Parque das Neblinas - Instituto Ecofuturo

Parque das Neblinas - Instituto Ecofuturo
Localização Mogi das Cruzes e Bertioga,  São Paulo
País  Brasil
Tipo Privado
Área 6010 hectares
Inauguração 2004
Administração Instituto Ecofuturo
Nº de visitas anuais pré-agendada

O Parque das Neblinas - Instituto Ecofuturo é uma reserva ambiental situada entre os municipios de Mogi das Cruzes e Bertioga, no Estado de São Paulo. Fundado em 2004, destaca-se por ser uma área de proteção e conservação do bioma de Mata Atlântica e de sua biodiversidade. É considerado como uma zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar. Também é reconhecido como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, pela UNESCO[1]. Ainda é uma importante área de proteção das nascentes do rio Itatinga, que atravessa a Serra do Mar.

O Instituto Ecofuturo, uma instituição sem fins lucrativos, é responsável pela gestão do parque, promovendo atividades de ecoturismo, educação ambiental, pesquisa científica, manejo e restauração florestal, além da participação comunitária. Suas ações no Parque das Neblinas já foram reconhecidas por diversos prêmios nacionais de cunho ambiental.

História[editar | editar código-fonte]

Entre as décadas de 1940 e 1950, a área onde se localiza o Parque das Neblinas já tinha tido a sua vegetação original, a Mata Atlântica, devastada para produção de lenha e carvão vegetal a partir da queima da madeira. Este produto foi destinado inicialmente, à produção de gasogênio como alternativa de combustível durante a Segunda Guerra Mundial e, posteriomente, para alimentar a indústria siderúrgica que se implantava na Grande São Paulo. Essa vegetação foi substituída, então, pelo plantio de eucaliptos[2].

Em 1955, a empresa Suzano Papel e Celulose começou a produzir estes produtos a partir de 100% de fibra de eucalipto, como uma alternativa ao uso do pinus como matéria-prima. Em 1961, essa técnica é aplicada em escala industrial pela primeira vez no Brasil[3], na fábrica localizada no município de Suzano, no Estado de São Paulo. Visando ampliar a produção, a empresa adquiriu o terreno no município vizinho de Mogi das Cruzes em 1966.

Já nos anos 1990, esse terreno foi apontado pela Suzano como uma possível área destinada à conservação ambiental. Além dos talhões de eucaliptos, haviam vários fragmentos de mata nativa. Optou-se por interromper a produção madeireira pelo fato da área constituir um grande manancial, com abundância de nascentes, e por conter terrenos bastante íngremes e com solos suscetíveis à erosão[4].

Para estabelecer a reserva, foi fundado o Instituto Ecofuturo em 1999. Já o Parque das Neblinas foi fundado no ano de 2004. À princípio, sua área contava com 2800 hectares. Em 2012, a Fazenda Pedra Branca foi adquirida, ampliando o parque para 6010 hectares.[5]

Instituto Ecofuturo[editar | editar código-fonte]

A gestão do Parque das Neblinas é feita pelo Instituto Ecofuturo, uma organização sem fins lucrativos fundada pela Suzano, com o intuito de promover a conservação das áreas naturais e do conhecimento. Fundada em 1999 e mantida pela Suzano, o Instituto atua como articulador entre sociedade civil, poder público e o setor privado.

O Instituto facilita a realização de pesquisas científicas no bioma da Mata Atlântica incidente no Parque das Neblinas, bem como aplica programas de manejo e restauração florestal dos fragmentos de mata nativa, que hoje estão em diferentes estágios de regeneração. Outra atividade importante do Instituto são a instauração de bibliotecas comunitárias em vários Estados do Brasil. A entidade também promove um programa de educação ambiental em conjunto com escolas públicas do entorno do Parque das Neblinas, envolvendo educadores e alunos em atividades nas quais o contexto seja a integração com o ambiente natural.[6]

Biodiversidade[editar | editar código-fonte]

Margens do rio Itatinga, no Parque das Neblinas

O Parque é uma importante área de proteção das águas do rio Itatinga, abrangendo quase 50% de sua bacia hidrográfica e o total de 515 nascentes. Este rio é um importante curso d'água na Serra do Mar, já que abastece a Usina Hidrelétrica da Vila Itatinga, que fornece energia para o Porto de Santos[7]. O Parque ainda conta com 15 nascentes da bacia hidrográfica do Alto Tietê.

Anta, um dos mamíferos ameaçados que ocorre na área do Parque das Neblinas.

De acordo com o Instituto Ecofuturo, o Parque das Neblinas agrega 1330 espécies de fauna e flora. Deste total, a área protege 41 espécies enquadradas nas categorias Vulnerável (VU) e Em Perigo (EN) das listas brasileiras de espécies ameaçadas de extinção, sendo 19 da flora (como o palmito-juçara e a araucária) e 22 da fauna (a exemplo do primata muriqui e da anta-brasileira).[2]

Foram identificadas no Parque das Neblinas três novas espécies de anfíbios: o sapinho da barriga-vermelha (Parateumatobius yepiranga), o sapinho da garganta-preta (Adenomera ajurauna)[7] e o sapinho da neblina (Brachycephalus Ibitinga) [8].

Além de anfíbios, o Parque se destaca também pela variedade de espécies de aves, peixes, felinos, roedores, formigas, borboletas, morcegos e outros animais.

À respeito da flora, o Parque também se destaca pela presença de microorquídeas e bromélias.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

O Parque possui uma série de atividades voltadas para o ecoturismo, que permitem ao visitante interagir com os elementos da Mata Atlântica. Existe uma rede de trilhas autoguiadas (nível de dificuldade fácil) e trilhas monitoradas (nível de difículdade moderado), que totalizam mais de 20 km de percurso. Há ainda atividades de canoagem com botes infláveis no rio Itatinga, uma área reservada para camping e um restaurante. Todas as atividades devem ser agendadas previamente.

A área ainda conta com um Centro de Visitantes onde são realizadas palestras e oficinas com temática ambiental.

Programa Meu Ambiente[editar | editar código-fonte]

Desde 2010, o Parque das Neblinas promove a educação ambiental de crianças e educadores de escolas públicas de Mogi das Cruzes, Bertioga e Suzano, por meio do programa Meu Ambiente. O objetivo do programa é promover o uso do ambiente natural como espaço educador e estimular educadores, junto aos estudantes, a desenvolverem projetos nas escolas que aumentem o contato com a natureza e a conscientização ambiental. Durante esse tempo, o programa formou mais de 380 educadores, 9 mil alunos e contou com a participação de cerca de 200 escolas públicas da região.[9]

A metodologia do programa é dividida em 5 fases. A fase 1 consiste no encontro dos educadores no Parque das Neblinas e é uma fase essencial para o professor entender a essência do contato com a natureza. Logo após, a segunda fase propõe a realização de atividades em sala de aula com os alunos, com o intuito de para prepará-los para o encontro na natureza. Na fase 3, finalmente os alunos devem começar a entrar em contato com a natureza no Parque das Neblinas, estágio em que ocorre a sensibilização desses estudantes. As fases 4 e 5 vão concluir o programa e, em um primeiro momento, os educadores vão criar um espaço com seus alunos onde esses podem expressar como foi a vivência, em seguida um novo encontro será feito apenas com os educadores na reserva onde eles poderão compartilhar suas impressões e aprendizados desse processo. [9]

O programa também desenvolve e-books que contém relatos dos projetos realizados pelos educadores nas escolas nas edições de 2021 e 2022.

EDUCAÇÃO E NATUREZA: INSPIRAÇÕES E PRÁTICAS NA COMUNIDADE ESCOLAR | 2021

EDUCAÇÃO E NATUREZA: INSPIRAÇÕES E PRÁTICAS NA COMUNIDADE ESCOLAR | 2022

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Como resultado de suas ações desde sua fundação, o Parque das Neblinas - Instituto Ecofuturo foi reconhecido com os seguintes prêmios:

  • 2006: Prêmio Brasil Ambiental, da AMCHAM – Câmara Americana de Comércio, na categoria "Florestas pela defesa e conservação da Mata Atlântica, incentivo à pesquisa científica e integração com a comunidade de entorno";
  • 2019: Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza 2019, na categoria "Melhor Exemplo em Biodiversidade";

Referências

  1. «Parque das Neblinas». Ecofuturo. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  2. a b Plano de Manejo - RPPN Ecofuturo. [S.l.]: Ecofuturo. 2020. p. p.30 
  3. «História». Suzano. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  4. ONOFRE, Felipe F. (2009). Restauração da Mata Atlântica em antigas unidades de produção florestal com Eucalyptus saligna Smith. no Parque das Neblinas, Bertioga, SP (PDF). São Paulo: Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo (USP). p. p.11 
  5. «Linha do tempo». Ecofuturo. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  6. «Educação Ambiental». Ecofuturo 
  7. a b Plano de Manejo do Parque das Neblinas (PDF). [S.l.]: Ecofuturo. 2019. p. p.103 
  8. «Sapinho da neblina: conheça a nova espécie identificada no parque». Ecofuturo. 16 de julho de 2022. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  9. a b «Educação Ambiental - Ecofuturo». Ecofuturo. Consultado em 19 de junho de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]