Sônia Guajajara

Sônia Guajajara
Sônia Guajajara
Posse da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em Janeiro de 2023.
1.ª Ministra dos Povos Indígenas do Brasil
Período 1.º de janeiro de 2023 até a atualidade
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Antecessor(a) Cargo criado
Deputada federal por São Paulo
Período 1.º de fevereiro de 2023
até a atualidade[nota 1]
Dados pessoais
Nome completo Sônia Bone de Sousa Silva Santos
Nascimento 6 de março de 1974 (50 anos)[1]
Terra Indígena Arariboia, Bom Jesus das Selvas , MA
Alma mater Universidade Estadual do Maranhão
Partido PT (2000-2011)
PSOL (2011-presente)
Profissão professora, enfermeira

Sônia Bone de Sousa Silva Santos[2], conhecida como Sônia Guajajara OMC (Terra Indígena Arariboia, Bom Jesus das Selvas,[3] 6 de março de 1974), é uma líder indígena brasileira e política filiada ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).[4][5][6] É formada em Letras e em Enfermagem, especialista em Educação especial pela Universidade Estadual do Maranhão.[7] Recebeu em 2015 a Ordem do Mérito Cultural.[8] Em 2022 foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.[9]

Atualmente, a liderança indígena é coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e integrante do Conselho da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais do Brasil, iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)[10].

Em 2022, Sônia integrou a equipe de transição do terceiro governo Lula e foi anunciada como a primeira ministra dos Povos Índigenas.[11] Em 2023, foi apontada uma das 100 mulheres mais inspiradoras do mundo pela BBC.[12]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sônia é do povo guajajara/teneteara, que habita nas matas da Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Seus pais eram analfabetos, mas aos 10 anos, saiu da sua terra para estudar na cidade de Imperatriz. Onde trabalhou em casas de família em troca de moradia.[13]

Deixou Arariboia, aos quinze anos, contrariando a vontade dos pais, para estudar o ensino médio, em Minas Gerais, com o suporte da Funai. Após se formar na escola, retornou ao Maranhão e estudou Letras e Enfermagem na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Além das duas graduações, Guajajara fez pós-graduação em Educação Especial. Foi conquistando espaço com a militância e ganhou projeção em órgãos internacionais, como no Conselho de Direitos Humanos da ONU.[14]

Trajetória política[editar | editar código-fonte]

Sua militância em ocupações e protestos começou na coordenação das organizações e articulações dos povos indígenas no Maranhão (COAPIMA) e levou-a à coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Antes disso, ainda passou pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).[15][16]

Em 2017, Alicia Keys, artista engajada com diversas causas sociais, cedeu seu espaço no palco principal do Rock in Rio para que a líder indígena Sônia Guajajara discursasse pela demarcação de terras na Amazônia, momento em que foi ovacionada pelo público ao som de "Fora Temer!". A fala aconteceu durante a execução da música "Kill Your Mama", que aborda justamente a devastação do meio ambiente.[17][18]

Em 31 de novembro de 2017, Sônia Guajajara foi apresentada pelo setorial ecossocialista do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) como pré-candidata à presidência da república.[19] Através de um manifesto "Por uma candidatura indígena, anticapitalista e ecossocialista"[20] no site 518anosdepois.com, que faz menção aos 518 anos da colonização europeia no Brasil.

No dia 3 de fevereiro de 2018, Sônia Guajajara foi lançada como pré-candidata a vice-presidente da república na chapa encabeçada por Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, tornando-se a primeira pré-candidata de origem indígena à presidência da república.[21] A chapa Boulos/Sônia alcançou a 9.º colocação no primeiro turno da eleição presidencial, com 617.122 votos.

Sônia Guajajara tem voz no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e já levou denúncias às Conferências Mundiais do Clima (COP) e ao Parlamento Europeu.[22]

Em 22 de março de 2022, Sônia foi confirmada como pré-candidata ao cargo de deputada federal pelo estado de São Paulo nas eleições legislativas deste ano.[23] Em 03 de outubro do mesmo ano ela se torna a primeira indígena a ser eleita deputada federal pelo estado de São Paulo.[24] Foi eleita com 156.966 votos.[25]

Ministra dos Povos Índigenas[editar | editar código-fonte]

Assinando o termo de posse no cargo de Ministra de Estado dos Povos Originários.

Em dezembro de 2022, Sonia foi anunciada como a primeira ministra dos Povos Índigenas.[11]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Em novembro de 2017, durante a realização da COP 23 em Bonn, na Alemanha, Sônia declarou que a presença da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) no evento, do qual era integrante, só foi possível graças ao financiamento de ONGs como a Fundação Ford, dos EUA.[26][27][28]

Desempenho eleitoral[editar | editar código-fonte]

Ano Eleição Partido Candidata a Votos % Resultado
2018 Presidencial no Brasil PSOL Vice-presidente

Titular: Guilherme Boulos (PSOL)

617.122 0,58% Não eleita[29]
2022 Estaduais em São Paulo Deputada federal 156.966 0,66% Eleita[24]

Vida Pessoal[editar | editar código-fonte]

Sônia Guajajara é mãe de Yaponã, 22 anos, Mahkai, 20, Ywara, 16, e Intaniara, que morreu de hepatite aos 2 anos. Ela é chamada de “Soninha” por amigos e familiares e já foi casada por 18 anos com Lindomir, pai de seus filhos, de quem se separou em 2014.[13]

Premiações e reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Notas

  1. Licenciada desde 1º de fevereiro de 2023 para assumir o Ministério dos Povos Indígenas.

Referências

  1. «Sônia Guajajara». UOL Notícias. 21 de setembro de 2018. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  2. «3 boatos verificados nesta semana para você ficar de olho». Nexo Jornal 
  3. «Poder360 | SÔNIA GUAJAJARA». eleicoes.poder360.com.br. Consultado em 6 de janeiro de 2023 
  4. «"É hora de ir para cima, para o embate"». CartaCapital. 28 de setembro de 2013. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  5. «História de vida». ALICE – Espelhos Estranhos, Lições Imprevistas. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  6. «Sônia Guajajara: O reconhecimento e respeito pelos povos indígenas vão além da garantia por cidadania». Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. 4 de maio de 2015. Consultado em 5 de novembro de 2018. Arquivado do original em 29 de setembro de 2015 
  7. «Sonia Bone Guajajara - Xapuri». Xapuri. 17 de novembro de 2015 
  8. «Conheça os agraciados com a OMC em 2015». Ministério da Cultura. 6 de novembro de 2015. Consultado em 5 de novembro de 2018. Arquivado do original em 23 de setembro de 2018 
  9. «Time elege Guajajara e cientista Tulio de Oliveira entre 100 mais influentes». Folha de S.Paulo. 23 de maio de 2022. Consultado em 23 de maio de 2022 
  10. «Sonia Guajajara». APIB. Consultado em 23 de maio de 2022 
  11. a b «Sônia Guajajara é anunciada por Lula como ministra dos Povos Indígenas; veja perfil». G1. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  12. a b «BBC 100 Women 2023: Quem está na lista este ano? - BBC News Brasil». News Brasil. Consultado em 13 de dezembro de 2023 
  13. a b Sganzerla, Carol (5 de setembro de 2018). «Sônia Guajajara: a primeira indígena a concorrer ao pleito presidencial quer a defesa do meio ambiente no Palácio do Planalto». Revista Marie Claire. Consultado em 17 de março de 2022 
  14. «Sonia Guajajara». APIB. Consultado em 17 de março de 2022 
  15. “O Estado brasileiro não sabe dialogar com a diversidade”. WWF Brasil, 17 de abril de 2015
  16. Sonia Guajajara, da COIAB, entrega Motoserra de Ouro a Kátia Abreu Arquivado em 17 de novembro de 2015, no Wayback Machine.. Racismo Ambiental, 9 de dezembro de 2010
  17. “Alicia Keys recebe líder indígena no RiR e público vibra com "Fora Temer"”. UOL, 17 de setembro de 2017
  18. “Rock in Rio: Alicia Keys faz o maior protesto político do festival”. O Estado de São Paulo - Estadão, 17 Setembro 2017
  19. «Setorial Ecossocialista do PSOL apresenta pré-candidatura de Sônia Guajajara à presidência do Brasil». Subverta. 1 de dezembro de 2017 
  20. «518 anos depois». www.518anosdepois.com. Consultado em 6 de dezembro de 2017. Arquivado do original em 7 de dezembro de 2017 
  21. Online, O Povo. «Guilherme Boulos e Sonia Guajajara lançarão pré-candidatura pelo PSOL». O Povo. Consultado em 4 de março de 2018 
  22. «Conheça Sônia Guajajara». Partido Socialismo e Liberdade. Consultado em 19 de maio de 2018 
  23. «Sônia Guajajara será candidata a deputada federal por São Paulo». Brasil de Fato. Consultado em 23 de maio de 2022 
  24. a b «Eleições em São Paulo». G1. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  25. «Cinco indígenas são eleitos para a Câmara dos Deputados - Notícias». Portal da Câmara dos Deputados. 3 de outubro de 2022. Consultado em 9 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 6 de outubro de 2022 
  26. «Guerra Híbrida – Fundação Ford patrocina delegação indígena crítica do Agronegócio Brasileiro na COP 23 – DefesaNet». Consultado em 22 de janeiro de 2023 
  27. «Bilionários da Fundação Ford financiam grupos extremistas que atacam agronegócio do Brasil». www.noticiasagricolas.com.br. Consultado em 22 de janeiro de 2023 
  28. «Povos indígenas do Brasil participam de capacitação sobre mudanças climáticas: uma parceria da RCA com APIB, COIAB, OPAN e GOTA – RCA – Rede de Cooperação Amazônica». rca.org.br. Consultado em 22 de janeiro de 2023 
  29. «Resultado da apuração para presidente das Eleições 2018.». G1. Globo. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  30. «The 100 Most Influential People of 2022». Time (em inglês). Consultado em 23 de maio de 2022 
  31. «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 220, terça-feira, 21 de novembro de 2023». Imprensa Nacional. 21 de novembro de 2023. p. 11. Consultado em 23 de janeiro de 2024 
  32. «Uerj aprova concessão de títulos Honoris Causa à ministra Sonia Guajajara e ao professor Pedro Geiger». Uerj. 5 de abril de 2024. p. 11. Consultado em 6 de abril de 2024