Parque Nacional de Pacaás Novos

Parque Nacional de Pacaás Novos
Categoria II da IUCN (Parque Nacional)
Parque Nacional de Pacaás Novos
Localização
Localização  Rondônia
País  Brasil
Localidade mais próxima Campo Novo de Rondônia, Guajará Mirim, Nova Mamoré, Alvorada do Oeste, Governador Jorge Teixeira, Mirante da Serra, São Miguel do Guaporé
Dados
Área &0000000000708664.300000708 664,30 hectares (7 086,6 km2)
Criação 21 de setembro de 1979 (44 anos)
Gestão ICMBio
Coordenadas 11° 8' 22" S 63° 20' 35" O
Parque Nacional de Pacaás Novos está localizado em: Brasil
Parque Nacional de Pacaás Novos

O Parque Nacional de Pacaás Novos foi criado pelo decreto Nº 84.019, de 21 de setembro de 1979.[1] A ocupação acelerada da nova fronteira agrícola representada pelo estado de Rondônia, iniciada na década de 1970, tornou imprescindível a proteção de parte de seus recursos naturais. Nesse sentido a criação do Parque resultou de estudos desenvolvidos em 1978 no âmbito dos extintos IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) e SUDECO (Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste), com os objetivos específicos de preservar amostras representativas dos ecossistemas da região, transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, além de áreas onde encontram-se duas espécies raras da família Podocarpaceae (Podocarpus raspiliosii e Podocarpus selovii), de ocorrência restrita na Amazônia. O parque tem área total de 764.801 ha e seu Plano de Manejo foi elaborado em 1984. É administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Localização e acesso[editar | editar código-fonte]

Localiza-se na região central do estado, estendendo-se pelos municípios de Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Campo Novo de Rondônia, São Miguel do Guaporé, Monte Negro, Governador Jorge Teixeira, Alvorada d'Oeste e Mirante da Serra, no local onde se desenvolve a serra dos Pacaás Novos, enquadrado dentro das coordenadas geográficas 10º 30' - 11º 50' de latitude sul e 62º 30' - 64º 10' de longitude oeste de Greenwich. O acesso pode ser por via terrestre e fluvial, embora as precárias condições das estradas BR-421 e BR-429 recomendem que o ICMBio seja consultado antes de qualquer visita. Cerca de dois terços do Parque coincide com áreas ocupadas pelas nações indígenas Uru-eu-wau-wau e Uru-pa-in.

Clima[editar | editar código-fonte]

O clima é quente e úmido, do tipo equatorial, com dois a tres meses secos. O período chuvoso vai de novembro a março, quando se concentram 70% da precipitação anual, que é de 2.000 a 2.500 mm. O inverno (junho, julho, agosto) corresponde à estação seca. A temperatura média é de 25 ºC.

Vegetação[editar | editar código-fonte]

A vegetação é um grande mosaico. Nas partes mais altas observam-se extensas áreas de cerrado e, nos vales e encostas, áreas de formações florestais tipicamente amazônicas. Ocorrem, ainda, grandes áreas de contato entre o cerrado e floresta.

O domínio morfoestrutural "Planalto Dissecado do sul da Amazônia" é caracterizado por um relevo ondulado, de alongados espigões, escarpas íngremes e topos ligeiramente planos, cujas cotas situam-se entre 200 e 300 metros, tendo em geral vales em forma de 'V" e vertentes desnudas. Assim, a vegetação nesse conjunto de pequenas serras é, em geral, constituída de mata rala, que passa a uma vegetação de grande porte quando as vertentes começam a perder declividade. Domina a Floresta Ombrófila Aberta Submontana (46%), apresentando ainda: Vegetação de Contato Savana/Floresta Ombrófila (18,3%), Savana Arborizada (8,8%), Savana Densa (8,05%), Savana Parque (7,8%), Floresta Ombrófila Densa Submontana (6%), Savan Gramínea-Lenhosa (1,6%), e outras.

Hidrografia[editar | editar código-fonte]

O Parque congrega uma rede de drenagem que apresenta padrão dendrítico e, localmente, radial. Rios e igarapés que nascem nas Serras dos Pacaás Novos e Uopiane, formam corredeiras e cachoeiras de grande beleza, fortemente influenciadas pelo controle litológico. Essa rede engloba as tres principais bacias hidrográficas do estado: Guaporé, Mamoré e Madeira, sendo caracterizada pelas seguintes unidades: Nascentes do Rio Pacaás Novos (tributário do Rio Mamoré, que constitui fronteira natural entre o Brasil e a Bolívia), a sudoeste da serra do mesmo nome. Nascentes dos rios Jaci Paraná (tributário do rio Madeira), e Candeias (tributário do rio Jamari), a nordeste do Parque. Nascente do rio Jamari (onde se construiu a Usina Hidrelétrica de Samuel, principal supridora de energia elétrica do estado, tributário do rio Madeira), na parte central do Parque.

Nascentes do Rio Urupá, do Rio Muqui e de outros tributários da margem esquerda do rio Machado, o principal curso d'água da região central do estado, às margens do qual localiza-se Ji-Paraná, a segunda maior cidade de Rondônia, a noroeste do parque.

Afuentes do rio Guaporé, que é também fronteira natural entre o Brasil e a Bolívia, entre os quais os rios São Miguel e Cautário, na parte sul do Parque

Fauna[editar | editar código-fonte]

A fauna é muito diversificada, encontrando-se elementos faunísticos característicos da Amazônia e do Cerrado. Encontram-se aí aves como: arara-azul, papagaio-juru, papagaio-tuim, tucano-de-bico-amarelo, gavião, jandaia, jacu, periquito, curica, araçari, urubu-rei, inhambu, etc. Mamíferos como: porco-do-mato, caititu, gato-do-mato, onça-pintada, onça-preta, sussuarana, jaguatirica, veado-campeiro, cutia, lebre, anta, macacos (macaco-prego, macaco-da-noite, gogó-de-sola e gogó-de-cacheudo), tatus (tatu-canastra, tatu-galinha e tatu-rabo-de-sola) e tamanduás (tamanduá-bandeira e tamanduá-mirim).

Relevo[editar | editar código-fonte]

O relevo do Parque mostra estruturas geológicas complexas, onde bacias sedimentares dominantes são contidas entre estruturas de escudos cristalinos, mostrando que é apenas aparente a homogeneidade da topografia na bacia sedimentar do Amazonas.

Os tipos de relevo exibem feições associadas às unidades litoestratigráficas dos períodos geológicos Arqueano, Proterozóico e Cenozóico. No caso dos terrenos mais antigos, onde ocorrem rochas do complexo basal, as formas topográficas são planas e suavemente onduladas, com altitudes não superiores a 200 metros.

Nas áreas onde ocorrem granitos proterozóicos, não obstante o relevo ser bastante semelhante ao das áreas mais antigas, podem-se observar, localmente, morrotes de forma alongada. É comum, nesses terrenos proterozóicos, altitudes superiores a 300 metros onde podem ser observados relevos tabulares dissecados, muitas vezes sob forma de colinas, cristas e interflúvios tabulares.

Com maior distribuição, os relevos associados às unidades cenozóicas atingem altitudes que variam entre 200 metros (colinas arredondadas de coberturas lateríticas), e 100 metros (planícies colúvio- aluvionares) que ocorrem ao longo dos principais rios.

O ponto culminante é o Pico do Tracoá, com 1.126m de altura, o mais alto do Estado[2].

Geomorfologia[editar | editar código-fonte]

A área abrangida pelos municípios onde se localiza o Parque, possui características de um modelado complexo, relacionado a uma longa história evolutiva, revelando uma topografia compartimentada em tres unidades morfo-estruturais: Planalto Dissecado do Sul da Amazônia, Pediplano Centro-Ocidental Brasileiro e Planaltos Residuais do Guaporé.

Geologia[editar | editar código-fonte]

Os mapeamentos geológicos desenvolvidos na região destacam rochas do Complexo Jamari (gnaisses, granitóides foliados, migmatitos, anfibolitos, granulitos, gabros, etc.), intrusões graníticas com idade entre 900 e 1.400 milhões de anos, os enclaves nos embasamentos conhecidos como Grupo Ji-paraná ou Epitamorfitos Comemoração, as coberturas sedimentares da base da Serra dos Pacaás Novos e, com maior expressão, as formacões cenozóicas representadas por sedimentos fluviais, colúvio-fluviais e fluvilacustres, além de lateritos maturos e imaturos.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «DECRETO Nº 84.019, DE 21 DE SETEMBRO DE 1979». Câmara dos Deputados. Consultado em 3 de novembro de 2022 
  2. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2012). «Anuário Estatístico do Brasil - Volume 72 2012» (PDF). Consultado em 30 de julho de 2016