Literatura sapiencial

 Nota: Este artigo é sobre a literatura sapiencial geral. Para livros sapienciais do Antigo Testamento, veja Livros poéticos e sapienciais do Antigo Testamento.

A literatura sapiencial ou livros de sabedoria é um gênero de literatura comum no antigo Oriente Próximo. Consiste em declarações de sábios que oferecem ensinamentos sobre divindade e virtude. Embora este gênero use técnicas de narração oral tradicional, foi disseminado em forma escrita.

O gênero literário de espelhos para príncipes, que tem uma longa história na literatura islâmica e renascentista ocidental, é um cognato secular da literatura de sabedoria. Na Antiguidade Clássica, a poesia didática de Hesíodo, particularmente seu Os Trabalhos e os Dias, era considerada uma fonte de conhecimento semelhante à literatura sapiencial do Egito, Babilônia, Israel e Índia.

Literatura mesopotâmica[editar | editar código-fonte]

A literatura mais antiga registrada data de 2600 a. C., na Mesopotâmia, feita inicialmente pelos sumérios em tabuletas de barro com escrita cuneiforme, que ficaram conhecidas como tabuletas de Abu Salabikh, em referência ao local do sítio arqueológico. Inclui-se nela, além de alguns hinos e mitos da religião mesopotâmica antiga, o texto sapiencial denominado Instruções a Shuruppak. Também fazem parte desse gênero de literatura as tábuas posteriores acadianas, similares aos Livro dos Provérbios, de Ludlul bel-Nemeqi (c. 1700 a. C.) e "A Teodiceia Babilônica" (c. 1000 a. C.),[1] e "Conselhos da Sabedoria" (c. 700 a. C.), na qual é citado:

Literatura egípcia antiga[editar | editar código-fonte]

Na literatura egípcia antiga, a literatura de sabedoria pertencia ao gênero sebayt ("ensino") que floresceu durante o Reino Médio do Egito e se tornou canônico durante o Império Novo. Trabalhos notáveis deste gênero incluem as Instruções de Kagemni, As Máximas de Ptahhotep, as Instruções de Amenemhat e o Ensino Legalista.

Literatura grega e romana antiga[editar | editar código-fonte]

A literatura grega é essencialmente didática, tendo sido considerada a sabedoria contida em poesias, como as de Hesíodo e Homero, e nas recomendações morais das fábulas e filósofos, como em Platão e Aristóteles, mas em meio a ela há pouca literatura de sapiência propriamente proverbial;[3] exemplos conhecidos que se enquadram nessa classificação são as máximas délficas e os chamados Versos de Ouro de Pitágoras.

Literatura de sabedoria bíblica e textos judaicos[editar | editar código-fonte]

Os exemplos mais famosos de literatura de sabedoria são encontrados na Bíblia.

Livros Sapienciais[editar | editar código-fonte]

O termo "Livros Sapienciais" ou "Livros de Sabedoria" é usado nos estudos bíblicos para se referir a um subconjunto dos livros da Bíblia Hebraica na tradução da Septuaginta. Há sete desses livros, a saber, os livros de , Salmos, Provérbios, Eclesiastes, o Cântico dos Cânticos (Cântico de Salomão), o Livro da Sabedoria e o Siraque (Eclesiástico). Nem todos os Salmos são geralmente considerados como pertencentes à tradição da Sabedoria.[4]

No judaísmo, os livros de sabedoria que não a sabedoria de Salomão e Sirach são considerados como parte do Ketuvim ou "Escritos". No cristianismo, Jó, Salmos, Provérbios, Cântico dos Cânticos e Eclesiastes são incluídos no Antigo Testamento por todas as tradições, enquanto Sabedoria e Siraque são considerados em algumas tradições como obras deuterocanônicas que são colocadas nos Apócrifos dentro das traduções da Bíblia Anglicana e Protestante.[5]

Os livros sapienciais estão na ampla tradição da literatura de sabedoria que foi amplamente encontrada no antigo Oriente Próximo, incluindo muitas outras religiões além do judaísmo.

Septuaginta[editar | editar código-fonte]

O substantivo grego sophia (σοφῐ́ᾱ , sophíā) é a tradução de "sabedoria" na Septuaginta grega do hebraico Ḥokmot (khakhamút). A sabedoria é um tema central nos livros "Sapienciais", isto é, Provérbios, Salmos, , Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Livro da Sabedoria, Sabedoria de Siraque e, até certo ponto, Baruque (os três últimos são Livros Apócrifos/Deuterocanônicos do Antigo Testamento).

Textos clássicos[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Oshima, Takayoshi, author. Babylonian poems of pious sufferers : Ludlul Bēl Nēmeqi and the Babylonian Theodicy. [S.l.: s.n.] ISBN 9783161533891. OCLC 904240929 
  2. Nolland, John. The Gospel of Matthew: a commentary on the Greek text. Wm. B. Eerdmans Publishing, 2005 pg. 267
  3. Lazaridis, Nikolaos. «Ancient Greek wisdom literature, from The Literary Encyclopedia» (em inglês) 
  4. Estes, D. J., Handbook on the Wisdom Books and Psalms (Grand Rapids, MI: Baker Publishing Group, 2005), p. 141.
  5. Comay, Joan; Brownrigg, Ronald (1993). Who's Who in the Bible: The Old Testament and the Apocrypha, The New Testament. New York: Wing Books. pp. Old Testament, 355–56. ISBN 0-517-32170-X.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Estes, Daniel J. Handbook on the Wisdom Books and Psalms. [S.l.: s.n.] ISBN 978-0801038884 
  • Crenshaw, James L. Old Testament Wisdom: An Introduction. [S.l.: s.n.] ISBN 0-664-23459-3 
  • Murphy, R. E. The Tree of Life: An Exploration of Biblical Wisdom Literature. [S.l.: s.n.] ISBN 0-8028-3965-7 
  • Toy, Crawford Howell (1911). "Wisdom Literature" . Encyclopædia Britannica. 28 (11th ed.).