Língua huave

A língua huave é uma língua isolada falada pelos nativos do povo huave da costa pacífica do estado mexicano de Oaxaca.

Esta língua é falada por aproximadamente 18 000 pessoas em quatro povoações do istmo de Tehuantepec, no sudeste do referido estado (ver tabela abaixo). Os huaves de San Mateo del Mar - que se autodenominam ikoots, que significa "nós" - referem-se à sua língua como ombeayiiüts,, que significa "a nossa língua". O termo huave é de origem zapoteca.

Apesar de terem sido propostas relações genéticas entre a língua huave e várias famílias linguísticas, não foi ainda possível concretizar nenhuma delas e o huave continua a ser considerado um idioma isolado (Campbell 1997 pg. 161). Paul Radin propôs uma ligação entre o huave e as línguas maias e mixe-zoqueanas, enquanto Morris Swadesh propôs uma ligação com as línguas otomangueanas, mas ambas se mostraram inconclusivas.

Apesar de continuar a ser utilizada na maioria dos domínios da vida social em pelo menos duas das quatro povoações onde ainda é falado, é considerada uma língua ameaçada e recentemente têm sido levados a cabo vários projectos no seio das comunidades huaves tendo em vista a revitalização deste idioma, sobretudo por universidades estado-unidenses.

Fonologia do huave[editar | editar código-fonte]

O huave de San Mateo del Mar é parcialmente tonal, distinguindo entre tons altos e baixos exclusivamente nas penúltimas sílabas. O huave é uma das duas línguas mesoamericanas que não possui uma paragem glotal fonémica (a outra é a língua purépecha).

Abaixo apresenta-se o inventário fonémico, reconstruído para o ancestral comum das quatro variedades actuais do huave, como apresentado por Campbell (1997):

Consoantes[p, t, ʦ, k, kʷ, mb, nd, ŋɡ, ɡʷ, s, l, r, w, h] (e [ɾ, j, ð] como fonemas marginais)

Vogais[i, e, a, ɨ, o, u] (+ duração da vogal, tom alto ou baixo).

A reduplicação é um processo fonológico muito produtivo no huave.

Dialectos[editar | editar código-fonte]

O huave é falado nas quatro povoações costeiras de San Francisco del Mar, San Dionisio del Mar, San Mateo del Mar e Santa Catarina del Mar. A mais vibrante destas em termos linguísticos é San Mateo del Mar, que até há pouco tempo permanecia relativamente isolada. A atitude negativa de muitos dos seus falantes relativamente à sua própria língua e a forte pressão social exercida pela língua espanhola dominante são as principais ameaças à sobrevivência desta língua.

Dialecto e local Número de falantes (aprox.) ISO 639-3 (SIL)
San Dionisio del Mar 5.000 hve
San Francisco del Mar 900 hue
San Mateo del Mar 12.000 huv
Santa María del Mar 500 hvv

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Campbell, Lyle, 1997, "American Indian Languages - The historical linguistics of Native America", Oxford studies in Anthropological Linguistics, Oxford University Press
  • Suaréz, Jorge A, 1975, "Estudios Huaves", Collección Lingüistica 22 INAH, Mexico.
  • Radin, P, 1929, "Huave Texts", International Journal of American Linguistics 5, 1-56
  • Rensch, Calvin R,1976 "Oto-Manguean isoglosses" In Diachronic, areal and typological linguistics, ed. Thomas Sebeok 295-316 Mouton, the Hague

Ligações externas[editar | editar código-fonte]