Lançamento de dardo

Lançamento de dardo
Lançamento de dardo
Olímpico desde 1908 H / 1932 S
Desporto Atletismo
Praticado por Ambos os sexos
Campeões Olímpicos
Tóquio 2020
Masculino Neeraj Chopra
 Índia
Feminino Liu Shiying
 China
Campeões Mundiais
Budapeste 2023
Masculino Neeraj Chopra
 Índia
Feminino Haruka Kitaguchi
 Japão
Recorde Mundial
Masculino Jan Železný – 98,48 m (1996, Jena)
Feminino Barbora Špotáková – 72,28 m (2008, Stuttgart)
Dardos masculino e feminino.

Lançamento de dardo (português brasileiro) ou lançamento do dardo (português europeu) é uma modalidade olímpica do atletismo. Uma das mais nobres modalidades por sua antiguidade, integra o heptatlo e o decatlo, além de ter a sua própria prova individual. Assim como o lançamento de martelo e lançamento de disco, este esporte é chamado oficialmente de lançamento. Somente o arremesso de peso é chamado de arremesso, devido ao fato do peso ser empurrado e os demais serem projetados com características diferentes.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

O dardo fazia parte do pentatlo nos Jogos Olímpicos da Antiguidade, aparecendo pela primeira vez em 708 a.C., e era disputado em duas modalidades: distância e alvo. Ele era lançado com auxílio de uma tira de couro chamada ankule enrolada em torno do meio do eixo do dardo. Os atletas podiam segurá-lo pela tira e quando o dardo era lançado essa tira se desenrolava dando à lança um voo em espiral. O dardo, uma simples lança reta, tinha a altura de um homem e a largura de um dedo.[3]

O lançamento de varas em alvos foi revivido na Alemanha e na Suécia no século XIX, no início da década de 1870. Na Suécia, estas varas foram desenvolvidas no moderno dardo e atirá-los à distância se tornou um dos esportes mais comuns lá e na Finlândia durante a década seguinte e as regras do esporte começaram a ser aprimoradas. Inicialmente eles eram lançados sem nenhuma corrida anterior e segurá-lo pela alça colocada no centro de gravidade não era obrigatório; corridas curtas foram introduzidas no fim da década de 1890 e a partir daí a distância da corrida passou a ser liberada.[4]

Como modalidade olímpica, o dardo foi introduzido em Londres 1908, depois de uma aparição nos não-oficiais Jogos Olímpicos Intercalados de 1906, em Atenas, e o primeiro campeão olímpico foi o sueco Eric Lemming. Em Estocolmo 1912, com a introdução do decatlo nos Jogos, passou a ser uma das dez provas desta modalidade; foi também neste ano em que foi reconhecido o primeiro recorde mundial da modalidade, a marca de 62,34 m de Lemming.[5] Em Los Angeles 1932 passou a ser uma modalidade olímpica também feminina e a norte-americana Babe Didrikson foi a primeira campeã.[6]

A Europa Oriental e a Escandinávia, em particular a Finlândia, tem uma grande tradição neste esporte. O finlandês Matti Järvinen, nove vezes recordista mundial, os tchecos Jan Zelezny e Barbora Špotáková e a norueguesa Trine Hattestad são os grandes nomes da modalidade, todos recordistas mundiais e com múltiplos títulos olímpicos e mundiais; Zelezny e Spotakova são os atuais recordistas mundiais com as marcas de 98,48 m no masculino e 72,28 m no feminino.[7][8]

Descrição e regras[editar | editar código-fonte]

O dardo é um objeto em forma de lança, feito de metal, fibra de vidro ou fibra de carbono. Seu tamanho, tipo, peso mínimo e centro de gravidade foram definidos pela IAAFFederação Internacional de Atletismo e variam do homem para a mulher. O homem usa um dardo de 2,7 metros de comprimento, pesando 800 gramas. A mulher usa um dardo um pouco mais leve, 600 gramas, e tem 2,3 metros de comprimento. Os dois modelos tem uma empunhadura feita de corda localizada no centro de gravidade.

O atleta corre para tomar impulso e usa uma pista de corrida e lançamento com 34,9 metros de comprimento e 4 metros de largura, fazendo um giro rápido com o corpo para lançar. O dardo costuma sair das mãos do atleta com uma velocidade de 100 km/h. Após o voo, ele aterra numa zona relvada que costuma ocupar a zona central dos estádios de atletismo. A marca obtida pelo atleta é medida pelos oficiais, desde o limite da zona de lançamento até ao primeiro ponto onde o dardo tocou no chão, obrigatoriamente dentro de uma setor pré-marcado no campo com um ângulo de 29°.[7]

Ao contrário das outras modalidades de lançamento (martelo, peso e disco), a técnica do dardo tem regras próprias ditadas pela IAAF e lançamentos "não-ortodoxos" não são permitidos; o dardo precisa ser seguro pela empunhadura e lançado por cima do braço levantado ou dos ombros; além disso, é proibido ao atleta se virar completamente de maneira a que seu rosto fique em direção contrária ao lançamento, técnica que é muito usada, por exemplo, no lançamento de disco.[9]

O lançador é desclassificado se sair da zona de lançamento antes, durante ou depois do lançamento, ou se o dardo tocar no solo sem ser pela ponta dianteira dele. As competições de lançamento de dardo iniciam-se com três rondas de lançamentos para cada atleta. Após esta fase, os oito melhores resultados são apurados para realizar mais três lançamentos. Ao fim da prova, o atleta que obtiver a maior distância num lançamento legítimo é declarado vencedor. No caso de um empate, vence aquele com a segunda melhor marca. [9]

Reconfiguração[editar | editar código-fonte]

Em abril de 1986, o dardo masculino foi redesenhado pelo Comitê Técnico da IAAF. Isto se deveu ao fato de que, além de várias aterrissagens começarem a ser feitas ao comprido, sem a ponta furar o solo, diversos lançamentos estavam sendo feitos no limite da área destinada a isto no campo de atletismo, colocando em perigo potencial as pessoas envolvidas e espectadores. O recorde mundial com o dardo antigo do alemão Uwe Hon, de 104,80 m em 1984, foi o sinal de que algo precisa ser rapidamente mudado ou a modalidade seria inviabilizada para um estádio olímpico. Ele então foi redesenhado, com o centro de gravidade sendo colocado 4 cm à frente enquanto as áreas de superfície posteriores e anteriores ao centro de gravidade foram reduzidas e aumentadas, respectivamente. Isto teve como efeito a redução da elevação do dardo e o aumento da curvatura para baixo no arco da queda. Esta mudança fez o "nariz" do arco cair mais rapidamente, reduzindo a distância de voo em aproximadamente 10% e fazendo com que o dardo atinja o chão de maneira mais vertical e consistente. Em 1999, o dardo feminino também sofreu a mesma modificação.[10]

Mesmo assim reconfigurado, o dardo voltou a ser lançado a distâncias proibitivas e em 2007 um atleta do salto em distância foi atingido na barriga por um dardo lançado do outro lado do campo, durante uma etapa da Golden League em Roma; com o atual recorde mundial masculino já novamente próximo dos 100 metros, nova mudança deve ser feita no implemento nos próximos anos.[11]

Recordes[editar | editar código-fonte]

As marcas referem-se aos dardos com a nova configuração e são de acordo com a World Athletics.[12][13]

Homens
Recorde Marca Atleta País Data Local
Recorde mundial
98,48 m Jan Železný República Checa 25 maio 1996 Jena
Recorde olímpico
90,57 m Andreas Thorkildsen Noruega 23 agosto 2008 Pequim 2008
Mulheres
Recorde Marca Atleta País Data Local
Recorde mundial 72,28 m Barbora Špotáková República Checa 13 setembro 2008 Stuttgart
Recorde olímpico 71,53 m Osleidys Menéndez Cuba 27 agosto 2004 Atenas 2004

Melhores marcas mundiais[editar | editar código-fonte]

As marcas referem-se aos dardos com a nova configuração e são de acordo com a World Athletics.[14] [15]

Homens[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Data Local
1 98,48 m Jan Železný República Checa 25 maio 1996 Jena
2 97,76 m Johannes Vetter Alemanha 6 setembro 2020 Chorzów
3 96,29 m Johannes Vetter Alemanha 29 maio 2021 Chorzów
4 95,66 m Jan Železný República Checa 29 agosto 1993 Sheffield
5 95,54 m Jan Železný República Checa 6 abril 1993 Pietersburg
6 94,64 m Jan Železný República Checa 31 maio 1996 Ostrava
7 94,44 m Johannes Vetter Alemanha 11 julho 2017 Lucerna
8 94,20 m Johannes Vetter Alemanha 19 maio 2021 Ostrava
9 94,02 m Jan Železný República Checa 26 março 1997 Stellenbosch
10 93,90 m Thomas Röhler Alemanha 5 maio 2017 Doha

Mulheres[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Data Local
1 72,28 m Barbora Špotáková República Checa 13 setembro 2008 Stuttgart
2 71,70 m Osleidys Menéndez Cuba 14 agosto 2005 Helsinque
3 71,58 m Barbora Špotáková República Checa 2 setembro 2011 Daegu
4 71,54 m Osleidys Menéndez Cuba 1 julho 2001 Retimno
5 71,53 m Osleidys Menéndez Cuba 27 agosto 2004 Atenas
6 71,42 m Barbora Špotáková República Checa 21 agosto 2008 Pequim
7 71,40 m Maria Andrejczyk Polónia 9 maio 2021 Split
8 70,53 m Maria Abakumova Rússia 1 setembro 2013 Berlim
9 70,20 m Christina Obergföll Alemanha 23 junho 2007 Munique
10 70,03 m Christina Obergföll Alemanha 14 agosto 2005 Helsinque

Melhores marcas olímpicas[editar | editar código-fonte]

As marcas referem-se aos dardos com a nova configuração e são de acordo com o Comitê Olímpico Internacional – COI.[16]

Homens[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Medalha Local
1 90,57 m Andreas Thorkildsen Noruega ouro Pequim 2008
2 90,30 m Thomas Röhler Alemanha ouro Rio 2016
3 90,17 m Jan Železný República Checa ouro Sydney 2000
4 89,85 m Steve Backley Reino Unido prata Sydney 2000
5 89,66 m Jan Železný República Checa ouro Barcelona 1992
6 89,39 m Jan Železný República Checa Sydney 2000
7 88,68 m Keshorn Walcott Trindade e Tobago Rio 2016
8 88,67 m Sergei Makarov Rússia bronze Sydney 2000
9 88,41 m Konstadinos Gatsioudis Grécia Sydney 2000
10 88,34 m Vítězslav Veselý República Checa Londres 2012

* As marcas de Jan Železný (89,39 m) e Konstadinos Gatsioudis (88,41 m) foram feitas durante as classificatórias em Sydney 2000; a marca de Vítězslav Veselý (88,34 m) foi feita durante as classificatórias em Londres 2012. A marca de Keshorn Walcott (88,68 m) foi conseguida durante as classificatórias da Rio 2016.

Mulheres[editar | editar código-fonte]

Posição Marca Atleta País Medalha Local
1 71,53 m Osleidys Menéndez Cuba ouro Atenas 2004
2 71,42 m Barbora Špotáková República Checa ouro Pequim 2008
3 70,78 m Maria Abakumova Rússia prata Pequim 2008
4 69,55 m Barbora Špotáková República Checa ouro Londres 2012
5 68,91 m Trine Hattestad Noruega ouro Sydney 2000
6 67,69 m Barbora Špotáková República Checa Pequim 2008
7 67,52 m Christina Obergföll Alemanha Pequim 2008
8 67,51 m Mirela Manjani Grécia prata Sydney 2000
9 67,34 m Osleidys Menéndez Cuba Sydney 2000
10 67,11 m Maria Andrejczyk Polónia Rio 2016

* As marcas de Barbora Špotáková (67,69 m) e Christina Obergföll (67,52 m) foram feitas nas classificatórias de Pequim 2008; a marca de Osleidys Menéndez (67,34 m) foi feita nas classificatórias de Sydney 2000; a marca de Maria Andrejczyk (67,11 m) foi feita nas classificatórias da Rio 2016 e foi superior à marca da croata Sara Kolak na final (66,18 m) que conquistou a medalha de ouro.

Marcas da lusofonia[editar | editar código-fonte]

País Masculino Atleta Ano Local Feminino Atleta Ano Local
Portugal 84,78 m Leandro Ramos 2022 Doha 59,76 m Sílvia Cruz 2008 Leiria [17]
Brasil 83,89 m Pedro Henrique Rodrigues 2023 São Paulo 62,89 m Jucilene Sales 2014 São Paulo [18]
Cabo Verde 65,54 m Egner Tavares 2014 Lisboa 39,90 m Ionilde Mendes 2007 Seixal [19]:647,784
Angola 64,73 m Esmeraldino Trigo 2018 Lisboa 43,77 m Indira Manuel 2003 Elvas [19]:647,784
Moçambique 60,16 m Felipe Chaimite 2016 Maputo 46,54 m Salomé Mugabe 2012 Maputo [19]:647,785
São Tomé e Príncipe 55,79 m Adeonaldo Freitas 2017 Leiria 43,12 Jucelina Mendes 2013 Folha Fede [19]:648,785
Guiné-Bissau 52,71 m Otoniel Badjana 2016 Lisboa 42,61 m Josefina da Silva 2018 Barcelona [19]:647,784
Timor-Leste 33,44 m Felismino Alípio 2015 Dili 19,10 m Delfina Soares 2014 Dili [19]:648,785

Referências

  1. «Entenda: Arremesso e lançamentos». BM&F Atletismo. Consultado em 7 de setembro de 2015 
  2. Nomes oficiais dos esportes no site da CBAT
  3. «Throwing the javelin». The journal of Hellenic studies. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  4. Jukola, Martti (1935). Huippu-urheilun historia (em finlandês). [S.l.]: Werner Söderström Osakeyhtiö 
  5. «Javelin Throw World Record Progression - Men». Nemeth Javelins. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  6. «Athletics at the 1932 Los Angeles Summer Games: Women's Javelin Throw». Sportsreference. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  7. a b «Javelin Throw». IAAF. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  8. «All time best». IAAF. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  9. a b «IAAF competition rules» (PDF). IAAF. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  10. «Physics: Javelin Designs, what's the significance?». The World of Javelin. Consultado em 10 de setembro de 2015. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  11. «Dardo acerta francês em etapa de atletismo». Terra. Consultado em 10 de setembro de 2015 
  12. «World Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  13. «Olympic Games Records». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  14. «Javelin Throw Men All-time list». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  15. «Javelin Throw Women All-time list». World Athletics. Consultado em 28 julho 2022 
  16. «48 PAST OLYMPIC GAMES». OIC. Consultado em 24 de abril de 2013 
  17. «Recordes de Portugal». FPA. Consultado em 26 julho 2022 
  18. «Recordes Brasileiros». CBAt. Consultado em 4 setembro 2023 
  19. a b c d e f «National Records Javelin Throw» (PDF). IAAF Statistics Handbook. Consultado em 29 julho 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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