizadas em Espanha. Apesar disso, alguns membros das sociedades atreveram-se a levar vários livros proibidos desde a Europa, como por exemplo, a Enciclopédia de Diderot. Esses livros foram compartilhados entre os membros das sociedades.

Embora algumas das sociedades das colónias pouco tenham passado de projetos de um aristocrata entusiasta ou uma imitação de uma moda metropolitana, houve várias que se destacaram nas suas atividades, publicando ensaios sobre novos desenvolvimentos na área da agropecuária e advogando o comércio livre, por oposição aos monopólios vigentes dos comerciantes espanhóis. A sociedade de Antigua Guatemala foi encerrada diversas vezes por ordem do intendente por atividades supostamente políticas. A de Havana ainda existe na atualidade.[7] A atividade destas sociedades é precursora do projeto de emancipação que nasce depois do cativeiro do rei em 1810.

Impacto na sociedade[editar | editar código-fonte]

Tanto em Espanha como no Novo Mundo, as sociedades foram o berço de novas formas de sociabilidade, onde os seus membros se reuniam em público para debater os temas do dia. Nestas reuniões participavam pessoas de diversas classes sociais. As sociedades normalmente organizavam-se formalmente, conservando registos das atividades de cada reunião e elegendo os corpos gerentes para as funções oficiais do grupo.

Notas

  1. O texto deste artigo foi inicialmente baseado em tradução do artigo artigo «Sociedades Económicas de Amigos del País» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).

Referências

  1. «Historia de la Real Sociedad Bascongada de Amigos del País» (em espanhol). Real Sociedad Bascongada de los Amigos del País. 15 de maio de 2001. Consultado em 20 de maio de 2010 
  2. Rodríguez Campomanes, Pedro (1774). «Discurso sobre el fomento de la industria popular». Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (em espanhol). Imprenta de Antonio Sancha. Consultado em 20 de maio de 2010 
  3. Rodríguez Campomanes, Pedro (1775). «Discurso sobre la educación popular de los artesanos y su fomento». Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes (em espanhol). Imprenta de Antonio Sancha. Consultado em 20 de maio de 2010 
  4. Negrín Fajardo, Olegario (1987). Educación popular en la España de la segunda mitad del siglo XVIII (em espanhol). Madrid: Universidade Nacional de Educação à Distância. ISBN 84-362-2264-4 
  5. «Se organiza la Sociedad Económica de Amigos del País». Aurora de Chile (em espanhol). Newtenberg Publicaciones Digitales. Consultado em 20 de maio de 2010 
  6. «Las Sociedades Económicas de Amigos del Pais en el Nuevo Reino de Granada» (em espanhol). Bogotá, Colômbia: Sociedade Económica de Amigos del Pais en Colombia. Consultado em 20 de maio de 2010. Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2008 
  7. a b Valle, Adrián del. «La Sociedad Económica de Amigos del País». www.amigospais-guaracabuya.org (em espanhol). Consultado em 20 de maio de 2010. Cópia arquivada em 20 de maio de 2010 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Popescu, Oreste (1997). Studies in the history of Latin American economic thought (em inglês). Londres: Routledge 
  • Schafer, Robert J. (1958). The economic societies in the Spanish world, 1763-1821 (em inglês). Syracuse (Nova Iorque): Syracuse University Press 
  • Rios-Bustamante, Antonio (1992). Mexican Los Ángeles: A Narrative and Pictoral History. Nuestra Historia Series, Monograph No. 1 (em inglês). Encino (Los Angeles): Floricanto Press. ISBN 0917-45-194X Verifique |isbn= (ajuda)