Operação Feuerzauber

Aviões de transporte Junkers Ju 52

A Operação Feuerzauber (em alemão: Fogo Mágico) foi uma operação militar alemã realizada pela Luftwaffe no início da Guerra Civil Espanhola. Depois do golpe militar na Espanha que despoletou a guerra civil, a Segunda Republica Espanhola solicitou apoio à União Soviética e à França, e os nacionalistas por sua vez solicitaram apoio à Alemanha Nazi e à Itália Fascista.[1] Franco tinha o seu exército em Marrocos, e necessitava de meios para o transportar até à Espanha; além de terem sido usadas embarcações de vários navios como Portugal, a Alemanha Nazi deu à Luftwafe a tarefa de criar uma ponte aérea que atravessa-se o estreito de Gibraltar. A Luftwaffe levou a cabo a operação Feuerzauber, e transportou milhares de militares espanhóis e toneladas de equipamento militar, uma operação que originou a primeira grande ponte aérea da história.

A primeira tentativa dos nacionalistas em assegurar meios aéreos alemães foi feita no dia 22 de Julho, com um pedido de 10 aeronaves de transporte. Para isto, Franco contactou directamente Hitler.[2] Os ministros alemães estavam divididos sobre se a Alemanha deveria ou não apoiar os nacionalistas, o que podia levar a Alemanha a emaranhar-se numa guerra europeia.[2] Ainda assim, Hitler decidiu apoiar os nacionalistas, porém o próprio ficou com "um pé atrás" para não provocar uma guerra europeia.[3][4] O Ministério de Transporte Aéreo do Reich concluiu que as forças nacionalistas precisariam de pelo menos 20 aeronaves Junkers Ju 52, pilotados por pilotos da Deutsche Lufthansa, para transportar o Exército de África de Marrocos até Espanha.[3] Esta operação ficou conhecida como Feuerzauber.[3][5] Este envolvimento manteve-se secreto, não sendo do conhecimento dos ministros da economia nem dos negócios estrangeiros, e foi fundado por três milhões de reichmarks.[3][5]

Vários Junkers Ju 52 numa missão de transporte

A organização e recrutamento de voluntários alemães também manteve-se secreta; no dia 27 de Julho a chamada de pilotos já havia sido realizada nas grandes cidades da Alemanha.[6] O primeiro contingente de 86 homens partiram no dia 1 de Agosto vestidos à civil, sem conhecimento do que iriam fazer. Foram acompanhados por seis caças biplanos, artilharia antiaérea e cerca de 100 toneladas de mantimentos.[6] Foram deixados no aeródromo de Tablada, perto de Sevilha, e acompanhados por aeronaves de transporte alemãs, começaram a realizar a ponte aérea para as tropas de Franco.[6] Com o crescente envolvimento alemão, os outros ramos da Wehrmacht foram também empregues para ajudar os nacionalistas; isto fez com que a Operação Feuerzauber fosse terminada e se iniciasse a Operação Guido em Novembro.[6]

Nesta altura, as forças alemãs acreditavam que o seu envolvimento não iria para além de treinar os militares nacionalistas.[7] Em Agosto, 155 toneladas de bombas foram transferidas da Alemanha, através de Portugal, até às forças nacionalistas na Espanha, assim como mais ajuda em meios aéreos.[8][7] O comandante da Kriegsmarine inicialmente recusara-se a enviar submarinos para o estreito, contudo após 24 de Outubro a sua posição mudou depois de a Alemanha assinar um tratado com a Itália, criando assim o eixo Roma-Berlim, numa altura que estava claro que a Itália de Mussolini iria fazer o mesmo que a Alemanha de Hitler: apoiar os nacionalistas. A Kriegsmarine também providenciou várias embarcações e coordenou o transporte de mercadorias entre a Alemanha e a Espanha.[9] Os submarinos alemães foram então enviados para as águas espanholas, sob o nome de código Ursula.[9]

Nas duas semanas que se seguiram após o dia 27 de Julho, os alemães transportaram cerca de 2500 tropas do Exército de África até Espanha.[10] Só entre 29 de Julho e 5 de Agosto, foram 1500 tropas.[11] As aeronaves de transporte foram enviadas para Espanha via Itália.[10] Outras aeronaves alemãs, como caças biplanos, providenciaram uma cobertura aérea para os transportes marítimos realizados no estreito.[12] Apesar de nos primeiros dias haver uma escassez de combustível, este problema foi rapidamente solucionado com a chegada de combustível da Alemanha.[12] A 11 de Outubro de 1936, a operação oficialmente chegou ao fim, com 13500 tropas transportadas e também 127 metralhadoras e 36 canhões.[13]

Referências

  1. Westwell (2004). p. 10.
  2. a b Westwell (2004). p. 11.
  3. a b c d Westwell (2004). p. 12.
  4. Thomas (1961). pp. 231–232.
  5. a b Thomas (1961). p. 230.
  6. a b c d Westwell (2004). p. 13.
  7. a b Westwell (2004). p. 14.
  8. Westwell (2004). p. 19.
  9. a b Westwell (2004). p. 15.
  10. a b Westwell (2004). p. 16.
  11. Thomas (1961). p. 244.
  12. a b Westwell (2004). p. 17.
  13. Westwell (2004). p. 18.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Thomas, Hugh (1961). The Spanish Civil War 1 ed. London: Eyre and Spottiswoode 
  • Westwell, Ian (2004). Condor Legion: The Wehrmacht's Training Ground. Col: Spearhead. 15. Hersham, United Kingdom: Ian Allan publishing. ISBN 978-0-7110-3043-5