Serra das Éguas

Serra das Éguas
—  acidente geográfico  —

A serra em época de estiagem.
Localização
Serra das Éguas está localizado em: Bahia
Serra das Éguas
Localização da Serra das Éguas na Bahia.
Coordenadas 14° 09' 31" S 41° 43' 28" O
Continente América
País  Brasil
Unidade federativa Bahia Bahia
Município  Brumado
Região geográfica América do Sul
Características gerais
Tipo
Cordilheira Serra do Espinhaço
Dimensões
Área 142 km²
Comprimento 18 km
Largura 10 km

A Serra das Éguas é um conjunto de montanhas localizada no município de Brumado, sudoeste do estado brasileiro da Bahia, no sítio geológico Cráton do São Francisco. A serra possui uma composição mineral em carbonato de magnésio, portanto rica em magnesita e ferro, e na atualidade abriga a terceira maior mina do minério a céu aberto do mundo.[1][2][3] A produção correspondeu a 3% do volume mundial em 2001, segundo a Magnesita S.A., empresa detentora dos direitos de mineração desde 1940.[4][5]Há outras empresas que também exploram o talco, o mineral filossilicato, existente na serra.

Vegetação e clima[editar | editar código-fonte]

O local possui uma área de 142 quilômetros quadrados, sendo 10 quilômetros de largura e 18 quilômetros de comprimento e altitude de 1.100 metros, o que contribui para uma vegetação de campos rupestres, típico da Mata Atlântica brasileira,[6] além da caatinga hipoxerófita, caracterizada por árvores de pequeno porte e arbustos espinhentos. O clima representativo da região é o tipo estepe tropical.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Gráfico de minerais ocorrentes
no subsolo de Brumado

Fonte: Roberta Vargas (Ufba)[7]

  Filossilicato (31%)
  Magnesita (23%)
  Vermiculita (15%)
  Ferro (6%)
  Turmalina (4%)
  Quartzo (2%)
  Cobre (2%)
  Calcita e pedra de construção, 2% cada (4%)

Seu topônimo tem origem na antiga Fazenda Serra das Éguas, que em meadas da década de 1760, pertencia ao padre André Antunes da Maia.[8] Em 1889, M. Daubrée apresentou à Academia de Ciência de Paris, o primeiro relato sobre o minério na serra. Esse trabalho foi realizado por Augusto de Saxe-Coburgo-Gota. Porém, em 1868, Exupério Pinheiro Canguçu, o último senhor do Sobrado do Brejo (um dos proprietários da fazenda Campo Seco, nome posterior da fazenda Serra das Éguas), já explorara minério de ferro no local, e instalara uma fábrica para produção de objetos, como ferramentas agrícolas, utensílios domésticos, pregos e fechaduras. A fazenda Campo Seco só foi vendida em 1939.[9]

No final da década de 1930, os franceses Georges Louis Minviele e Miguel Pierre Cahen,[10] após consultarem o Departamento Nacional de Produção Mineral, na capital brasileira, tomaram conhecimento de uma amostra de magnesita e estudos incompletos deste minério, encontrados em regiões do sul da Bahia.[10] De posse destas informações e com a ajuda de um Ford-29 e em lombos de burros, os franceses percorreram as cidades de Jequié, Bom Jesus dos Meiras (atual Brumado), precisamente nas localidades de Pirajá e Pedra Preta, estudando e pesquisando a composição rochosa da região. Após constatado a alta incidência de magnesita, principalmente na serra das Éguas, retornaram ao Rio de Janeiro, registrando uma concessão de exploração e fundaram a Sociedade Magnesita Limitada (atual Magnesita Refratários S.A.).[4][10] Sem recursos financeiros para a exploração em escala industrial, Minviele e Cahen associaram-se com o médico, banqueiro e futuro político Antônio Mourão Guimarães[11] e Louis Ensch (então presidente da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira) para consolidar a empresa, que na atualidade, no Brasil, é uma das maiores exploradoras de matéria-prima na produção de material refratário.[12][13][10]

Referências

  1. Revista Bahia, Terra de Todos Nós, pag. 18
  2. Aspectos geológicos e mineralizaçães na área de Brumado: Magnesita na Serra das Éguas - Curso de Pós-Graduação em Geologia - Lima, Raif C. C. (1986) Universidade Federal da Bahia - acessado em 7 de julho de 2015
  3. Serra das Éguas - a terceira maior mina de magnesita a céu aberto do mundo Wikimapia - acessado em 7 de julho de 2015
  4. a b c Magnesita - Luis Rodrigues A. Garcia - Paulo Roberto G. Brandão - Rosa Malena F. Lima (PDF), Centro de Tecnologia Mineral, consultado em 8 de julho de 2015 
  5. Magnesita 2° edição (revisada) Arquivado em 23 de dezembro de 2015, no Wayback Machine., acessaso em 09 de novembro de 2015
  6. Campo Rupestre Arquivado em 21 de janeiro de 2016, no Wayback Machine. Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - acessado em 7 de julho de 2015
  7. Roberta Vargas Dias (2012). A estratégia do desenvolvimento de Brumado. Salvador: [s.n.] p. 45 
  8. A origem do nome Brumado Arquivado em 23 de setembro de 2015, no Wayback Machine. Município de Brumado - acessado em 7 de julho de 2015
  9. Exupério Pinheiro Canguçu Arquivado em 2015-12-23 na Archive.today - Portal Brumado, acessado em 24 de abril de 2016
  10. a b c d Nota deFalecimento: Faleceu no dia 07 de janeiro de 2012, o Sr. Georges Louis Minvielle com 102 anos de idade Sociedade dos Ex-Alunos da Escola de Minas de Ouro Preto em Belo Horizonte - acessado em 10 de julho de 2015
  11. Teve ampla repercussão na capital mineira o discurso de deputado Antônio Mourão Guimarães rebatendo a insidiosa campanha de um deputado trabalhista contra a Cia. Siderúrgica Belgo-Mireira - Jornal Diário da Noite - edição de 9 de agosto de 1948 Biblioteca nacional - Hemeroteca Digital Brasileira - acessado em 10 de julho de 2015
  12. Livro Memórias e Desenvolvimento de Lucas Lopes CPDOC da Fundação Getúlio Vargas - acessado em 10 de julho de 2015
  13. História da Empresa Institucional Magnesita - acessado em 10 de julho de 2015