Manuel Joaquim Alves Machado

Manuel Joaquim Alves Machado
Manuel Joaquim Alves Machado
Conde de Alves Machado
Nascimento 4 de fevereiro de 1822
Povoação de Alvite, Freguesia de Cerva, Concelho de Ribeira de Pena Portugal
Morte 4 de abril de 1915 (93 anos)
Porto, Portugal
Nacionalidade Portuguesa e Brasileira
Progenitores Mãe: Cipriana Rosa,
Pai: Bernardo José Alves Machado
Cônjuge Antonia Bernarda Dolores Rodriguez
Ocupação Comerciante

Manuel Joaquim Alves Machado, (Cerva, 4 de Fevereiro 1822 — Porto, 4 de Abril de 1915), Conde de Alves Machado.

Vida[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 1822, na Quinta de Barbeita, em Alvite, freguesia de Cerva, concelho de Ribeira de Pena filho de lavradores, Bernardo José Alves Machado, e de sua mulher Maria Rosa da Costa Machado.[1]

Emigrou para o Brasil aos 12 anos de idade, empregando-se em várias casas comerciais, e chegando, à força de trabalho honrado e perseverante, a conseguir uma muito avultada fortuna e a ocupar uma situação de grande evidência entre a colónia portuguesa no Brasil, que protegia enormemente.

A sua firma, dedicada, entre outras actividades, ao comércio do café, estava estabelecida na Rua do Hospício, nº 26 – Rio de Janeiro.[2]

Em 1873, depois de uma longa viagem pela Europa, fixou residência no Porto, no Hotel Francfort, onde viveu cerca de 40 anos.

Pertenceu à Junta Distrital do Porto.

Filiou-se no partido Regenerador, sendo grande amigo do Conselheiro António Maria Fontes Pereira de Melo.

Publicou: O Senador Zacarias de Góis e Vasconcelos, Julgado pela Imprensa do Seu País por Ocasião do Seu Falecimento, Porto, 1879.

Foi agraciado com o título de Visconde em 1879, por D. Luís e elevado a Conde em 1896, por D. Carlos.[3]

O Conde de Alves Machado foi sempre de enorme generosidade para com a família real portuguesa. Conta o Sexto Marquês de Lavradio nas suas memórias que os partidos políticos, sobretudos os republicanos, estavam sempre prontos a criticar as despesas que a Casa Real fizesse e especialmente as feitas com viagens, sem no entanto atender à vantagem destas. Havia no entanto monárquicos amigos da Família Real que não queriam que Sua Majestade, o Rei D. Carlos, pudesse sentir faltas de dinheiro. Assim, por ocasião da visita de El Rei D. Carlos a Londres, o Conde de Alves Machado ordenou aos seus banqueiros em Londres que pusessem à disposição de S.M. ₤10,000 de que S.M. se poderia utilizar quando e como quisesse e, se S.M. precisasse de maior quantia, os mesmos banqueiros tinham ordem de lha entregar.[4]

Com D. Manuel II já no exílio, Alves Machado continuou sempre a dar mostras da sua generosidade. Em 1913, D. Manuel escreve-lhe da Alemanha agradecendo-lhe mais uma ajuda financeira, desta feita de ₤500.

O Conde de Alves Machado

Também a família Imperial Brasileira foi objecto da sua generosidade. Em 1889 ao desembarcar em Lisboa, no início do seu exílio, Dom Pedro II recusou o palácio que lhe foi oferecido pelo sobrinho-rei, preferindo hospedar-se no Hotel Bragança, como um cidadão comum. Como não tinha dinheiro para pagar a conta quem lhe valeu foi o Conde de Alves Machado.[5] Nesse mesmo ano 1889, por ocasião da morte da Imperatriz do Brasil esposa do Imperador Dom Pedro II, em virtude das dificuldades financeiras que a famlia imperial sofria no exílio, no Porto, foi o Conde de Alves Machado quem financiou o funeral, concedendo ao Imperador um avultado empréstimo de 20 Contos de Reis. Mais tarde, D. Pedro, em França, voltou a precisar de dinheiro e recorreu à família Rothschild, mas como os Rothschild lhe exigiram garantias prestadas pelos herdeiros de D. Pedro no Brasil, D. Pedro voltou a pedir ao Conde de Alves Machado um segundo "empréstimo", também de 20 Contos de Reis.[6]

Também O Correio da Manhã de 24 de maio de 1896 na 1ª e 2ª pp tem uma notícia cujo título chama a atenção, ”O Imperador do Brasil e o Senhor Conde de Alves Machado” onde se regista e enaltece a generosidade deste último para com a Família Imperial. Segundo a mesma notícia Alves Machado escreveu ao Visconde de Ouro Preto dizendo-lhe o seguinte: «ponho a disposição S Majestade todos os meus haveres, todos ilimitadamente... e que nos funerais da Imperatriz não se olhe a despesas».

Filantropo, altruísta, ocupou diversos cargos em associações de beneficência, estando sempre disponível para ajudar os que dele precisavam.

Construiu a sua casa na Praça de República, 25. Também era proprietário do Palacete sito na Rua do Salitre 66, que vendeu em 1899 ao Conselheiro Joaquim José Cerqueira e que mais tarde veio a ser a sede da Fundação Oriente.[7][8][9]

A sua filha, Maria Celestina Alves Machado, casou com o escritor e artista José Júlio Gonçalves Coelho

Títulos, condecorações e ordens honoríficas[editar | editar código-fonte]

Associações[editar | editar código-fonte]

  • Presidente da Associação dos Albergues Nocturnos do Porto, Associação Filantrópica de Utilidade Publica, fundada em 1881, por iniciativa do então Rei de Portugal D. Luíz I.[12]
  • Conselho Filial de Beneficência do Governo Civil do Porto
  • Direção da Real Sociedade Humanitária

Ver Também[editar | editar código-fonte]

  • Leal, Miguel (2014). «A Pintura Decorativa do Palacete Alves Machado: um estudo de caso». A Casa Senhoria em Lisboa e no Rio de Janeiro. Anatomia dos Interiores. Lisboa e Rio de Janeiro: Edição conjunta Instituto de História da Arte (IHA) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Escola de Belas Artes (EBA) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. p. 506. ISBN 9789899919204 

Referências

  1. Nobreza de Portugal e Brasil - 3 vols - vol. 2 - pg. 266
  2. Mattos, Raimundo César de Oliveira (10 de dezembro de 2008). «Manoel Antônio Esteves – o cotidiano de um comerciante/cafeicultor do Vale do Paraíba fluminense através da Epistolografia (Parte 2)». historia e-historia. Consultado em 8 de Junho de 2014. Arquivado do original em 2 de janeiro de 2014 
  3. ANP 1985 - Anuário da Nobreza de Portugal - 1985, Instituto Português de Heráldica, 1ª Edição, Lisboa, 1985
  4. "Memórias do Sexto Marquês de Lavradio" - Editorial Nova Ática, ISBN 9726171644
  5. Gomes, Laurentino (2013). 1889. Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil Globo Editora ed. [S.l.: s.n.] pp. 264–265. ISBN 9788525054463 
  6. Barman, Roderick - "Citizen Emperor: Pedro II and the Making of Brazil, 1825-1891", ISBN 978-0804744003
  7. Cristina Ferreira (6 de Março de 2014). «Fundação Oriente vende palacete e muda-se para antigos armazéns frigoríficos do bacalhau». Jornal Público. Consultado em 13 de Outubro de 2014 
  8. Maria Augusta Sena de Vasconcelos de Azevedo (1998). «Laços de família [ Texto policopiado] : de Portugal ao Brasil, a África e ao Oriente». Consultado em 13 de Outubro de 2014 
  9. Maria Augusta Sena de Vasconcelos de Azevedo (1998). «Laços de família [ Texto policopiado] : de Portugal ao Brasil, a África e ao Oriente». FLUP - Dissertação. Consultado em 13 de Outubro de 2014 
  10. Carta. Título de Visconde de Alves Machado em sua vida, Arquivo Nacional Torre do Tombo, Ref: PT/TT/RGM/J/193669, Registo Geral de Mercês de D. Luís I, liv. 33, f. 199 - [1]
  11. Carta. Concedendo-lhe o Título de Conde de Alves Machado, 1896-06-11, Arquivo Nacional Torre do Tombo, Ref: PT/TT/RGM/L/08/272715, Registo Geral de Mercês de D. Carlos I, liv. 8, fl.151v - [2]
  12. «A Associação dos Albergues Nocturnos do Porto - História». Consultado em 8 de Junho de 2014. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
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