Northern soul

Northern soul
Origens estilísticas Soul
Rhythm and blues
Música gospel
Contexto cultural Década de 1960 no norte da Inglaterra
Instrumentos típicos Guitarra elétrica - Baixo - Órgão - Metais - Vocais
Popularidade Do final dos anos 60 em diante
Formas derivadas Modern soul - Madchester - Mod revival
Formas regionais
Blackpool - Manchester - Stoke-on-Trent - Wolverhampton
Outros tópicos
Mod - Skinhead - Motown - Stax

Northern soul[1] é um movimento de música dança que emergiu da cena mod britânica, inicialmente no norte da Inglaterra na década de 1960. O northern soul consiste principalmente de um estilo particular de música soul negra americana baseada na batida pesada e no ritmo rápido tocado em meados dos anos 1960 por músicos da Motown Tamla. O movimento northern soul, no entanto, geralmente evita a música da Motown ou influenciada pelo som da Motown, que teve sucesso mainstream significativo. As gravações mais apreciadas pelos entusiastas do gênero são geralmente de artistas menos conhecidos, e que foram lançadas inicialmente apenas em número limitado, muitas vezes por pequenos selos regionais dos Estados Unidos como o Ric-Tic e o Golden World (Detroit), o Mirwood (Los Angeles) e o Shout e Okeh (Nova Iorque / Chicago).

O northern soul também está associado a estilos de dança e moda particulares que cresceram fora da cena underground Rythm & Soul do final dos anos 1960, em locais como o Twisted Wheel de Manchester. Essa cena (e a dança e a moda associadas a ela), rapidamente se espalhou para outros salões de dança e casas noturnas do Reino Unido como o Catacombs (em Wolverhampton), o Highland Rooms (em Blackpool Mecca), Golden Torch (em Stoke-on-Trent), e o Wigan Casino. Como o ritmo favorito era mais uptempo e frenético, pelo início dos anos 1970, a dança northern soul se tornou mais atlética, um pouco parecida com os estilo de dança posteriores como o disco e o break. Dispondo de movimentos giratórios, pulos e caídas para trás, os estilos dançantes dos clubes eram frequentemente inspirados pelas performances de palco de artistas visitantes do soul americano como Little Anthony & The Imperials e Jackie Wilson.

Durante os anos iniciais da cena northern soul, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, as gravações populares do northern soul eram geralmente lançamentos mais antigos, em geral, datados de meados dos anos 1960. Isso significava que o movimento foi sustentado (e "novas" gravações adicionadas às listas de reprodução) por DJs que se destavam por descobrir raros e até então ignoradas gravações. Mais tarde, alguns clubes e DJs começaram a afastar-se do som Motown dos anos 1960 e começaram a tocar novos lançamentos com uma sonoridade mais contemporânea.

História[editar | editar código-fonte]

Origens[editar | editar código-fonte]

A frase northern soul teve origem loja de discos Soul City em Covent Garden, Londres, e foi divulgada pelo jornalista Dave Godin.[2] Foi publicamente usada pela primeira vez usada na coluna semanal de Godin na revista Blues and Soul em junho de 1970.[3] Em uma entrevista de 2002 com Chris Hunt na revista Mojo, Godin disse que primeiramente o termo foi utilizado em 1968, para ajudar os funcionários da Soul City a diferenciar as músicas de funk mais modernas, do soul influenciado pela Motown de alguns anos antes:

"Eu tinha começado a notar que os fãs de futebol do norte da Inglaterra que estavam em Londres para acompanhar sua equipe, estavam entrando na loja para comprar discos, mas eles não estavam interessados ​​nos mais recentes lançamentos do elenco negro norte-americano. Eu criei o nome como um termo estenográfico de vendas. Era só para dizer 'se você tem clientes do norte, não perca tempo tocando para eles álbuns atuais do elenco negro norte-americano, apenas toque para eles o que eles gostam - northern soul'".[4]

O local mais comumente associado com o desenvolvimento inicial da cena northern soul foi o Twisted Wheel, em Manchester. O clube começou no início dos anos 1950 como um café beatnik chamada The Left Wing, mas no início de 1963, a instalação em condições precárias foi alugada por dois empresários de Manchester (Ivor e Phil Abadi) e se transformou em um clube de música.[5] Inicialmente o Twisted Wheel tocava música ao vivo nos fins de semana e noites Disc Only durante a semana. A partir de setembro de 1963, os irmãos Abadi promoviam festas toda a noite no local nas noites de sábado, com uma mistura de músicas ao vivo e gravadas. O DJ Roger Eagle, um colecionador de jazz, soul e rhythm and blues norte-americanos, foi selecionado durante essa época, e a reputação do clube como um lugar para ouvir e dançar os últimos lançamentos da música norte-americana de rhythm and blues começou a crescer.

Ao longo da metade dos anos 1960, o Twisted Wheel se tornou o foco da emergente cena mod de Manchester, com uma política de música que refletisse o gosto eclético de Eagle no soul e no jazz, e com apresentações ao vivo de músicos beat britânicos e estrelas do R&B norte-americano. Gradualmente, a política musical tornou-se menos eclética e mudou profundamente para o soul em ritmo acelerado, em resposta às demandas da multidão crescente de dançarinos alimentados por anfetaminas que afluíam para o as all-nighters. Consternado com a mudança na política musical e as frequentes batidas antidrogas da polícia, Eagle saiu do clube no início de 1967.

Até então, a reputação do Twisted Wheel e do tipo de música tocada lá tinha crescido em todo o país. Em 1969, os fãs de soul estavam viajando de todo o Reino Unido para assistir às all-nighters de sábado. Os proprietários do local tinham sido capazes de preencher a vaga deixada por Eagle com uma crescente lista crescente de DJs especialistas em soul. Depois de assistir a uma das all-nighters do clube em janeiro de 1971, Godin escreveu: "... é sem dúvida o maior e melhor que tenho visto fora dos Estados Unidos ... nunca pensei que viveria para ver o dia em que as pessoas poderiam então relacionar o conteúdo rítmico da música soul para o movimento corporal a um tal grau de qualidade!".[6]

O Twisted Wheel ganhou reputação como um paraíso de drogas, e sob pressão da polícia e outras autoridades, o clube foi fechado em Janeiro de 1971. No entanto, ao final dos anos 1960, a popularidade da música e do estilo de vida associado ao clube tinha se propagado em todo o norte e região central da Inglaterra, e um número de novos clubes tinha começado a hospedar all-nighters de soul. Alguns desse clubes eram o King Mojo, em Sheffield, The Catacombs em Wolverhampton, Room at the Top em Wigan e o Va Va's em Bolton.

Década de 1970[editar | editar código-fonte]

O northern soul atingiu o auge de sua popularidade em meados dos anos 1970.[7] Nesta época, havia clubes de soul em praticamente todas as grandes cidades na região central e no norte da Inglaterra.[8] Os três locais considerados mais importantes nesta década foram o Golden Torch em Tunstall, Stoke (1971-1972), Blackpool Mecca (1971-1979) e o Wigan Casino (1973-1981).

Embora o Wigan Casino é agora o mais conhecido, o melhor clube all-night de northern soul, do início da década foi o Golden Torch, onde as all-nighters de northern soul nas sextas-feiras à noite, começaram no final de 1970. Chris Burton, o proprietário, afirmou que em 1972, o clube teve uma adesão de 12 500 clientes, e 62 000 visitas de clientes distintos.[9] Apesar de sua popularidade, o clube fechou devido à problemas de licenciamento, em março de 1972 e a atenção passou às noites de soul no Highlamd Room do Blackpool Meca, que tinha começado a hospedar noites de raridades do soul no final de 1971.

O Wigan Casino começou suas all-nighters de soul semanais em setembro de 1973.[7] Nesta época, havia clubes de soul em praticamente todas as grandes cidades na região central e no norte da Inglaterra.[10] O Wigan Casino tinha uma capacidade muito maior do que muitos clubes concorrentes e promovia seus eventos a partir de 02:00h até 08:00h. Havia uma lista regular de DJs, incluindo Russ Winstanley. Em 1976, o clube ostentava uma adesão de 100 mil pessoas, e em 1978, foi eleita a discoteca número um do mundo pela revista americana Billboard.[11] Isso foi durante o auge da boate Studio 54 em Nova Iorque. Ao final dos anos 1970, o clube teve sua própria gravadora, a Casino Classics.[12]

Nessa época, o Wigan Casino estava sob críticas de muitos fãs de soul. O soul negro contemporâneo norte-americano foi mudando com o advento do funk, disco e jazz-funk, e o fornecimento de gravações com o som northern soul em ritmo acelerado começou a diminuir rapidamente. Os DJs do Wigan Casino recorreram a tocar qualquer tipo de gravação que combinava com o ritmo certo.[13] Além disso, o clube foi submetido a uma pesada cobertura da mídia e começou a atrair muitas pessoas desinteressadas as quais os puristas do soul não aprovaram.[14]

O Blackpool Meca foi popular na década de 1970, embora o clube nunca tenha hospedado all-nighters. Os eventos noturnos regulares aos sábados começavam às 20:00h e terminavam às 02:00h, e, inicialmente, alguns dançarinos começavam suas noites no Blackpool Meca e depois iam para o Wigan Casino. Em 1974, a política de música no Blackpool Meca acentuadamente divergiu do Wigan Casino, com os DJs regulares Ian Levine e Colin Curtis incluindo gravações novas de soul norte-americano em seus sets. Enquanto o tempo era semelhante ao estilo inicial das gravações da Motown Records, esta mudança de ênfase anunciado um estilo um pouco diferente da dança e vestimenta northern soul no Blackpool Meca, e criou um cisma no movimento northern soul entre os tradicionalistas do Wigan Casino e a abordagem mais abrangente do Blackpool Meca, que aceitou sons mais contemporâneos de philly soul, início da disco e funk.

Outros grandes locais de northern soul na década de 1970 incluem o The Catacombs em Wolverhampton, o Va Va's em Bolton, o "Talk of The North" all-nighters no The Pier e Winter Gardens em Cleethorpes, Tiffany's em Coalville, Samantha's em Sheffield, o "Heart of Soul" de Neil Rushton clube de soul all-dayers no The Ritz, em Manchester e o Nottingham Palais.[15] Como a década de 1970 progrediu, a cena northern soul expandiu-se ainda mais, chegando a nível nacional na Inglaterra. Havia uma cena notável no leste da Inglaterra, com all-nighters no St. Ivo Centre em St. Ives, o clube Phoenix Soul, no Estádio Wirrina em Peterborough e o Howard Mallett em Cambridge.[16] Outras cidades do norte com notáveis locais de soul nesta época eram Kettering, Coventry, Bournemouth, Southampton e Bristol.[8]

Referências

  1. Celebrating the 40th anniversary of Northern Soul
  2. Rushton, Neil (2009). «I». Northern Soul Stories. Angst & Acetates (em inglês) 1° ed. [S.l.]: Soulvation Publishing. p. 15. 256 páginas. ISBN 978-0956456908 
  3. Godin, Dave (1970). «The Up-North Soul Groove». Blues & Soul (Artigo) (em inglês)  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  4. Hunt, Chris (2002). «For Dancers Only: The Wigan Casino Story». Mojo  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  5. Haslam, Dave (1999). Manchester, England. The History of the Pop Cult City (em inglês). [S.l.]: Fourth Estate. 319 páginas. ISBN 978-1841151458 
  6. Godin, Dave (1971). «Land of a Thousand Dances» (Artigo). Blues & Soul (em inglês) (edição 50)  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  7. a b Brewster, Bill; Broughton, Frank (2000). «IV». Last Night A DJ Saved My Life. The History of the Disc Jockey (em inglês). [S.l.]: Grove Press. p. 98. 336 páginas. ISBN 978-0802136886  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  8. a b Stickings, Reg (2008). Searching for Soul (em inglês). [S.l.]: Saf Publishing Ltd. 224 páginas. ISBN 978-0946719877 
  9. Haslam, Dave (2001). «VI». Adventures On The Wheels of Steel. The Rise of the Superstar DJs (em inglês). [S.l.]: Fourth Estate. p. 170. 272 páginas. ISBN 978-1841154329 [ligação inativa]
  10. Winstanley, Russ; Nowell, David (2003). «I». Soul Survivors. The Wigan Casino Story (em inglês). [S.l.]: Robson Books Ltd. p. 14. 223 páginas. ISBN 978-1861056931  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  11. Brewster, Bill; Broughton, Frank (2000). «IV». Last Night A DJ Saved My Life. The History of the Disc Jockey (em inglês). [S.l.]: Grove Press. p. 99. 336 páginas. ISBN 978-0802136886  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  12. Winstanley, Russ; Nowell, David (2003). «VII». Soul Survivors. The Wigan Casino Story (em inglês). [S.l.]: Robson Books Ltd. p. 101. 223 páginas. ISBN 978-1861056931  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  13. Ritson, Mike; Russell, Stuart (1999). «XX». The In Crowd. The Story of the Northern & Rare Soul Scene (em inglês). I. [S.l.]: Bee Cool Publishing Ltd. p. 273. 320 páginas. ISSN 978-0953662616 Verifique |issn= (ajuda)  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)
  14. Haslam, Dave (2001). «VI». Adventures On The Wheels of Steel. The Rise of the Superstar DJs (em inglês). [S.l.]: Fourth Estate. p. 180. 272 páginas. ISBN 978-1841154329 [ligação inativa]
  15. «Hinckley Soul Club». Raresoul.org. Arquivado do original em 19 de outubro de 2015 
  16. Ritson, Mike; Russell, Stuart (1999). «XIX». The In Crowd. The Story of the Northern & Rare Soul Scene (em inglês). I. [S.l.]: Bee Cool Publishing Ltd. p. 263. 320 páginas. ISSN 978-0953662616 Verifique |issn= (ajuda)  templatestyles stripmarker character in |autor= at position 1 (ajuda)