Novo Homem

 Nota: Não confundir com o conceito romano de homem novo.

Novo Homem (ou Homem Novo) é um conceito utópico que envolve a criação de um novo ser humano ideal para substituir os seres humanos não ideais. O significado de "Novo Homem" é bastante amplo e diversas descrições foram sugeridas por uma variedade de religiões e ideologias políticas, incluindo o comunismo, o fascismo e o socialismo utópico.

Filosofia e religião[editar | editar código-fonte]

Übermensch nietzscheano[editar | editar código-fonte]

O conceito de Übermensch ("super-homem") do filósofo Friedrich Nietzsche era o de um novo homem que seria um exemplo para a humanidade através da existencialista vontade de poder que foi vitalista e irracionalista na natureza.[1] Nietzsche desenvolveu o conceito em resposta à sua visão da mentalidade de rebanho e de niilismo, segundo ele, inerentes ao cristianismo, e o vazio em sentido existencial que se realiza com a morte de Deus. O Übermensch emerge como um novo significado para a Terra, um indivíduo que repudia a norma, se supera e é mestre no controle de seus impulsos e paixões.

Novo homem cristão[editar | editar código-fonte]

Em seus ensinos, o apóstolo Paulo fala de Adão como o caído "velho Adão", designando a queda do "velho homem" (a humanidade) e de um "novo Adão", como um Novo Homem (nova humanidade) ressuscitado e seguindo a Jesus Cristo.[2]

Visões políticas[editar | editar código-fonte]

Novo homem liberal[editar | editar código-fonte]

Thomas Paine e William Godwin acreditavam que a propagação do liberalismo na França e nos Estados Unidos constituíram o nascimento de um novo homem e uma nova era.[3]

Novo homem socialista utópico[editar | editar código-fonte]

Socialistas utópicos, como Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen viram uma futura Era Dourada liderada por um novo homem que iria reconstruir a sociedade.[4]

Novo homem comunista[editar | editar código-fonte]

O marxismo, apesar de ser fortemente crítico da utopia, postula o desenvolvimento de um novo homem e da nova mulher numa sociedade comunista que supera os valores de natureza não essencial do Estado, e a importância do trabalho em livre associação para a afirmação da humanidade de uma pessoa. O marxismo não vê o Novo Homem/Mulher como uma meta ou um pré-requisito para alcançar o comunismo completo, mas sim como um produto das condições sociais do comunismo puro.[5]

Novo homem fascista[editar | editar código-fonte]

O nazifascismo apoia a criação de um novo homem, que é uma figura de ação, violência e masculinidade, comprometido com a disciplina das massas e desprovido de individualismo.[6] Um exemplo disso foi a ideia do Soldado Político, desenvolvida pelos líderes do Official National Front no Reino Unido na década de 1980 e tornou-se parte da ideologia da Terceira Posição.[7] [8] Este conceito foi particularmente forte no fascismo italiano.[9]

Novo homem transumanista[editar | editar código-fonte]

O transumanismo saúda a criação de um novo homem por melhorias físicas através da cibernética e outros "aprimoramentos humanos", e olha para a singularidade como o momento em que o novo homem chega, seu nascimento por assim dizer. O estudioso Klaus Vondung argumenta que o transumanismo representa a revolução final.[10] Outros fizeram observações semelhantes.[11] [12]

Críticas ao "novo homem"[editar | editar código-fonte]

O poema "The Unknown Citizen" [13] de W. H. Auden é considerado uma paródia das tentativas de honrar (e, portanto, promover) um certo tipo de comportamento na sociedade moderna. Ele desafia as ideologias do "novo homem" listadas aqui e deprecia o meme de incentivar a conformidade através de pressão social.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Hans van Stralen. Choices and conflict: essays on literature and existentialism. Pp. Brussels, Belgium: Peter Lang, 2005. págs. (em inglês) 127-128. Adicionado em 07/01/2016.
  2. Jung Hoon Kim, Chŏng-hun Kim. The significance of clothing imagery in the Pauline Corpus. New York, New York, USA: T&T Clark International, 2004. Pág. 182. (em inglês) Adicionado em 07/01/2016.
  3. Gregory Claeys. The Cambridge Companion to Utopian Literature. Cambridge, England, UK: Cambridge University Press, 2010. Págs. 11-12. (em inglês) Adicionado em 07/01/2016.
  4. Gregory Claeys. The Cambridge Companion to Utopian Literature. Cambridge, England, UK: Cambridge University Press, 2010. Pág. 14. (em inglês) Adicionado em 07/01/2016.
  5. Marxists.org - Che Guevara. Socialism and man in Cuba. (em inglês) Acessado em 07/01/2016.
  6. Cyprian Blamires. World Fascism: a historical encyclopedia, Volume 1. Santa Barbara, California, USA: ABC-CLIO, 2006. (em inglês) Pág. 466. Adicionado em 07/01/2016.
  7. CST - Political Soldiers and the New Man - part one. 26 de Abril de 2010, (em inglês) Acessado em 07/01/2016.
  8. CST - Political Soldiers and the New Man - part two. 27 de Abril de 2010, (em inglês) Acessado em 07/01/2016.
  9. O mito fascista da romanidade
  10. Revolutions: Finished and Unfinished, From Primal to Final. Autores: Paul Caringella, Wayne Cristaudo & Glenn Hughes. Cambridge Scholars Publishing, 2013, pág. 364, (em inglês) ISBN 9781443846769 Adicionado em 07/01/2016.
  11. Link.springer - New man in utopian and transhumanist perspective. Richard Saage. Dezembro de 2013, (em inglês) Acessado em 07/01/2016.
  12. Knowing New Biotechnologies: Social Aspects of Technological Convergence. Autores: Matthias Wienroth & Eugénia Rodrigues. Routledge, 2015, págs. 77-91 (em inglês) ISBN 9781317691518 Adicionado em 07/01/2016.
  13. The Unknown Citizen. Another Time. Random House. 1940. Arquivado do original em 28 de Janeiro de 2013. (em inglês) Acessado em 07/01/2016.