Mulheres no Islã

As mulheres no Islão são guiadas pelas leis primárias islâmicas, nomeadamente o Alcorão, assim como pelas demais leis secundárias (que tendem a variar de acordo com a diferença na conceituação das mulheres islâmicas).[1]

As leis e a cultura islâmica possuem grande impacto nos mais variados aspectos da vida de uma mulher islâmica, tais como sua educação, oportunidade de emprego, herança, casamento e justiça, entre outros.[2]

O papel das mulheres na sociedade muçulmana mudou significativamente nos séculos desde que o Islamismo começou na Arábia no início dos anos 600 d.C. Sua posição variou com a mudança de circunstâncias sociais, econômicas e políticas. Embora o Islão considere homens e mulheres como moralmente iguais à vista de Alá, as mulheres não tiveram o mesmo acesso a muitas áreas da vida islâmica. Historicamente, as mulheres muçulmanas não foram tratadas como iguais aos homens. Determinados governantes e administradores e a maioria de eruditos legais impuseram um sistema de desigualdade, que justificaram pelas suas interpretações do Alcorão e das tradições do profeta. As autoridades coloniais desafiaram estes pontos de vista, e as suas noções ocidentais da posição legítima das mulheres na sociedade fixaram-se entre alguns segmentos da população muçulmana. Desde que grande parte do mundo islâmico se tornou independente em meados de 1900, no entanto, as mulheres têm sido apanhadas entre os tradicionalistas e reformadores enquanto eles competem por dominância na sociedade islâmica.[3]

Antes do surgimento do Islão no início dos anos 600, os árabes viviam em uma sociedade tradicionalmente patriarcal. As mulheres eram consideradas como propriedade, e não existiam limitações à poliginia.[3] O Islão trouxe algumas reformas, particularmente no que se refere ao estatuto das mulheres. O Alcorão reconheceu o direito de uma mulher escolher seu próprio parceiro de casamento e fixou limites à prática da poliginiaː um homem poderia ter até quatro esposas, se ele pudesse providenciá-las e tratá-las igualmente.[3]

A poliginia é permitida aos homens praticantes do Islamismo, não sendo difundido em todos os segmentos da religião; em alguns países islâmicos, como o Irã, o homem pode contrair matrimônio temporário.[4] Quanto ás mulheres, a poligamia é proibida Sobretudo, o Islão proíbe as mulheres de contrair matrimônio com um homem não-muçulmano, embora um homem possa casar com uma não muçulmana.

A Sharia provê, como complementarismo,[5] diferenças entre os papéis, direitos e deveres de homens e mulheres. Ser muçulmano é mais do que simplesmente uma identidade religiosa; o Islã estrutura a vida de uma mulher muçulmana como de base cotidiana.

Na maioria dos países muçulmanos, as mulheres exercem os mais variados níveis de seus direitos religiosos com relação a casamento, divórcio, estado civil, vestuário e educação, baseados nas diferentes interpretações da lei islâmica, geralmente bastante restritivas.[6]

Fontes de influência[editar | editar código-fonte]

Existem quatro fontes de influência no Islã sobre as mulheres muçulmanas. As duas primeiras, o Alcorão e os Hádice, são consideradas principais fontes, enquanto as outras duas são fontes secundárias e derivadas que diferem entre várias seitas muçulmanas e escolas da jurisprudência islâmica. As fontes secundárias de influência incluem o ijma (consenso), as qiyas (analogias) e, em outras formas como as fatwas e o ijtihad.[1][7][8]

A igualdade espiritual entre mulheres e homens é detalhada na sura al-Aḥzab: "Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos fiéis e às fiéis, aos consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às que se recordam d'Ele, saibam que Deus lhes tem destinado a indulgência e uma magnífica recompensa." (Alcorão 33:35) [9][10][11]

A visão básica do Islã sobre mulheres e homens postula uma complementaridade de funções: como todas as coisas no universo, a humanidade foi criada em um par (sura Adh-Dhariyat, 51:49)[12] - nenhum pode ser completo sem o outro.[13] No pensamento cosmológico islâmico, o universo é percebido como um equilíbrio construído em relações polares harmoniosas entre os pares que compõem todas as coisas. Além disso, todos os fenômenos externos são reflexos do noúmeno interno e, no final, de Deus.[13]

A mulher nos textos sagrados[editar | editar código-fonte]

No Alcorão[editar | editar código-fonte]

An-Nisa - "A Mulher" - é a quarta sura do Alcorão, com 176 versos, revelada em Medina.Trata essencialmente dos direitos e obrigações das mulheres. O verso 34 é um versículo chave na crítica feminista do Islã. Eis a tradução em língua portuguesa, conforme Helmi Nasr, professor de Estudos Árabes e Islâmicos na Universidade de São Paulo, no Brasil, na sua edição do Alcorão com a colaboração da Liga Islâmica Mundial em Mecaː

"Os homens têm autoridade sobre as mulheres, pelo que Alá preferiu alguns a outros, e pelo que despendem de suas riquezas. Então, as íntegras são devotas, custódias da honra, na ausência dos maridos, pelo que Alá as custodiou. E àquelas de quem temeis a desobediência, exortai-as, pois, e abandonai-as no leito, e batei-lhes. Entao, se elas vos obedecem, não busqueis meio de importuná-las. Por certo, Alá é Altissimo, Grande." [14]

Com ligeiras variantes, tem sido esta a tradução clássica do verso. Assim o traduzem Marmaduke Pickthall, Yusuf Ali, Muhammad Taqi Usmani, Maulvi Sher Ali entre outros-maioria ou todos homens.[15] Na tradução de Ahmed Ali, professor paquistanês -- Al-Qurʻan: A Contemporary Translation -- a parte final do polémico verso é alterada e substituída por "(...) deixe-as sozinhas na cama (sem as molestar) e durma com elas (quando estiverem dispostas) . [16]

A activista marroquina dos direitos femininos Fatima Mernissi já se tinha debruçado sobre este verso na década de 1980. Ela anota que não achou tradição que o próprio Profeta alguma vez tivesse levantado a mão contra alguma das suas mulheres, e sugeriu que a permissão dada pelo Profeta para o uso da violência contra as mulheres foi sob a influência de Omar ibne Alcatabe (o controverso segundo califa do Islão, 634-644), conhecido pela sua misoginia. Para Mernissi, o verso santifica o direito dos homens de bater nas mulheres em caso de rebelião contra a autoridade masculina.[17]

No início dos anos 90, a feminista Amina Wadud lidou com a primeira parte do verso. Rejeitou a opinião de que a expressão árabe "qawwamuna 'ala" implicasse que o Corão colocava o homem num plano superior à mulher; afirma que, pelo contrário, essa expressão indica um compromisso dos homens de apoiá-las financeiramente durante o período em que suas esposas são impedidas de trabalhar devido à gravidez e à amamentação, porque os homens têm maiores recursos financeiros nessa altura.[18] A. Wadud é de opinião que em relação à preferência material, existe apenas uma referência no Alcorão que especifica que Alá determinou para os homens uma porção maior do que para as mulheres: a herança - a mulher herda metade do que herda o homem.[18]

Laleh Bakhtiar, autora, tradutora e psicóloga iraniana-americana, a viver nos EUA, tinha iniciado uma tradução do Alcorão para a língua inglesa quando deparou com o verso 34 da Sura An-Nisa. Perturbada, quase abandonou o projecto na altura: ""Decidi que (o verso) tinha de ter um significado diferente, ou não podia continuar a traduzir", disse Bakhtiar, que adotou a fé islâmica de seu pai já adulta e não tinha refletido no verso anteriormente. "Eu não podia acreditar que Alá aprovaria prejudicar outro ser humano a não ser na guerra."[19][20] Após encontrar uma tradução alternativa, prosseguiu o seu trabalho e publicou "The Sublime Quran" em 2007, a primeira tradução inglesa do Alcorão por uma mulher americana.

A tradução de L.Bakhtiar tenta ter uma perspectiva feminina e admitir significados alternativos para muitos termos árabes que são ambíguos ou cujo significado os estudiosos tiveram que adivinhar por causa da antiguidade da língua. O seu trabalho procura criar um entendimento entre não-muçulmanos e muçulmanos.[21]

Na sua tradução do Alcorão, ela traduz kāfirūn (kafir) como "aqueles que são ingratos" em vez das traduções comuns "incrédulos" ou "infiéis". Ela também traduz a palavra árabe ḍaraba no capítulo 4, versículo 34, referente ao tratamento de um marido em relação a uma esposa rebelde, como "afastar-se", em vez da comum "bater" ou "golpear"[19]. As palavras inglesas "God" (Deus) e "Mary" são usadas em vez das árabes Alá e Maryam.

As reações não se fizeram esperar. O chefe de uma das principais organizações muçulmanas do Canadá, a Sociedade Islâmica da América do Norte (ISNA), Mohammad Ashraf, disse que não permitiria que o livro de Bahktiar fosse vendido na livraria da ISNA porque ela não foi treinada numa instituição acadêmica credenciada no mundo muçulmano (e cita uma universidade na Arábia Saudita como uma delas) e também disse que "esta tradução amiga da mulher estará desalinhada e não irá muito longe" e que "foi dada às mulheres uma posição muito boa no Islã" [22]

Bakhtiar discorda de tais críticas dizendo: "A crítica existe porque sou mulher". Ela também comenta que alguns outros conhecidos tradutores do Alcorão não eram considerados estudiosos islâmicos. Bakhtiar deixa claro que este livro é uma tradução, não um comentário, e que não abordou outras questões potencialmente divisórias, tais como o vestuário, a modéstia das mulheres, o domínio masculino e a poliginia.[22]

Nos Hádices[editar | editar código-fonte]

Os hádices são uma coleção de episódios sobre a vida de Maomé, a seguir ao Alcorão em importância. Foram transmitidos através de uma cadeia oral, e mais tarde compilados várias gerações após a morte do profeta (séculos VIII e IX) por vários dos seus seguidores.

São classificados pelos religiosos muçulmanos e juristas pela sua fiabilidade, sendo as coleções mais consideradas as Sahih al-Bukhari e Sahih Muslim .

Em Sahih al-Bukhari encontra-se, por exemplo, o episódio do encontro de Maomé com um grupo de mulheres:

"Ele passou pelas mulheres e disse: "Ó mulheres! Dêem esmolas, que eu vi que a maioria dos habitantes do inferno eram vocês (mulheres)". Elas perguntaram: "Por que é assim, ó apóstolo de Alá?" Ele respondeu: "Vocês amaldiçoam freqüentemente e são ingratas com os vossos maridos. Eu não vi ninguém mais deficiente em inteligência e religião do que vocês. Um homem sensato e cauteloso poderia ser desencaminhado por alguns de voós". As mulheres perguntaram: "Ó Apóstolo de Alá! O que é deficiente em nossa inteligência e religião?" Ele disse: "Não é a evidência de duas mulheres igual ao testemunho de um homem?" Elas responderam afirmativamente. Ele disse: "Esta é a deficiência em sua inteligência. Não é verdade que uma mulher não pode rezar nem jejuar durante a sua menstruação?" As mulheres responderam afirmativamente. Ele disse: "Essa é a deficiência em sua religião". [23]


Educação[editar | editar código-fonte]

Estudantes numa escola islâmica do Paquistão

As mulheres muçulmanas sempre desempenharam um papel na difusão do conhecimento religioso. Aixa, esposa de Maomé, foi uma importante fonte dos ahadith. Ele teria dito a seus seguidores que receberiam metade da sua religião dela.[3]

Em uma pesquisa de 2013, a Organização para a Cooperação Islâmica concluiu que muitas nações islâmicas restringem o acesso feminino à educação.[24] Em dados da UNICEF, 17 das 24 nações com nível de escolaridade primária abaixo de 60% são nações islâmicas; mais da metade da população adulta é analfabeta em muitos países islâmicos, e a proporção atinge a casa dos 70% quando referente às mulheres.[25] Outros especialistas afirmam que as nações islâmicas possuem os mais altos sinais de separação de gêneros na educação.[26] Um estudo do Fórum Econômico Mundial de 2012 alega que 17 nações islâmicas estão listadas entre as piores do mundo em políticas sociais, entre estas: Argélia, Jordânia, Líbano, Turquia, Egito, Omã, Arábia Saudita, Irão e Marrocos.[27]

A separação de gêneros nas universidades não é geral entre os países islâmicos. Na Turquia, a proporção de pesquisadoras universitárias é razoavelmente maior do que em 27 países da União Europeia. Em 2013, na Universidade da Jordânia, uma das mais tradicionais da África, 65% do corpo discente era formado por mulheres. Da mesma forma, na Malásia, Argélia e Arábia Saudita têm registrado a maioria feminina nas suas universidades nos anos recentes.

Outras pesquisas, porém, contrapõem as estimativas anteriores. Em um levantamento de 2005 sobre a Arábia Saudita, 50% das mulheres são alfabetizadas, contra 72% dos homens. A UNESCO, por sua vez, estima que em muitos países de maioria islâmica a taxa de alfabetização entre as mulheres não ultrapasse os 50%.[28]

Vida religiosa[editar | editar código-fonte]

Mesquita apenas para mulheres islâmicas

Na visão do Islã, não há diferenciação entre as relações de um homem e de uma mulher para com Alá; ambos os sexos recebem iguais graças ou punições por sua conduta. As mulheres muçulmanas devem observar os cinco pilares do Islã, incluindo orar cinco vezes por dia, jejuar durante o mês do Ramadã e, como qualquer muçulmano que seja fisicamente e financeiramente capaz - fazer pelo menos uma vez na vida, a peregrinação à Meca. No entanto, as mulheres não podem orar, jejuar ou tocar o Alcorão durante a menstruação ou durante um período após o parto. Durante esses tempos, elas são consideradas ritualmente impuras. Além disso, as mulheres que estão grávidas ou amamentando estão isentas do jejum durante o Ramadã mas elas devem compensar os dias que perderam mais tarde.[3]

As opiniões sobre se as mulheres devem orar nas mesquitas ou em suas casas mudaram ao longo do tempo. De acordo com um dito, atribuído a Maomé, mulheres são recebidas nas mesquitas.[carece de fontes?] Contudo a presença de mulheres nas mesquitas seria dispensável por causa da impureza causada pela menstruação. Desde então, as mulheres têm se envolvido gradativamente nas atividades da mesquita, sendo que homens e mulheres realizam seus cultos em espaços separados. A separação por sexo varia desde a posição de ambos os 'grupos' no mesmo espaço da mesquita (homens ficando à frente das mulheres) até a separação dos sexos por andar.

Estudiosas da religião eram relativamente comuns desde primitiva do Islão até o século XVI. Mohammad Akram Nadwi, um estudioso sunita, estimou cerca de 8.000 mulheres juristas, e o orientalista estimava que 15% das estudiosas muçulmanas da Era medieval eram mulheres. Mulheres, durante os primeiros anos de Islão, obtinham seu conhecimento através de grupos de estudo comunitários, nos arrábitas e durante o Hajj. Após o século XVI, porém, o número de estudiosas islâmicas decresceu. Na era moderna, enquanto ativistas e escritoras mulheres são relativamente comuns, uma mulher não exerceu o papel de jurista durante mais de 200 anos no mundo islâmico. As oportunidades para o ensino de mulheres existem, entretanto as barreiras culturais eventualmente mantém as mulheres distantes de reconhecer sua vocação.

O direito das mulheres tornarem-se imãs, no entanto, é discutido por muitos. Um dos papéis fundamentais de um imã em uma mesquita é liderar o salat (as preces) e, geralmente, às mulheres é vetado liderar as preces em grupo. Contudo, alguns contestam com a crença de que Maomé permitia Umm Warqa, que acompanhava-o, a liderar as orações na mesquita de Dar.

No sufismo, as mulheres têm estado relativamente mais envolvidas do que outras áreas do Islã. A mulher sufí mais famosa, Rabia al-Adawiya (morreu em 801), escreveu poemas de amor a Deus que continuaram a inspirar até hoje. Ela não é única na tradição sufí, Javad Nurbakhsh traduziu para o inglês as biografias de cerca de 124 mulheres sufis.[3]

Código de vestimenta[editar | editar código-fonte]

O Islão adverte as mulheres a vestirem-se com modéstia e não deixarem à mostra as extremidades para nenhum homem além de seu marido, pai ou familiar mais próximo e crianças pequenas.[29] Contudo Alcorão não é específico quanto ao estilo das roupas e acessórias usados pelas mulheres. A vestimenta têm sido modificada ao longo dos séculos e difere de acordo com a região islâmica. Em alguns países islâmicos, o uso do hijab é obrigatório para as mulheres. Em muitos outros países islâmicos, como o Irã e a Arábia Saudita, todas as mulheres devem cobrir a cabeça em público, embora o tipo de vestimento usado para tal fim possa variar de acordo com o país. Os mais comuns tipos de vestimentas religiosas do Islão são o hijab e o nicabe. Os véus, no entanto, não são citados pelo Alcorão, sendo uma opção particular de cada mulher islâmica.[30]

De acordo com Jawad Syed, as mulheres em muitos países de maioria muçulmana permanecem sujeitas, em vários graus, a segregação de gênero e restrições à sua mobilidade sob o pretexto de modéstia islâmica. Na sua forma atual (ou seja, várias práticas de reclusão feminina e segregação de gênero), o conceito de modéstia parece obstruir a participação das mulheres muçulmanas na vida pública, incluindo a sua participação no emprego. Mais intensamente do que muitos outros sociedades, as sociedades muçulmanas tendem a dividir o mundo em esferas segregadas por gênero.[30]

Ao longo da história as sociedades islâmicas utilizaram a vestimenta como distinção da condição social, ocupação, pureza, crença, sexo e identidade regional. Sob a lei Otomana, por exemplo, a veste das mulheres divergia quanto à região, sendo que cada uma permitia determinadas formas de vestir ou até mesmo a cor dos trajes. Na era moderna, a vestimenta para mulheres muçulmanas varia de região para região e de restrição religiosa à questão de gosto pessoal.[31][32]

Os costumes islâmicos quanto à vestimenta costumam causar controvérsias nos países não-islâmicos. Muitos críticos colocam como forma de opressão às mulheres ou até mesmo ameaça à segurança dos demais povos, sendo que alguns países do Ocidente proíbem as mulheres de usar os trajes tradicionais do Islão. As mulheres não-islâmicas são obrigadas a seguir as regras quando em território islâmico enquanto as islâmicas não necessitam seguir os costumes dos países que visitam - sendo este um forte ponto de controvérsia sobre os limites do respeito à conduta religiosa. A tentativa frequente dos países do Ocidente em proibir o uso do nicabe em seu território é visto por muitos como um sinal claro de preconceito.[33] Apesar disso, o direito contrário, de não usar o nicabe ou o hijab não está garantido nem no Oriente nem no Ocidente, onde mulheres muçulmanas têm sido mortas por se recusarem a usar o hijab ou o usarem de forma considerada imprópria.[34] [35] [36]

Casamento[editar | editar código-fonte]

Para os muçulmanos, o casamento é essencialmente um dever religioso. O Alcorão assinala que Deus criou homens e mulheres para serem companheiros uns dos outros e terem filhos. Além disso, acredita-se que o casamento seja um meio de garantir a castidade. Embora o Islã permita o divórcio sob certas circunstâncias, o Alcorão e a Suna enfatizam a gravidade do divórcio e vêem isso como último recurso.[37]

O Islã caracteriza o relacionamento entre um marido e uma esposa (ou esposas) como complementares. A principal responsabilidade do marido é apoiar e proteger a família. A esposa cuida e disciplina as crianças e mantém a casa. Embora a lei islâmica ensine que o marido e a esposa são iguais perante Alá, as mulheres são subordinadas aos homens. De acordo com o Alcorão, os direitos são proporcionais às responsabilidades, e os homens são considerados como tendo maiores responsabilidades fora do lar. No entanto, o Alcorão aconselha os cônjuges a honrar um vínculo de mútuo "amor e piedade[38]" em seu casamento e incentiva-os a "conviver em tranquilidade". [38] [37]

O casamento é um contrato entre um homem e uma mulher ou entre um homem e o tutor legal da mulher (wali), que é sempre um homem e geralmente seu pai. A lei islâmica exige quatro condições para um casamento válido - uma oferta, uma aceitação, um mínimo de duas testemunhas muçulmanas competentes e um presente de casamento. A lei proíbe certas categorias de parceiros de casamento, como o casamento de parentes próximos, mas permite o casamento com primos directos. Alguns regulamentos refletem preocupações sobre a fé dos futuros filhos. Embora o marido seja o chefe da família, as crianças passam a maior parte do tempo com a mãe e, portanto, são susceptíveis de adotar sua religião. Um homem muçulmano pode se casar com uma mulher que pratica o judaísmo ou o cristianismo, porque essas religiões são baseadas no monoteísmo e na revelação divina, conforme registrado nas escrituras. No entanto, o casamento entre uma mulher muçulmana e um homem não muçulmano é proibido, alegadamente porque o homem assume a responsabilidade pela instrução religiosa das crianças mais velhas.[37] Segundo Yusuf Al-Qaradawi, há muitas e boas razões para esta diferença. Primeiro, o homem é o chefe de família, aquele que mantém a família, e é responsável pela sua esposa. E ao passo que o o Islão garantiria a liberdade de crença e prática para a esposa cristã ou judia de um muçulmano, segundo ele isso não acontece nas outras religiões. [39] O Alcorão proibe expressamente o casamento das muçulmanas com os idólatras: "E nao façais esposar vossas filhas com os idólatras, ate se tomarem crentes. E, em verdade, um escravo crente é melhor que um idólatra, ainda que o admireis. Estes convocam ao Fogo; enquanto Alá convoca, com Sua permissão, ao Paraiso e ao perdão. E Ele toma evidentes Seus sinais, para os homens, a fim de meditarem." (Sura AI-Baqarah, 221)[40]

Tradicionalmente, as famílias muçulmanas organizam os casamentos. A mãe - segundo o Oxford Islamic Studies - procura esposas adequadas para seus filhos. Uma vez que uma noiva potencial é escolhida, seu tutor legal assume a responsabilidade pela organização do contrato de casamento. Apesar da proibição no Alcorão de casamentos forçados, a lei islâmica tradicional permite que um pai force sua filha a casar-se com um homem de sua escolha sem seu conhecimento ou permissão, e ele pode se recusar a permitir que ela se case com ele.[37] Na prática, - isto segundo o Oxford Islamic Studies - os pais costumam perguntar a sua filha se ela concorda com a escolha do cônjuge. .[37] O silêncio da mulher ou menina é interpretado como consentimento, " por causa da sua natural timidez"[41] Mesmo que o Islã afirme que uma mulher ou menina tem o direito de recusar um marido selecionado para ela, na verdade, as pressões familiares podem ser tão fortes, que podem resultar na sua morte se ela não aquiescer.[42]

A maioria dos países muçulmanos aprovou leis para evitar que o guardião obrigue sua filha a se casar. Além disso, os estilos de vida modernos estão substituindo o costume tradicional de casamentos organizados, à medida que homens e mulheres conhecem seus futuros amigos através de amigos mútuos, contato no local de trabalho ou na universidade, ou durante a viagem..[37]

O contrato de casamento geralmente estabelece o mahr que o futuro marido deve prometer para validar legalmente o casamento. Alguns homens concordam em pagar o mahr em duas partes, a metade no momento do casamento e a outra metade em caso de divórcio ou a morte deles. Idealmente e por lei, o mahr se destina como um presente do noivo à noiva para que ela use como ela entender. Na prática, no entanto, algumas famílias recebem o mahr, e alguns maridos reservam para seu próprio uso.[37]

A idade do casamento no Islã para as mulheres varia entre as escolas de jurisprudência islâmica (Madhhab).[43] e conforme os países. Há uma forte crença entre alguns muçulmanos e estudiosos, baseada na Xaria e na vida de Maomé, [44]de que casar com uma menina com menos de 15 anos é uma prática aceitável para os muçulmanos. Muçulmanos no Iêmen, Arábia Saudita, Índia, Bangladesh, Paquistão, Indonésia, Egito, Nigéria, Irão e em outros lugares insistem que é seu direito islâmico se casar com menores.[45][46][47][48][49] Mortes das crianças acontecem por vezes, nas relações sexuais ou durante os partos, devido á desproporção de orgãos.[50][51] Aquando da revolução islâmica no Irão, Khomeini baixou imediatamente a data de casamento para as mulheres para os 9 anos de idade.[52]

De acordo com vários hádices, Maomé casou-se com Aixa, sua terceira esposa, quando tinha seis anos de idade, e consumou o casamento quando atingiu a idade de nove. (Sahih Muslim Livro 008, números 3309, 3310. 3311; Livro 31 , número 5981; Sahih Bukhari volume 5:58:236; 5.58:234; volume 7, livro 62, números 6, 64,65, 88 e outros)[44]

Sivananthi Thanenthiran, da organização ARROW, salienta que o casamento precoce ocorre em uma época em que a maioria das vezes a mulher é considerada legalmente uma menor em muitos aspectos, exceto no facto de se poder casar.[53] A feminista muçulmana Mona Eltahawy comentaː "Falando sem rodeios, o casamento garante que uma mulher, depois de uma infância e juventude de obediência a seu pai, desloque essa obediência para o marido, para quem ela se torna uma fazedora de bebês e ama de leite dos seus filhos (pois as crianças pertencem essencialmente ao pai )".[54][55]

Existe uma ligação direta entre a negação de educacão a meninas e mulheres jovens e o casamento precoce, forçado ou arranjado . Onde esses casamentos são a norma ou são valorizados pela cultura e religião, espera-se que as meninas e mulheres jovens aceitem como norma que a educação é "desperdiçada" naquelas cujas vidas estão destinadas à limpeza da casa, cuidar do marido, e criar os filhos. A liberdade de escolher um parceiro é anulada se os constrangimentos culturais localizados nos "valores familiares" e a obediência aos parentes, particularmente aos pais, intervirem ou se os preceitos religiosos determinarem com quem uma pessoa se casará e quando. [56]

Endogamia[editar | editar código-fonte]

A endogamia é comum nos países islâmicos e é praticada há milhares de anos. A endogamia observada é principalmente de casamentos consangüíneos, onde a noiva e o noivo compartilham um avô biológico ou outro antepassado próximo. Os casamentos mais comuns observados são os casamentos de primos em primeiro grau, seguidos por casamentos de primos em segundo grau. Os casamentos endógamos consangüíneos são mais comuns para as mulheres nas comunidades muçulmanas do Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central Islâmica. Cerca de 1 em cada 3 de todos os casamentos na Arábia Saudita, Irã e Paquistão são casamentos de primos em primeiro grau; enquanto que os casamentos endogâmicos consanguíneos totais excedem de 65 a 80% em várias populações islâmicas do Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central Islâmica.[57][58]

O fenômeno de endogamia geralmente leva a uma diminuição da aptidão biológica de uma população conhecida como depressão de consanguinidade.[59] Os descendentes deste tipo de relações têm um maior risco de contrair determinadas doenças genéticas.[60]

Mulheres islâmicas na política[editar | editar código-fonte]

A paquistanesa Benazir Bhutto foi a primeira mulher eleita Primeiro-ministro de um país islâmico.

Alguns estudiosos clássicos do Islã, como Atabari, apoiaram a liderança de mulheres.[61] Nos primórdios da história do Islã, mulheres desempenhavam um papel nos assuntos políticos. Contudo, este conceito não foi aplicado em todas as civilizações de crença islâmica.

Um hádice no Sahih Bukhari relatado por Abu Bacra (não confundir com o califa Abacar) relata que Maomé teria afirmado que " nunca terá sucesso uma Nação que faz de uma mulher sua Rainha" ,[62] o que foi visto pelos estudiosos do Islã mais ortodoxos como uma justificação para as mulheres não poderem exercer liderança. Alguns juristas restringiram a proibição de modo que cobre apenas a posição de califa ou chefe de estado. Outros mantêm que as mulheres são proibidas de assumir qualquer papel de liderança, exceto entre mulheres ou dentro de estruturas reservada às mulheres (organizações, instituições, etc.).[63]

Em 1988, o Paquistão se tornou o primeiro Estado de maioria islâmica a possuir uma primeira-ministra. Nas décadas posteriores, um grande número de países de maioria islâmica, (como Indonésia, Paquistão, Bangladesh, Turquia e Quirguistão) foram ou têm sido governados por mulheres, o que não impede que as mulheres, em geral, nesses países, (a maior parte considerados os piores para se ser mulher[64][65] ), continuem a ser cidadãs de classe inferior.[66] Em 2002, aproximadamente um terço do Parlamento do Egito era constituído por mulheres. A feminista islâmica Fatima Sadiqi nota que o facto de haver mulheres na política raramente significa avanços nos direitos das mulheres.[67] Contudo, há uma longa série de debates e controvérsias acerca do papel de ambos os géneros dentro da religião e através dela. Sobre a situação atual da mulher muçulmana, a feminista (muçulmana também) Mona Eltahawy , em Maio de 2012, escrevendo no magazine Foreign Policy, disse: "Nomeiem-me um qualquer país árabe, e vou recitar um rosário de abusos (de mulheres) alimentados por uma mistura tóxica de cultura e religião que poucos parecem dispostos ou capazes de desembaraçar, para não blasfemar ou ofender."[6]

De acordo com o Xeque Zoubir Bouchikhi, imã da Sociedade Islâmica da Grande Houston (ISGH), não há preceito ou lei na prática islâmica que permita ou proíba o direito de voto às mulheres.[68] Sendo assim, mesmo que uma grande parte das nações islâmicas não gozem de democracia plena, os seus cidadãos são autorizados a votar periodicamente - incluindo as mulheres. As várias eleições que tiveram a participação de mulheres são indicativo de que as tradições e a interpretação da Lei islâmica variam em cada região. Por exemplo, o Azerbaijão permitiu o voto às mulheres em 1918, dois anos antes de ser permitido na União Soviética.[69] As mulheres turcas também obtiveram direito de voto nas eleições regionais e legislativas em 1930 e 1934, respectivamente.[70]

Muitos países de maioria islâmica têm aprovado leis que promovem o aumento de legisladoras em seus parlamentos. A Indonésia aprovou uma lei em 2013 que obriga os partidos políticos a possuírem 30% de candidatas nas eleições.[71][72] A Tunísia contou com cerca de 50% de candidatos do sexo feminino nas eleições de 2011 e 2014.[73][74] Em 2012, a Argélia definiu que o Parlamento deve reservar 30% dos assentos às candidatas.[75]

Líderes islâmicas[editar | editar código-fonte]

País Nome Cargo
 Afeganistão Fawzia Koofi Vice-presidente da Assembleia Nacional
 Bangladesh Khaleda Zia Primeira-ministra do Bangladesh
Indonésia Megawati Sukarnoputri Presidente da Indonésia
Kosovo Atifete Jahjaga Presidente do Kosovo
Jordânia Rania da Jordânia Rainha Consorte da Jordânia
Paquistão Benazir Bhutto Primeira-ministra do Paquistão
Senegal Mame Madior Boye Primeira-ministra do Senegal
 Turquia Tansu Çiller Primeira-ministra da Turquia

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Motahhari, Morteza (1983). Jurisprudência e seus princípios (tradução livre), ISBN 0-940368-28-5
  2. Offenhauer, Priscilla (2005) Mulheres na Sociedade Islâmia. Biblioteca do Congresso.
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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Eltahawy, Mona (2015)- Headscarves and Hymensː Why The Middle East Needs a Sexual Revolution -Harper Collins
  • Mernissi, Fatima (1987) - The Veil and the Male Elite: a Feminist Interpretation of Women´s Rights in Islam - Perseus Books.
  • Tradução do sentido do Nobre Alcorão para a Língua portuguesa (realizada por Helmi Nasr). Medina, Arábia Saudita: Complexo do Rei Fahd para imprimir o Alcorão Nobre