Let It Be

 Nota: Para outros significados, veja Let It Be (desambiguação).
Let It Be
Let It Be
Álbum de estúdio de The BeatlesThe Beatles e Billy Preston
Lançamento 8 de maio de 1970
Gravação 2 a 31 de Janeiro de 1969
no Apple Studios, em Savile Row
e em Janeiro a Março de 1970
na EMI e no Abbey Road Studios, em Londres
Gênero(s)
Duração 35:15
Idioma(s) Inglês
Gravadora(s) Apple Records, EMI
Produção George Martin e Phil Spector
Cronologia de The Beatles
Abbey Road
(1969)
Singles de Let It Be
  1. "Get Back"
    Lançamento: 11 de Abril de 1969
  2. "Across the Universe"
    Lançamento: 12 de Dezembro de 1969
  3. "Let It Be"
    Lançamento: 6 de Março de 1970
  4. "The Long and Winding Road"
    Lançamento: 11 de Maio de 1970
  5. "For You Blue"
    Lançamento: 11 de Maio de 1970

Let It Be é o décimo terceiro e último álbum de estúdio lançado pelo grupo inglês de rock The Beatles. Gravado entre janeiro de 1969 e março/abril de 1970, o álbum foi somente lançado em 8 de maio de 1970, após o disco Abbey Road (último disco gravado) e juntamente com o documentário com o mesmo nome. Inicialmente estava previsto chamar-se Get Back.

As músicas "Let It Be" e "Get Back" foram lançadas como singles no Reino Unido, mas em versões diferentes das encontradas no álbum. "The Long and Winding Road" foi lançada como single nos EUA.

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
All Music Guide 4 de 5 estrelas. [1]
Billboard 4 de 5 estrelas. [2]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em 1969, Paul McCartney teve a ideia de gravar o álbum e documentário Get Back ("volte", em português) planejado para ser uma "volta às raízes". McCartney tinha grande vontade de ver os Beatles tocando ao vivo novamente, ideia que não agradava ao resto da banda, principalmente George Harrison que chegou a declarar que estava saindo da banda. John Lennon sem se importar muito ameaçou chamar Eric Clapton para o lugar dele, mas McCartney não concordou por achar que os Beatles sempre seriam os quatro e mais ninguém. Em comum acordo eles resolveram gravar um álbum como se fosse ao vivo, assim como foi feito no primeiro álbum dos Beatles, Please Please Me. Para isso até fizeram uma foto no mesmo local da capa de Please Please Me só que agora um pouco mais velhos. Lennon chegou a falar para George Martin num tom áspero: "Dessa vez queremos um disco honesto e não mais uma daquelas porcarias que você faz!". Em entrevistas posteriores, Martin diz que engoliu aquilo a seco mas pensou em responder que todos os discos dos Beatles eram honestos até aquele momento. Os ensaios iniciaram em mono, nos "Twickenham Studios" e, após uma breve interrupção devido Harrison ter deixado a banda temporariamente, concluíram-se com o retorno de Harrison junto a Billy Preston, com as gravações nos estúdios da Apple, em multi-tracks. Quando a Apple foi iniciada, os Beatles deram todo o dinheiro necessário para um "amigo charlatão" que Lennon conheceu na Grécia, chamado Magic Alex, para que construísse um estúdio que foi descrito por ele como o melhor estúdio possível. Porém quando George Martin e seus auxiliares técnicos foram inspecionar o local viram como “o maior desastre de todos os tempos. A mesa de mixagem era feita de madeira velha e um osciloscópio antigo, e os 72 canais prometidos por Magic Alex, eram só 16 canais”. E dizia mais: “O local não tinha paredes isoladas do som e era possível ouvir o barulho dos canos, das tubulações e o ronco do ar condicionado.” Mas mesmo assim os Beatles estavam dispostos a “ensaiar e gravar em casa”, com a produção de Glyn Johns, com Martin em segundo plano (o que o deixou visivelmente chateado pelo trabalho desonroso, já que ele nunca fez questão de ganhar fama ou fortuna pelo trabalho com os Beatles mesmo tendo ajudado a elevá-los ao patamar atual de melhor banda do mundo).

Os Beatles escolheram 7 músicas durante Janeiro de 1969 e tais gravações culminaram com uma performance ao vivo, numa espécie de mini-show, no dia 30 de Janeiro, no telhado dos estúdios da Apple, em Saville Row, para o filme do mesmo nome, até a polícia pedir para o grupo parar, visto o tumulto nas ruas. Foi a última apresentação pública dos Beatles, em 30 de Janeiro de 1969. Três das canções tocadas ao vivo, no telhado da Apple, permaneceram no álbum final, Let It Be; elas são: "Dig a Pony", "I've Got a Feeling", e "One After 909", e vários diálogos gravados também no telhado aparecem entre as faixas do álbum lançado.

No total, centenas de músicas foram tocadas e gravadas, durante as sessões de estúdio das gravações para o projeto Get Back/Let It Be. Além das originais lançadas no Let It Be, incluíam as canções todas do álbum Abbey Road, e várias canções que acabaram sendo lançadas nos projetos solo após a separação dos Beatles. Canções como, "Jealous Guy" (Lennon); "All Things Must Pass" (Harrison); "Teddy Boy" (McCartney), além de diversas outras covers interpretadas por eles no estilo de blues de doze compassos.

O álbum estava planejado para ser lançado em julho de 1969, mas adiaram para setembro, visto que queriam que este fosse lançado junto com o especial para a televisão - o filme sobre os bastidores da gravação do álbum.

Em setembro de 1969, adiaram o lançamento de Get Back, novamente; desta vez para dezembro, já que estavam com um novo projeto pronto para lançamento, às mãos, o álbum Abbey Road, o último disco "oficial".

Em dezembro, os Beatles pediram a Glyn Johns para produzir um álbum das gravações feitas para combinar com o filme - ainda não lançado então -, Get Back. E, durante o fim de 15 de dezembro de 1969 até 8 de Janeiro de 1970, novas mixagens foram preparadas. A mixagem do álbum incluía, em adição, Across The Universe - um remix da versão original gravada no estúdio, em 1968 - , e I Me Mine, gravação toda original, mas com o mesmo arranjo da versão para o filme, e somente com Paul, George e Ringo tocando, uma vez que John já havia deixado a banda. Mas os Beatles não gostaram do trabalho apresentado por Glyn Johns.[3]

Gravação[editar | editar código-fonte]

A última sessão de gravação foi em 4 de Janeiro de 1970, quando George, Paul e Ringo (John já havia deixado o grupo) encontraram-se para terminar "I Me Mine", de Harrison, que entraria em Get Back. Dois meses depois, as fitas de Get Back foram entregues para o produtor estadunidense Phil Spector "retrabalhar". George Martin já estava cansado das brigas e discussões dos Beatles e também achou que seria antiprofissional trabalhar naquele material de má qualidade. Como Spector tinha produzido o recém-lançado single de Lennon, "Instant Karma", John decidiu pedir (sem autorização de McCartney) para ele "dar uma olhada e ver o que podia ser feito".

Além de produzir toda a mixagem do álbum final, Spector realizou modificações em algumas músicas: pegou uma jam session, "Dig It", e outras conversas entre as gravações; alongou "I Me Mine"; desacelerou e acrescentou cordas a "Across The Universe"; colocou cordas e coral em "The Long And Winding Road" e cortou a parte em que Paul fala como um bluesman em "Get Back".

Seis faixas do álbum são gravações ao vivo (i.e. sem remix ou overdub posterior). Além das três canções gravadas ao vivo no telhado do prédio da Apple Corps., incluíam-se, "Two of Us", "Dig It" e "Maggie Mae", gravadas ao vivo nos estúdios da Apple, no porão do prédio da Apple. Enquanto as outras canções, "For You Blue", "I Me Mine", "Let It Be", "The Long and Winding Road" e "Get Back" foram gravadas nos studios da Apple, mas apresentam edições posteriores produzidas por Spector, tanto na mesa de som, e edições de splicings (i.e. cortes diretamente feitos na fita), como nas dublagens (i.e. overdubs) de vozes e instrumentos por músicos de estúdio. A 12º canção, "Across the Universe", era uma versão da gravação de ensaio original, feita em 1968, e mixada em velocidade mais lenta para álbum.

Spector remixou tudo e transformou Get Back em Let It Be. O álbum foi lançado em 8 de maio de 1970, paralelamente no mercado com o filme deste mesmo nome. Na Inglaterra, o álbum fora lançado pela Apple Records (e distribuído pela EMI), originalmente no formato de um LP de capa dupla de edição limitada num box-set, acompanhado por um livro muito elegante, cheio de fotos da gravação e meses após sendo relançado com uma capa de LP simples. Nos EUA, o LP foi lançado com a capa simples (não dupla, e sem o box-set com o livro de fotos) também pela Apple Records, mas como a United Artist estava distribuindo o filme com o mesmo nome, eles tinham o direito de distribuir o LP também. A Capitol Records (uma subsidiária da EMI) tinha direito de lançar compactos dos Beatles, nos EUA, e outras compilações, mas não obteve direito para lançar o Let It Be. Mas, em 1979, a Capitol/EMI comprou a United Artist, tendo então obtido os direitos para lançar o mesmo e o A Hard Day's Night, o outro álbum trilha sonora de filme dos Beatles que a United distribuía.

Embora Paul tenha ficado insatisfeito com o produto final, em particular com "The Long And Winding Road" (ele odiou o coral e o arranjo de orquestra que Spector colocou), John, dez anos depois, durante uma entrevista para a revista Playboy, novamente elogiou Spector, declarando que "demos a ele a pior quantidade de porcarias de gravações bem ruins, com um sentimento muito feio nelas, e ele foi capaz de fazer algo bom daquilo."

Em 1970, os Beatles receberam um Oscar de Melhor Trilha Sonora Original pelo filme Let It Be.

Relançamentos[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Let it Be... Naked

Let It Be... Naked[editar | editar código-fonte]

Paul não soube da ação e pediu a Spector para refazer suas canções - mas não foi ouvido. Embora John tivesse gostado do resultado, Paul detestou-o, e em 2003 lançou o álbum que ele queria, Let It Be... Naked, sem todas as alterações e mixagens e com consultoria de George Martin. As conversas e "jam sessions" aparecem num disco extra, com 21 minutos: Fly on the Wall (Mosca na Parede).

Edição Especial[editar | editar código-fonte]

O álbum ganhou uma versão especial no dia 15 de outubro de 2021 pela Capitol Records, que incluía uma versão expandida do disco com gravações inéditas de sessions, ensaios e jams de estúdio, além do inédito LP Get Back de 1969, mixado por Glyn Johns.[4]

Faixas[editar | editar código-fonte]

A maioria das canções tem a participação do tecladista Billy Preston, que os Beatles conheceram em Hamburgo.

Lado A

Todas as músicas compostas por Lennon/McCartney, exceto onde estiver indicado.

N.º Título Duração
1. "Two of Us"   3:36
2. "Dig a Pony"   2:54
3. "Across the Universe"   3:48
4. "I Me Mine" (Harrison) 2:25
5. "Dig It" (Lennon/McCartney/Harrison/Starkey) 0:50
6. "Let It Be"   4:03
7. "Maggie Mae" (trad. arr. Lennon/McCartney/Harrison/Starkey) 0:40
Lado B
N.º Título Duração
1. "I've Got a Feeling"   3:38
2. "One After 909"   2:55
3. "The Long and Winding Road"   3:37
4. "For You Blue" (Harrison) 2:32
5. "Get Back"   3:07

Filme[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Let It Be

Referências

  1. [1]
  2. [2]
  3. Lewisohn, Mark (1988). The Beatles Recording Sessions. New York: Harmony Books. ISBN 0-517-57066-1 
  4. «The Beatles: álbum "Let It Be" ganha versão especial em outubro». Terra. Consultado em 23 de outubro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]