Murilo Rubião

Murilo Rubião
Murilo Rubião
Nome completo Murilo Eugênio Rubião
Nascimento 1 de junho de 1916
Carmo de Minas, Brasil
Morte 16 de setembro de 1991 (75 anos)
Belo Horizonte, Brasil
Residência Belo Horizonte
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Escritor e jornalista
Magnum opus O ex-mágico (1947)

Murilo Eugênio Rubião (Carmo de Minas, 1º de junho de 1916Belo Horizonte, 16 de setembro de 1991) foi um jornalista e escritor brasileiro. Murilo é reconhecido como um grande expoente do gênero Realismo Mágico na Literatura Brasileira

Vida[editar | editar código-fonte]

Murilo Eugênio Rubião nasceu em Silvestre Ferraz que, em 1953, passou a se chamar Carmo de Minas. Fez seus primeiros estudos nas cidades de Conceição do Rio Verde e Passa Quatro e conclui-os no Grupo Escolar Afonso Pena e no Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte.[1] Bacharelou-se em Direito em 1942 pela Universidade de Minas Gerais, atualmente Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).[2] O jornalismo sempre o seduziu, tornou-se redator da Folha de Minas e diretor da Rádio Inconfidência.

Em 1947, lançou seu primeiro livro de contos, O ex-mágico, que não teve grande repercussão na época. Dessa época, ele tem duas imagens pintadas pela prima Aurélia Rubião.[3] A partir de então, ingressou no mundo da política, sempre como assessor. Em 1951, ocupou a função de chefe de gabinete do governador Juscelino Kubitschek. Entre 1956 e 1961, exerceu o cargo de adido cultural do Brasil na Espanha. Em 1966 foi designado para organizar o Suplemento Literário do Diário Oficial Minas Gerais, que se tornou um dos melhores órgãos de imprensa cultural já surgidos no país. A publicação de O pirotécnico Zacarias, em 1974, deu súbita fama a Murilo Rubião.

Nos anos subsequentes, a sua exígua obra passou a ser vista como a mais significativa manifestação da literatura fantástica no Brasil. Murilo Rubião influenciou diversos autores brasileiros, dentre eles, José J. Veiga e Moacyr Scliar.

Lista de obras[editar | editar código-fonte]

  • O ex-mágico (1947)
  • A estrela vermelha (1953)
  • Os dragões e outros contos (1965)
  • O pirotécnico Zacarias (1974)
  • O convidado (1974)
  • A casa do girassol vermelho (1978)
  • A Armadilha (1984)
  • O homem do boné cinzento e outras histórias (1990)
  • Teleco, o coelhinho (1993)[4]
  • Contos reunidos (2005)

Crítica[editar | editar código-fonte]

Quando Murilo Rubião estreou com O ex-mágico, um crítico apontou a semelhança dos contos que compunham o livro e certas obras de Franz Kafka, especificamente A metamorfose. Embora o autor mineiro não conhecesse, na ocasião, o autor tcheco, havia de fato alguns traços comuns que permitiriam incluí-los numa mesma família estética, a da literatura fantástica.

Entende-se por literatura fantástica aquelas narrativas em que ocorrem fatos inconcebíveis, inexplicáveis, surreais e que produzem uma grande sensação de estranhamento nas pessoas. Normalmente, esta atmosfera de irrealidade tem uma dimensão alegórica, ou seja, por meio do absurdo e do inverossímil, ela alude à realidade concreta da existência, cabendo ao leitor escolher um sentido realista para eventos aparentemente sobrenaturais.

Todos os contos de Murilo Rubião trazem esta perspectiva que invalida a lógica e a racionalidade. Mas o absurdo das situações é apenas um artifício do escritor para questionar a realidade. Alguns de seus mais conhecidos contos apresentam – sob a forma de fantasias surrealistas – uma visão desencantada do homem. O ex-mágico é uma sátira à burocracia e à mesmice do cotidiano. Alfredo, uma fábula sobre a não aceitação das diferenças entre os seres. Os dragões, um minitratado sobre a corrupção humana. A noiva da casa azul, uma reflexão sobre a passagem do tempo e o caráter vão de todos os amores. O pirotécnico Zacarias, uma narrativa de humor negro a respeito da vacuidade e da fugacidade da existência. O convidado, uma aterradora alegoria da solidão dos seres e, talvez, da morte. Assim, de cada relato pode-se extrair um ou mais significados ocultos, o que indica a natureza aberta e polissêmica da obra de Murilo Rubião.

Um crítico viu nestes contos, especialmente a partir dos livros O pirotécnico Zacarias e O convidado, a criação de um "mundo denso e fantasmagórico em que espectros alienados vivem num universo agoniante. Nele, o homem acaba sendo condenado à esterilidade pela própria incapacidade de modificar o mundo sem saída no qual convive" (Jorge Schwartz). De fato, a exemplo do que ocorre na obra de Franz Kafka, o absurdo das histórias de Murilo Rubião é apenas uma metáfora do absurdo da condição humana. Apesar do ceticismo do autor, é grande literatura. De forma paradoxal, a linguagem usada para relatar estes acontecimentos surpreendentes é simples e clara.

Adaptações e traduções[editar | editar código-fonte]

Várias de suas obras tiveram adaptações para outras linguagens, como cinema. Entre elas: "A Armadilha", "O pirotécnico Zacarias", "O ex-mágico da Taberna Minhota" e "O bloqueio". Para o teatro: "O ex-mago", "The piranha lounge" (peça baseada no autor — diversos contos) e "O ex-mago da Taberna Minhota". Seus principais contos foram traduzidos para a língua inglesa, alemã, tcheca e espanhola.[5]

Referências

  1. «Murilo Rubião». www.murilorubiao.com.br. Consultado em 22 de novembro de 2016 
  2. «Durval - Pautando Minas». Pautando Minas. Consultado em 23 de novembro de 2016 
  3. «http://www.auréliarubião.com/». Consultado em 29 de junho de 2018 
  4. O FANTÁSTICO EM “TELECO, O COELHINHO”, DE MURILO RUBIÃO por Luanda Moraes Pimente, publicado em Nucleus 11(2) (2014) DOI: 10.3738/1982.2278.1000
  5. «Cópia arquivada». Consultado em 27 de outubro de 2006. Arquivado do original em 21 de outubro de 2006 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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