Perturbação ionosférica súbita

Uma perturbação ionosférica súbita (PIS) é qualquer das diversas perturbações ionosféricas resultantes de ionização ou densidade de plasma anormalmente altas na região D da ionosfera, causadas por uma erupção solar e/ou evento de partícula solar. A PIS resulta num aumento súbito na absorção de ondas de rádio, que é mais severa nas médias frequências superiores e nas altas frequências inferiores, causando frequentemente interrupções ou interferências nos sistemas de telecomunicações.[1]

Descobrimento[editar | editar código-fonte]

O efeito Dellinger, às vezes chamado efeito Mögel-Dellinger, é outro nome para a perturbação ionosférica súbita.[2] O efeito foi descoberto por John Howard Dellinger por volta de 1935 e também descrito pelo físico alemão Hans Mögel em 1930. Os eventos são caracterizados pelo início súbito e por uma recuperação que leva minutos ou horas.

Causa[editar | editar código-fonte]

Quando uma erupção solar ocorre no Sol, uma explosão intensa de radiação ultravioleta e raios X (às vezes até de raios gama) atinge o lado iluminado da Terra, depois de um tempo de propagação de cerca de 8 minutos. Esta radiação de alta energia é absorvida por partículas atmosféricas, levando-as a estados de excitação e deixando elétrons livres no processo de fotoionização. As camadas ionosféricas de baixa altitude (regiões D e E) imediatamente aumentam em densidade em todo o lado iluminado. A perturbação ionosférica amplifica a propagação de frequências muito altas (VLF) de rádio. Cientistas na Terra podem usar esta amplificação para detectar erupções solares; monitorando a potência do sinal de um transmissor distante de VLF, a PIS é gravada e indica quando as erupções solares ocorrem.[3] O pequeno efeito geomagnético na baixa ionosfera aparece como um pequeno gancho nas gravações magnéticas e é, portanto, chamado “efeito geomagnético de crochê” ou “efeito súbito de campo”.[4]

Efeitos nas ondas de rádio[editar | editar código-fonte]

Ondas curtas de rádio (na faixa de alta frequência) são absorvidas pelo aumento das partículas na ionosfera de baixa altitude, causando um completo apagão nas comunicações com rádio. Isto é chamado fadeout de ondas curtas. Esses fadeouts duram alguns minutos ou algumas horas e são mais severos nas regiões equatoriais, onde o Sol incide mais diretamente. A perturbação ionosférica amplifica a propagação de rádio de ondas longas (VLF). As PIS são observadas e gravadas monitorando-se a potência do sinal de transmissores VLF distantes. Existe um conjunto completo de subclasses de PIS, detectáveis por diferentes técnicas em vários comprimentos de onda: o fadeout de ondas curtas (short-wave fadeout – SWF), a Anomalia de Fase Súbita (Sudden Phase Anomaly – SPA), o Desvio Súbito de Frequência (Sudden Frequency Deviation – SFD), a Absorção Súbita de Ruído Cósmico (Sudden Cosmic Noise Absorption – SCNA), a Amplificação Súbita da Atmosfera (Sudden Enhancement of Atmospherics), etc.

Referências

  1. Federal Standard 1037C Glossary of Telecommunications Terms, http://www.its.bldrdoc.gov/fs-1037/fs-1037c.htm, retrieved 2011 dezembro 15
  2. Davies, Kenneth (1990). Ionospheric Radio. Col: IEE Electromagnetic Waves Series #31. London, UK: Peter Peregrinus Ltd/The Institution of Electrical Engineers. pp. 316–317. ISBN 978-0-86341-186-1 
  3. AAVSO: SIDs - Sudden Ionospheric Disturbances[ligação inativa]
  4. Bartels, J; Bartels, J., (editor.); SpringerLink (Online service) (1967), Geophysik III, ISBN 978-3-642-46082-1, Springer Berlin Heidelberg, p. 362