Ovo (alimento)

 Nota: Para outros significados, veja Ovo (desambiguação).
Ovos com toucinho, um lanche matinal comum em diversos países
Esquerda: Ovo de galinha, o tipo mais comum de ovo consumido pelos humanos e dois ovos de codorna na direita

Ovo, do ponto de vista alimentício, é um alimento de origem animal, podendo ser de diversas espécies animais, incluindo aves, répteis, anfíbios e peixes. São consumidos pelos humanos ao longo de milhares de anos.[1] Ovos de aves e répteis consistem basicamente de casca do ovo, da clara do ovo e da gema. Os ovos mais consumidos são os de galinha, seguidos pelos de codorna, pata, além de ovas de peixes como o caviar e os presentes na culinária oriental.[2][3]

Produção[editar | editar código-fonte]

São produzidos de forma industrial, em setores granjeiros específicos, a avicultura, considerado de grande importância econômica e/ou através de métodos tradicionais, onde são produzidos em sítios e fazendas, usando métodos menos industrializados, este com menor importância econômica.

A criação de galinhas e de outros animais pelo homem surgiu há milhares de anos. Na península ibérica surgiu há cerca de 8.000 anos como uma atividade doméstica ligada ao meio rural. A seleção das raças de galinhas poedeiras (que só produzem ovos) são conseguidas através da seleção artificial, onde consegue-se gerar galinhas para corte, conhecidos como frangos, e galinhas exclusivas para produzir ovos. Estas atividades remontam aos primeiros anos do século XX, contudo a avicultura não era tratada como atividade granjeira até os anos 60, onde nasceu a atividade da avicultura intensiva, apoiada pelos desenvolvimento de rações compostas e em inovações tecnológicas na produção.

Atualmente, o maior produtor de ovos da Europa é o Reino Unido, seguido por França e Espanha.[4] A nível mundial, a China é com grande diferença o maior produtor de ovos no mundo, com cerca de 43% da produção mundial.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Casca[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Casca do ovo

A casca é a cobertura externa do ovo, formada fundamentalmente por carbonato de cálcio. A superfície é porosa e por sua vez coberta por uma fina película mucosa. Representa entre 10 e 11 por cento do peso total do ovo.

Para o consumo, a casca deve ser lisa, sem granulações nem enrugamentos e fissuras, pois qualquer um desses defeitos indicam alguma anomalia no processo de depósito do carbonato de cálcio, e como consequência, tornam-se mais frágeis. A debilidade da casca ou as malformações podem ter origem em carências nutritivas, doenças inflamatórias no oviduto ou idade avançada da galinha.

Clara[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Clara do ovo

A clara é composta basicamente de albúmen, trata-se de uma substância aquosa e viscosa, praticamente transparente e sem odor próprio, segregada por certas glândulas as aves possuem no oviducto. A clara é rica em proteínas e é de alta digestão. Representa de 55 a 60 por cento do total do ovo.

Na clara podemos distinguir as duas partes, a parte interna, mais fluídica, e outra externa, mais rígida. Também existe uma pequena membrana na parte interior onde é unido a clara a gema.

Gema[editar | editar código-fonte]

Gema de ovo

Situada centralmente no interior do ovo e de forma esférica, é mais densa que a clara, e possui coloração amarela alaranjada, de intensidade variável. Esta cor deve-se aos pigmentos naturais como xantofila e caroteno dissolvidos na gordura. A gema representa de 20 a 31 por cento do peso total. E nela concentra-se a parte mais gordurosa e calórica do ovo.

Esporadicamente, sendo mais frequente em galinhas novas e de recente postura, pode surgir ovos com duas gemas, como consequência de uma falha de sincronização na produção do óvulo no ovário. Muito mais raros, mas também possível é o aparecimento de ovos sem gemas, formados normalmente devido fragmentação do tecido desprendido do ovário, no oviduto.

Composição nutritiva média[editar | editar código-fonte]

Composição nutritiva
Energia 160 cal/100 gramas
Proteína 24%
Gordura (Ovo completo) 0,1%
Gordura (gema) 31,9%
Ácidos graxos saturados 3,3%
Ácidos graxos monoinsaturados 4,9%
Ácidos graxos poliinsaturados 1,8%
Biotina 20% CDR
Riboflavina 40% CDR

Os ovos são considerados habitualmente como alimento saudáveis, completos e de boa digestão, além de alto valor nutritivo.[5] A sua capacidade energética está em cerca de 160 calorias por cem gramas, sendo superior nos ovos de pata (189 calorias). Além de que seu preço é acessível e de boa relação custo/benefício.

O ovo é rico em proteínas (12%), que possuem todos os aminoácidos essenciais em concentração e proporções equilibradas.[5][6] De efeito, a proteína do ovo, a ovoalbúmina, é considerada como a proteína padrão ou de referência para comparar o valor nutritivo das proteínas de outros alimentos.

Possuem vitaminas do complexo B, A e D (esta localizadas exclusivamente na gema, por serem vitaminas lipossolúveis). O consumo de um ovo por dia, aproxima-se de 40% das nescesidades diárias de biotina (B7), vitamina necessária em numerosas funções orgânicas; também cobre 20% de riboflavina (ou vitamina B2). Os ovos não possuem quantidade significativas de vitamina C.

O ovo também contém alguns sais minerais, porém convém demonstrar que a quantidade de ferro do ovo é relativamente baixa.

Outros componentes presentes no ovo é a colina, uma amina essencial que favorece o desenvolvimento do sistema nervoso central no feto e atribuem-se efeitos positivos sobre a memória; luteína e zeaxantina, ambas do grupo das xantofilas, relacionadas por algumas fontes[7] como favoráveis na redução das cataratas. Contudo, o National Eye Institute não possui evidências significativas que indiquem ou apoie esses efeitos.[8]

Colesterol[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Colesterol

O aspecto mais controverso dos ovos é sua riqueza em colesterol LDL (colesterol mau): 410 mg/100 g, que se concentra praticamente na gema, no que chega a cerca de 1.260 mg/100g. Esses números correspondem a cerca de 250 mg de colesterol em um ovo de tamanho médio. Por essas razões, desaconselha-se[quem?] o uso de o consumo de ovo para pessoas com risco cardiovasculares.

Contudo, comprovou-se que o acúmulo de colesterol em nossas artérias são proveniente de outras fontes, como comidas industrializadas, fast-foods, associados com o metabolismo e ausências de atividade física, obesidade, sedentarismo e outros fatores. Com isso conclui-se que seus efeitos no nível de colesterol não são relevantes e não tem nenhuma relação direta com o índice de mortalidade por doenças cardiovascular.[9]

Por outro lado, existe no mercado estudos para desenvolvimento de ovos de galinhas com baixo nível de colesterol, onde são enriquecidos com omega-3, um ácido graxo considerado cárdio-protetor.

Classificação[editar | editar código-fonte]

Conforme algumas legislações, incluindo a europeia,[10] os ovos são classificado em duas categorias:

  • Categoria A: Ovos frescos, destinados ao consumo humano, podendo ser usado na indústria.
  • Categoria B: ovos destinados exclusivamente ao uso industrial, sendo da indústria alimentícia ou não.

Códigos nos Ovos Comerciais na União Europeia[editar | editar código-fonte]

Todos os ovos comerciais na União Europeia são carimbados com um código, este código permite saber a origem do ovo e tipo de produção, este está formato desta forma: 1PT22 - 333, sendo o 1 o tipo de ovo, PT o pais da exploração no formato ISO3166, 22 a região da exploração e 333 o codigo da exploração especifica.[11]

Os tipos de ovos podem ser:

  • 0 - Ovo de Criação Biológica (A galinha é alimentada com ração biológica e pode ser criada ao ar livre ou solo)
  • 1 - Ovo de Criação ao Ar Livre (A galinha é criada num celeiro com acesso ao ar livre)
  • 2 - Ovo de Criação no Solo (A galinha é criada num celeiro sem acesso ao ar livre)
  • 3 - Ovo de Criação em Gaiola (A garlinha é criada numa gaiola)

Cores[editar | editar código-fonte]

Ovos morenos

A cor da casca dos ovos, branca ou marrom, é um caráter genético, consequência da raça da galinha e não tem nenhuma relação com a qualidade nutritiva ou gastronômica. Ainda assim, observa-se que em alguns países existe uma preferencia para ovos brancos; esta preferência é observada nos Estados Unidos, Brasil, Canadá, Finlândia, Índia, México ou Noruega[12].

Riscos para a saúde[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Salmonelose

Um ovo que foi posto por uma galinha saudável, recolhido no tempo certo, manipulado com cuidado e respeitando as regras e condições de higiene é considerado como seguro. Porém a realidade é que nem sempre temos essas circunstâncias. O problema sanitário mais relevante que pode provocar o consumo de ovos é a salmonelose, causada pela bactéria salmonella e que pode infectar até 1% dos ovos de galinha.[13] Os Centros de Controle de Doenças dos EUA estimam que cerca de 0.005% dos ovos estejam contaminados com salmonella.[14]

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o consumo de colesterol alimentar deve ser < 300 mg/dia para auxiliar controle da colesterolemia, sendo que o consumo de ovo deve ser moderado (até 1 por dia) para população em geral e restrito para diabéticos.[15]

Ver também

Commons
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Referências

  1. Kenneth F. Kiple, A Movable Feast: Ten Millennia of Food Globalization (2007), p. 22. (em inglês)
  2. «USDA Database for the Choline Content of Common Foods (em inglês)» (PDF). Consultado em 9 de dezembro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 5 de dezembro de 2010 
  3. Agricultural Marketing Service. «How to Buy Eggs». United States Department of Agriculture (USDA). Home and Garden Bulletin (264): 1 
  4. La Voz de Galicia, 20.08.2006, dados obtido pela Alimarket. (em castelhano)
  5. a b Jessica Brown (21 de setembro de 2019). «Afinal, comer ovo faz bem ou faz mal à saúde? Confira o que diz a Ciência». BBC Brasil. Consultado em 28 de junho de 2021 
  6. «As vitaminas do ovo» (em galego). pazodevilane.com. 10 de julho de 2020. Consultado em 28 de junho de 2021 
  7. Moeller, S.M.; Jacques, P.F.; Blumberg, J.B.: "The potential role of dietary xanthophylls in cataract and age-related macular degeneration", in J. Am. Coll. Nutr. 2000; 19.
  8. http://www.nei.nih.gov/news/statements/lutein.asp
  9. «Ovos.org (em inglês)». Consultado em 9 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007 
  10. Regulamento CE nº 1028/2006, de 19 de junho, sobre normas de comercialização dos ovos (DOUE nº 186, de 7.07.2006).
  11. «Produção de Ovos» 
  12. «Brown Eggs Outnumber White by Three to Two» 
  13. «Por que é perigoso comer ovos crus?». Super. Consultado em 6 de agosto de 2022 
  14. «Handling eggs safely to prevent Salmonella». extension.umn.edu (em inglês). Consultado em 6 de agosto de 2022 
  15. «Diretriz sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular» (PDF). Consultado em 28 de junho de 2021