Maoris

 Nota: Se procura a língua do povo maori, veja língua maori.
Maoris
Māori
Bandeira Tino Rangatiratanga, eleita como bandeira nacional maori em 2009 (en)
Maoris performando o Haka (2012)
População total

aprox. 885 000 (2016)

Regiões com população significativa
 Nova Zelândia 775 836 (2018) [1]
 Austrália 142 107 (2016) [2]
 Reino Unido 8 000 (2000) [3]
 Estados Unidos 3 500 (2000) [4]
 Canadá 2 500 (2016) [5]
Línguas
Maori, inglês
Religiões
Irreligião
  
53,5%
Cristianismo
  
29,9%
religiões maori
  
7,7%
Outras
  
1,4%
Budismo
  
0,2%
Islão
  
0,1%
Hinduísmo
  
0,1%
Na Nova Zelândia[6]
Etnia
Austronésios
Grupos étnicos relacionados
Povos polinésios.
Te Puni, um chefe maori do século XIX.

Os maoris[7] ou maores[7] são o povo nativo da Nova Zelândia.

Nomeação e autonomeação[editar | editar código-fonte]

Na língua maori, a palavra maori representa toda uma cultura. Em lendas e outras tradições orais, a palavra distinguia seres humanos mortais de divindades e espíritos. Maori tem cognatos em outras línguas da Polinésia, como na língua havaiana (Maoli) e na língua taitiana (Maohi), e todos têm sentidos semelhantes.

Os primeiros exploradores europeus às ilhas da Nova Zelândia se referiam às pessoas que lá encontraram como "aborígenes", "nativos" ou "neozelandeses". Maori permaneceu como o termo usado pelos maoris para descreverem a si mesmos. Em 1947, o Departamento de Relações Nativas foi renomeado para Departamento de Relações Maoris para reafirmar a decisão.

Origens maoris[editar | editar código-fonte]

A Nova Zelândia foi um dos últimos lugares da Terra a ser colonizado pelos europeus. Estudos[8] sugerem que ondas de migração vieram do leste da Polinésia entre os anos 10 e 800. A tradição oral maori descreve a chegada de antepassados provenientes de Gaawiki (um lugar lendário na parte tropical da Polinésia) por grandes navios que cruzavam os oceanos.[9][10][11]

Não existe registro de assentamento humano na Nova Zelândia antes dos viajantes maoris;[12] por outro lado, evidências arqueológicas indicam que os primeiros habitantes vieram do leste da Polinésia e se tornaram os maoris.[9][10][11]

Na Nova Zelândia há uma riqueza enorme quanto à tatuagem. E a tatuagem mais importante é feita no rosto. Para muitas culturas, a mão, o rosto e o pescoço ficam fora da pintura corporal. Para os maoris, o homem cobre todo o rosto quanto mais nobre ele é ou pela sua posição social. A tatuagem dá status dentro da tribo ou clã.[9][10][11]

As guerras tribais eram ferozes e motivadas pela pequena oferta de alimento, cuja cultura principal era a batata doce.[12] Quando eles entravam em guerra, cortavam a cabeça do inimigo e colocavam-na em urnas sagradas. No século XIX, as cabeças tatuadas dos guerreiros maoris se tornaram objetos cobiçados por colecionadores europeus. O tráfico dessas cabeças começou com os próprios maoris, eles passaram a matar e vender para comerciantes e trocá-las por armas de fogo.[9][10][11]

Interações com a Europa antes de 1841[editar | editar código-fonte]

A primeira impressão dos europeus sobre os maoris, em Murderers' Bay.

A colonização europeia da Nova Zelândia foi relativamente recente. Os maoris foram a última comunidade a ser influenciada pelos europeus.[13]

Os primeiros exploradores europeus — incluindo Abel Tasman (que chegou em 1642) e o capitão James Cook (que visitou pela primeira vez em 1769) — relataram encontros com maoris. Estes primeiros relatos descreviam os maoris como uma raça de guerreiros ferozes e orgulhosos. Guerras intertribais ocorriam frequentemente durante este período, com os vitoriosos escravizando ou até comendo os perdedores.[13]

No começo dos anos 1780 os maoris tiveram encontros com marinheiros e baleeiros; alguns até eram tripulantes dos navios estrangeiros. A corrente contínua de presos que escapavam e de outros desertores em navios da Austrália também expôs a população indígena da Nova Zelândia à influências de fora.[9][10]

Em 1830 estimava-se que o número de europeus vivendo entre os maoris fosse de cerca de 2 mil. As posições dos recém-chegados variavam de escravos a conselheiros de alto nível, de prisioneiros a outros que abandonaram a cultura europeia e se identificaram como maoris. Quando Pomare comandou um destacamento de guerra contra Titore em 1838, ele tinha 132 mercenários entre seus guerreiros. Frederick Edward Maning, um dos primeiros colonos, escreveu dois livros contemporâneos de sua vida, que se tornaram clássicos na literatura neozelandeza: Old New Zealand e History of the War in the North of New Zealand against the Chief Heke.[9][10]

Durante este período, a aquisição de mosquetes pelas tribos em contato com os europeus, causou o desequilíbrio de poder entre as tribos maoris, e começou um período de guerra sangrenta, intertribal, conhecida como "Guerra dos Mosquetes", que resultou na exterminação efetiva de várias tribos e a migração de várias outras para fora de seus territórios tradicionais. Doenças europeias também mataram um grande número de maoris durante este período (o número exato é desconhecido).[9][10]

Com a crescente atividade missionária europeia e a colonização durante os anos 1830 — somada à falta de leis europeias na colônia — a Coroa Inglesa, como potência mundial da época, foi pressionada para interferir contra o extermínio dos maoris.[9][10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «2018 Census population and dwelling counts | Stats NZ». www.stats.govt.nz. Table 11. Consultado em 31 de janeiro de 2023 
  2. «2016 Census Community Profiles: Australia». www.censusdata.abs.gov.au. Consultado em 28 de outubro de 2017 
  3. Walrond, Carl (4 de março de 2009). «Māori overseas». Te Ara: The Encyclopedia of New Zealand. Consultado em 7 de dezembro de 2010 
  4. New Zealand-born figures from the 2000 U.S. Census; maximum figure represents sum of "Native Hawaiian and Other Pacific Islander" and people of mixed race. United States Census Bureau (2003).«Census 2000 Foreign-Born Profiles (STP-159): Country of Birth: New Zealand» (PDF)  (103 KB). Washington, D.C.: U.S. Census Bureau.
  5. Government of Canada, Statistics Canada (25 de outubro de 2017). «Ethnic Origin (279), Single and Multiple Ethnic Origin Responses (3), Generation Status (4), Age (12) and Sex (3) for the Population in Private Households of Canada, Provinces and Territories, Census Metropolitan Areas and Census Agglomerations, 2016 Census – 25% Sample Data». www12.statcan.gc.ca 
  6. «Māori ethnic group–Religion». Statistics New Zealand Tautaranga Aotearoa. 2018. Consultado em 30 de julho de 2021 
  7. a b Paulo Correia; Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia (Outono de 2012). «Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?» (PDF). Sítio Web da Direção-Geral de Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia. a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (N.º 40): 29. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2013 
  8. Sutton, 1994
  9. a b c d e f g h Hiroa, Te Rangi (Sir Peter Buck) (1974). The Coming of the Maori. Segunda edição. Primeira edição, 1949. Wellington: Whitcombe and Tombs.
  10. a b c d e f g h Sutton, Douglas G. (Ed.) (1994). The Origins of the First New Zealanders. Auckland: Auckland University Press.
  11. a b c d Irwin, Geoffrey (1992). The Prehistoric Exploration and Colonisation of the Pacific. Cambridge: Cambridge University Press.
  12. a b DIAMOND, Jared. "Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso". Editora Record. Rio de Janeiro — São Paulo. Ano 2009. (Acesso em 04 de abril de 2013)
  13. a b King, Michael; The Penguin History Of New Zealand

Fontes[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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