Nathaniel Lyon

Nathaniel Lyon
Nathaniel Lyon
Nathaniel Lyon
Nascimento 14 de julho de 1818
Ashford (Connecticut)
Morte 10 de agosto de 1861 (43 anos)
Springfield (Missouri)
Nacionalidade norte-americano
Ocupação General do Exército da União
Serviço militar
Patente General-de-brigada

Nathaniel Lyon (14 de julho de 1818 - 10 de agosto de 1861) foi o primeiro general do Exército da União a morrer no decurso da Guerra Civil Americana. É célebre pelas suas ações no estado do Missouri no início do conflito, e é uma figura controversa na história americana: alguns apoiam a sua rápida ação e linha dura para travar o secessionismo no Missouri, outros criticam as ações contra a população civil, como o Incidente de Camp Jackson, que polarizou os sentimentos dos cidadãos do Missouri sobre a questão da secessão.

Trajetória[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos e carreira[editar | editar código-fonte]

Lyon nasceu numa propriedade rural em Ashford (Connecticut), filho de Amasa e Kezia Knowlton Lyon,[1] mas já desde novo odiava a vida no campo. Os seus familiares lutaram na Guerra da Independência dos Estados Unidos, e ele tinha a determinação de seguir as suas pegadas. Em 1837 entrou na Academia Militar de West Point e graduou-se em 1841.

Atribuído ao 2.º Regimento de Infantaria, serviu nele nas Guerras dos Seminoles e na Guerra Mexicano-Americana. Apesar de estar contra a participação dos Estados Unidos neste último conflito,[2] foi promovido a primeiro tenente pelo seu "notável valor na captura de artilharia ao inimigo" na batalha da Cidade de México e surgiu como capitão nas batalhas de Contreras e Churubusco. Enviado para a zona de fronteira, aí participou no massacre dos índios pomos em Clear Lake (Califórnia) em 1850 no chamado "Bloody Island Massacre[3] Depois de ser enviado para Fort Riley, Kansas, Lyon tornou-se um acérrimo abolicionista[4] e republicano (com laços com proeminentes republicanos radicais), enquanto servia nos conflitos fronteiriços entre Kansas e Missouri, o "Bleeding Kansas." Em janeiro de 1861 escreveu sobre a crise secessionista, "Já não é útil apelar à razão, apenas à espada".[1]

Arsenal de Saint Louis[editar | editar código-fonte]

Monumento a Lyon em Saint Louis

Em março de 1861 Lyon chegou a Saint Louis à frente da companhia D do 2.º Regimento de Infantaria dos Estados Unidos. Nesse tempo a população do estado do Missouri era relativamente neutra na disputa entre Norte e Sul, mas o governador Claiborne Fox Jackson era um destacado simpatizante da causa do Sul, bem como muitos dos legisladores estatais. Lyon estava preocupado com a possibilidade que Jackson tentasse tomar o arsenal federal de Saint Louis no caso de o estado entrar em secessão, já que as forças defensivas da União eram insuficientes para evitar a captura. Tentou fortalecer as defesas, mas contou com a oposição dos seus superiores, entre eles o general-de-brigada William S. Harney no comando das tropas a oeste do Mississippi. Lyon utilizou a sua amizade com Francis Preston Blair, Jr., para conseguir a nomeação de comandante do arsenal para si. Quando estalou a Guerra Civil e o presidente Abraham Lincoln pediu tropas para derrotar os Estados Confederados da América, o Missouri recebeu o encargo de fornecer quatro regimentos, e o governador Jackson rejeitou a petição e ordenou à Guarda Estatal do Missouri que se reunisse fora de Saint Louis com a finalidade de treinar a autodefesa.[1]

Lyon estava profundamente implicado na milícia paramilitar do Partido Republicano, os Wide Awakes, de Saint Louis, a quem armara e que pretendia utilizar para defender o arsenal, tendo já enviado secretamente uma parte do armamento para o Illinois. Lyon estava em dia com uma operação clandestina da Confederação que transferiu a artilharia capturada no arsenal militar de Baton Rouge para o acampamento da Guarda Estatal do Missouri em Saint Louis. Em 10 de maio dirigiu os regimentos de voluntários do Missouri e o 2.º de Infantaria contra o acampamento, forçando a sua rendição. Enquanto Lyon marchava com os seus prisioneiros por Saint Louis para o arsenal, ocorreram revoltas na cidade. A situação provocou o Incidente de Camp Jackson ao dispararem as tropas de Lyon contra uma multidão de civis, ferindo pelo menos 75 e matando 28 pessoas. Morreram também dois soldados federais e três milicianos, e outros ficaram feridos. Desconhece-se quem disparou primeiro, e algumas testemunhas afirmaram que fora um manifestante bêbedo, e outros afirmaram que se disparou sem provocação. Lyon foi promovido a general-de-brigada[5] com o comando sobre as tropas da União no Missouri. Assumiu o mando do Exército do Oeste em 2 de julho.[5]

Perseguição de Jackson[editar | editar código-fonte]

Em junho, depois de se reunir pessoalmente com Jackson em Saint Louis numa tentativa vã de renovar o acordo de Harney, Lyon declarou guerra a Jackson e a Guarda Estatal do Missouri. O governador fugiu primeiro para o capitólio de Jefferson City, e depois retirou-se com o governo estatal para Boonville. Lyon Subiu o rio Missouri e capturou Jefferson City em 13 de junho. Continuou a perseguição e em 17 de junho derrotou uma parte da Guarda Estatal do Missouri na Batalha de Boonville. O governador, o seu governo e a Guarda Estatal retiraram-se para sudoeste. Lyon instalou um governo estatal pró-unionista no seu lugar e destituiu o fiscal geral de Missouri, James Proctor Knott, um unionista que não contava com a simpatia dos mais radicais. Lyon reforçou o seu exército antes de marchar também para sudoeste.[1]

Batalha de Wilson's Creek[editar | editar código-fonte]

Lyon a cavalo

Em 13 de julho Lyon acampou em Springfield (Missouri), com cerca de 6000 soldados da União. A Guarda Estatal do Missouri estava aproximadamente 120 km a sudoeste de Lyon e sob comando de Price, juntando-se às tropas de Benjamin McCulloch em finais de julho, somando estas forças confederadas uns 12 000 homens, e planeando atacar Springfield, começaram a marcha para nordeste em 31 de julho. Os exércitos encontraram-se no alvorecer a poucos quilómetros a sul de Springfield, em 10 de agosto na Batalha de Wilson Creek. Lyon, que já fora ferido duas vezes na guerra, foi atingido com disparos na cabeça, perna, e peito e morreu enquanto dramaticamente reagrupava os seus homens, ultrapassados em número pelos confederados. Apesar da derrota do Exército da União em Wilson Creek a rápida intervenção de Lyon neutralizou o êxito das forças pró-sulistas no Missouri, permitindo às forças da União assegurar o estado.[1]

Destino dos restos de Lyon[editar | editar código-fonte]

Na confusão da retirada unionista de Wilson Creek, o corpo de Lyon ficou no campo de batalha e foi descoberto pelas tropas confederadas. Enterrou-se provisoriamente na propriedade de um soldado da União, perto de Springfield, até que se pudesse entregar à família de Lyon. Finalmente os restos foram enterrados num terreno da família em Eastford (Connecticut), onde uma multidão estimada em 15 000 pessoas assistiu ao funeral. Ergueu-se um cenotáfio em memória de Lyon no Cemitério Nacional de Springfield.[5]

Legado[editar | editar código-fonte]

Em 24 de dezembro de 1861 o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma resolução agradecendo-lhe os seus serviços eminentes e patrióticos. Levam o seu nome o condado de Lyon (Iowa), o condado de Lyon (Kansas), o condado de Lyon (Minnesota), o condado de Lyon (Nevada), também dois fortes levaram o seu nome durante a Guerra Civil Americana: Fort Lyon no Colorado e Fort Lyon na Virgínia.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Downhour, James G., "Nathaniel Lyon", Encyclopedia of the American Civil War: A Political, Social, and Military History, Heidler, David S., and Heidler, Jeanne T., eds., W. W. Norton & Company, 2000, ISBN 0-393-04758-X.
  • Eicher, John H., and Eicher, David J., Civil War High Commands, Stanford University Press, 2001, ISBN 0-8047-3641-3.
  • Warner, Ezra J., Generals in Blue: Lives of the Union Commanders, Louisiana State University Press, 1964, ISBN 0-8071-0822-7.
  • Bloody Island Massacre website

Referências

  1. a b c d e Downhour, pp. 1233-34
  2. Warner, pp. 286-87]
  3. Bloody Island Massacre
  4. Warner, p. 286, afirma ao contrário que Lyon "estava bem longe de ser um abolicionista e estava a favor de manter a escravidão onde existisse."
  5. a b c Eicher, p. 357. Ascendeu a general-de-brigada da Milícia do Missouri em 12 de maio de 1861 e do Exército dos Estados Unidos em 17 de maio.