Oxumarê

Oxumarê
Oxumarê
Oxumarê se manifestando no Ilê Axé Ijino Ilu Oróssi, em Salvador
Dan
deus do arco-íris
símbolo serpente de duas cabeças[1] ou duas serpentes de ferro[2]
sincretismo São Bartolomeu[2]

Oxumarê,[3] Oxumaré. Liga o céu à terra.[1] Corresponde ao vodum da cultura jeje.[2]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Oxumarê" é originário do vocábulo "Òṣùmàrè", cuja tradução é "arco-íris", em língua iorubá[1][4]

Oxumarê na África[editar | editar código-fonte]

É a cobra-arco-íris.[5] Em nagô, é a mobilidade, a atividade. Uma de suas funções é a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore.

Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás. Em alguns pontos, se confunde com o vodum da região dos maís.

É o símbolo da continuidade e da permanência. Algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea. Porém o orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ieuá, sua irmã gêmea, que tem domínios parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedi-la de se desagregar. Rege o princípio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos.

De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.

É o segundo filho de Nanã, irmão de Oçânhim, Ieuá e Obaluaiê, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios entrelaçados formando as escamas de uma serpente que têm o nome de brajá. Usam, também, o laguidibá, como Nanã e Omolu.

Oxumarê no Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, as pessoas dedicadas a Oxumarê usam colares (fio de contas) de miçangas ou contas de vidro amarelas e verdes; a terça-feira é o dia da semana que lhe é consagrado. Seus iniciados usam brajá - longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecer escamas de serpente. Quando dançam, levam, nas mãos, pequenas serpentes de metal e apontam o dedo indicador para o céu e para a Terra num movimento alternado. As suas oferendas são feitas de patos, feijão, milho e camarões cozidos no azeite de dendê.

Casa de Oxumarê, em Salvador

Na Bahia, Oxumarê é sincretizado com São Bartolomeu e festejado no dia 24 de agosto.

Certa lenda conta que ele era, outrora, um babalaô adivinho, "filho de proprietário da estola de cores brilhantes". Em outra lenda, o mesmo tema aparece: "este mesmo Babalaô Oxumarê vivia explorado por Olofim-Oduduó, o rei de Ifé, seu principal cliente". Oxumarê consultava-lhe a sorte de quatro em quatro dias.

Sua nação é a jeje, onde é chamado Dan e tido como rei do povos jejes. É uma palavra de origem iorubá que significa estrangeiro, forasteiro e estranho e que recebeu uma conotação pejorativa como "inimigo" por parte dos povos conquistados pelos reis de Daomé e seu exército.

Na nação jeje, sua cor é o amarelo e preto de miçangas rajadas. Já no candomblé queto, suas cores são o verde e amarelo intercaladas. Porém essas cores definem apenas o fio de contas, pois todas as cores do arco-íris lhe pertencem.

Duas fases de Oxumarê[editar | editar código-fonte]

Oxumarê, dentro do candomblé, se divide em duas qualidades:

  • Oxumarê macho, representado pelo arco-íris;
  • Oxumarê fêmea, chamado de Frecuém e representado pela serpente. Identificado no jogo do merindilogum pelo odu Icá e representado material e imaterialmente no candomblé através do assentamento sagrado denominado ibá de Oxumarê. A divindade é 6 meses homem e 6 meses mulher, mas é considerado pai de cabeça e não mãe.

Outras leituras[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 242.
  2. a b c CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos S/A. 1979. p. 46.
  3. «Oxumarê - O SENHOR DO ARCO-ÍRIS :: Nossas Raizes». www.nossas-raizes.com. Consultado em 19 de outubro de 2021 
  4. Church Missionary Society (2012). A Dictionary of Yoruba Langange. [S.l.: s.n.] 
  5. Luiz Mott: Esquina do arco-íris

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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