Juarez Távora

 Nota: Se procura o município da Paraíba, veja Juarez Távora (Paraíba).
Juarez Távora
Juarez Távora
Juarez Távora
Deputado federal pela Guanabara
Período 1 de fevereiro de 1963 a 1 de fevereiro de 1967
Legislatura 42.ª
Dados pessoais
Nome completo Juarez do Nascimento Fernandes Távora
Nascimento 14 de janeiro de 1898
Jaguaribemirim, atual Jaguaribe, Ceará
Morte 18 de julho de 1975 (77 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Partido PSB, UDN, PDC
Ocupação Militar, político
Assinatura Assinatura de Juarez Távora
Serviço militar
Serviço/ramo Exército Brasileiro
Anos de serviço 19161975
Graduação General de Exército
Conflitos Revolta dos 18 do Forte
Revolta Paulista de 1924
Coluna Prestes
Revolução de 1930
Revolução Constitucionalista

Juarez do Nascimento Fernandes Távora (Jaguaribemirim, 14 de janeiro de 1898Rio de Janeiro, 18 de julho de 1975) foi um militar e político brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos: formação militar e participação política no Governo Vargas[editar | editar código-fonte]

Juarez Távora nasceu na fazenda do Embargo no atual município de Jaguaribe, Estado do Ceará.[1]

Estudou na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro e tornou-se aspirante em 1919. Em julho de 1922, participou do levante armado então deflagrado contra o governo federal, tendo sido preso nessa ocasião. No ano seguinte, foi condenado a três anos de prisão e perdeu sua patente militar.

Em 1924 participou ativamente do movimento revolucionário paulista contra o Presidente Arthur Bernardes, inclusive buscando reforços na Região Sul do país. Em 1926 integrou-se à Coluna Prestes, sendo preso em combate e libertado no Governo Washington Luís.

Os chefes da Coluna Miguel Costa-Prestes, sendo Juarez o terceiro sentado da direita para a esquerda.

Nas eleições de 1930, chegou a ser eleito deputado federal no Ceará, porém não chegou a assumir o mandato em razão da Revolução de 1930 (que dissolveu o Parlamento).[2] Seu retorno em 1930 somente foi possível após um período de exílio na Argentina e após fortes discussões com Luís Carlos Prestes sobre o apoio a Getúlio Vargas nas eleições.

Por ter comandado as forças nordestinas e nortistas que apoiavam Getúlio Vargas em 1930 e 1931, recebeu o apelido de "Vice-Rei do Norte" pela imprensa. Juarez Távora comandava, então, a delegacia militar do Norte-Nordeste com a capacidade de interferir nas intervenções estaduais. Porém, por sua própria sugestão, o cargo foi extinto em dezembro de 1931.[3]

Casou-se em 14 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro, com sua prima Nair Belisário Távora. Enquanto aliado de Vargas, participou da repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.

Juarez Távora, Getúlio Vargas e o então interventor da Bahia, Juracy Magalhães, um ano após a vitória da Revolução de 1930.Juarez e Juracy romperam com Getúlio depois do Golpe de 1937.

Durante a Era Vargas, ocupou dois ministérios diferentes: foi ministro da Agricultura entre 22 de novembro de 1932 e 24 de julho de 1934 e também ministro provisório dos Transportes entre 4 e 5 de novembro de 1930. Na condição de ministro da Agricultura, Juarez Távora era também membro automático da Assembleia Constituinte que produziu a Constituição de 1934.

Após a promulgação da nova constituição, Távora deixa o cargo e decide retomar a carreira militar. Entre 1936 e 1938, realiza curso na Escola de Estado-Maior do Exército e, posteriormente, colabora com a organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

O retorno ao cenário político e a candidatura presidencial[editar | editar código-fonte]

Em 1945, com o final da II Guerra Mundial e o desfecho da Era Vargas, Juarez Távora resolveu voltar ao cenário político - agora com novas ideias e experiências. Por discordar da política desenvolvida por Getúlio Vargas (especialmente durante a ditadura do Estado Novo), Távora filiou-se ao principal partido de oposição naquele ano: a União Democrática Nacional (UDN). Após atingir a patente de General do Exército em 1946, passou a se envolver também em debates sensíveis da política brasileira como a questão do petróleo ao defender a participação do capital estrangeiro em sua exploração (entrando em colisão com militares e políticos nacionalistas). Foi assim o principal líder dos que se opunham à criação da Petrobras (ver: Monopólio estatal do petróleo no Brasil).

Foi comandante da Escola Superior de Guerra, entre 11 de dezembro de 1952 e 20 de agosto de 1954.[4] Em seguida, em 1954, foi eleito vice-presidente do Clube Militar e se manifestou pela imediata renúncia de Getúlio Vargas. Por tais razões, é considerado um dos líderes da articulação política que resultou no suicídio de Vargas. Durante o Governo do Presidente Café Filho, Juarez Távora ocupou a chefia do Gabinete Militar.

No ano seguinte candidatou-se à presidência da República pela UDN, perdendo na eleição para Juscelino Kubitschek. Após formar uma coligação entre União Democrática Nacional (UDN), o Partido Democrata Cristão (PDC), o Partido Libertador (PL) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), Juarez Távora conseguiu uma campanha competitiva. Como a Constituição de 1946 não exigia a realização de segundo turno, Juscelino Kubitschek foi eleito com cerca de 35% dos votos (uma diferença de aproximadamente 5%, uma vez que Juarez Távora conseguiu 30%). Naquela eleição, também estavam concorrendo o governador de São Paulo, Adhemar de Barros (PSP), e o líder integralista Plínio Salgado (PRP) que obtiveram respectivamente 25,77% e 8,28% dos votos.

Apesar da fragmentação política na eleição de 1955, Juarez Távora conseguiu vencer na maioria dos estados nordestinos (Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e recebeu mais votos que JK no Estado de São Paulo e no então Distrito Federal (locais onde Adhemar de Barros venceu), além de ficar em segundo lugar em outros estados. Importante ressaltar que essa foi a primeira vez na história republicana brasileira em que a diferença entre os dois primeiros colocados ficou abaixo dos 10% e um Presidente da República foi eleito com menos de 40% dos votos.

Em 1962, se elegeu deputado federal pelo estado da Guanabara, com 33 361 votos, tornando-se o quinto mais bem votado do estado naquele pleito, fazendo parte da 42ª legislatura da Câmara dos Deputados, entre 1963 e 1967. Participou da eleição presidencial de 1964, ficando em 2º lugar com 3 votos, perdendo para Castelo Branco (361 votos recebidos) e estando à frente do ex-Presidente Eurico Gaspar Dutra (2 votos recebidos).

Durante a Ditadura Militar, no Governo do Presidente Castelo Branco, foi Ministro de Viação e Obras Públicas, de 15 de abril de 1964 a 15 de março de 1967.

Promoções[editar | editar código-fonte]

[5]

Patente Data
Aspirante a oficial 1919
Segundo-tenente 1920
Primeiro-tenente 1921
Capitão 1922
Major 1931
Tenente-coronel 1936
Coronel 1941
General de Brigada 1946
General de Divisão 1952
General de Exército 1956

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. TÁVORA, JUAZREZ (1974). Uma Vida e Muitas Lutas - Memórias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio 
  2. «Resultados». www.tre-ce.jus.br. Consultado em 5 de julho de 2020 
  3. CPDOC, FGV. «A Era Vargas: dos anos 20 a 1945 - Juarez Távora». Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 4 de julho de 2020 
  4. «Galeria dos antigos Comandantes da ESG». Consultado em 12 de novembro de 2014 
  5. «Juarez do Nascimento Fernandes Távora» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Wikiquote
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Precedido por
Paulo de Moraes Barros
Ministro dos Transportes do Brasil
1930
Sucedido por
Paulo de Moraes Barros
Precedido por
Joaquim Francisco de Assis Brasil
Ministro da Agricultura do Brasil
1932 — 1934
Sucedido por
Edmundo Navarro de Andrade
Precedido por
Aguinaldo Caiado de Castro

15º Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República

1954 — 1955
Sucedido por
José Bina Machado
Precedido por
Augusto Rademaker
Ministro dos Transportes do Brasil
1964 — 1967
Sucedido por
José Crisanto Seabra Fagundes