James Connolly

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James Connolly
James Connolly
Nascimento 5 de junho de 1868
Edimburgo
Morte 12 de maio de 1916 (47 anos)
Dublin
Sepultamento Arbour Hill Cemetery
Cidadania Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
Cônjuge Lillie Connolly
Filho(a)(s) Roddy Connolly, Nora Connolly O'Brien
Ocupação esperantista, político, sindicalista
Lealdade Exército Civil Irlandês
Causa da morte perfuração por arma de fogo
Assinatura

James Connolly (em irlandês Séamas Ó Conghaile, Edimburgo, 5 de junho de 1868Dublin, 12 de maio de 1916) foi um líder nacionalista irlandês e revolucionário socialista. Nasceu na Escócia, filho de pais emigrantes irlandeses. Deixou a escola para ir trabalhar já aos onze anos, convertendo-se posteriormente num dos líderes políticos da esquerda revolucionária da altura.

Militante revolucionário[editar | editar código-fonte]

Em 1892 era um dirigente importante da Federação Socialista Escocesa, chegando a ser secretário geral da mesma em 1895. Em 1896, incorporou-se ao Partido Republicano Socialista Irlandês. Enquanto estava em solo britânico, foi um dos fundadores do Partido Trabalhista Socialista, que se cindiu da Federação Social-democráta em 1903. Como sindicalista, foi a mão direita de James Larkin no sindicato de trabalhadores e transportistas. Nesse ano vai para os Estados Unidos, onde se incorpora ao Partido Trabalhista Socialista (SLP-US) e à central sindical Trabalhadores Industriais do Mundo (IWW), participando na fundação da Federação Socialista Irlandesa de Nova Iorque em 1907.

Volta para a Irlanda em 1910, e em Belfast colabora na organização do Partido Socialista da Irlanda, e no movimento sindical (na União Transportista Irlandesa e na União Geral de Trabalhadores, da qual é secretário geral).

Experiências armadas[editar | editar código-fonte]

Em 1913, promoveu com James Larkin a criação do Exército Civil Irlandês, em resposta a um lockout, chegando a ser comandante do mesmo. O tal Exército era um grupo armado de uns 250 operários (estivadores, do transporte, da construção, impressores, etc.) treinados para lutarem por defender os seus interesses, tendo como objectivo último o estabelecimento de uma Irlanda independente e socialista. No futuro, o Exército dos Cidadãos Irlandeses seria uma das bases na formação do Exército Repúblicano Irlandês (IRA).

Julgando a linha dos Voluntários Irlandeses como burguesa e pouco preocupada com a necessária independência económica da Irlanda, acreditou na necessidade de uma acção contundente e decisiva contra as forças de ocupação britânicas, uma verdadeira insurreição. Assim, em 1915, reuniu-se com Tom Clarke e Padraic Pearse, dirigentes da Irmandade Republicana Irlandesa, organização infiltrada na dos Voluntários, para tentar um acordo estratégico.

Revolta da Páscoa[editar | editar código-fonte]

Finalmente, a 24 de Abril de 1916, com Connolly no posto de comandante-general da divisão dublinesa do chamado Exército Republicano Irlandês, aliança entre os Voluntários e os Cidadãos, produz-se a Revolta da Páscoa contra as forças britânicas. Apesar de estar consciente de não terem hipótese de vitória, enxergava que podiam estar a acender a mecha da explosão de luta pela liberdade da Irlanda, como assim aconteceu.

A revolta conduz os alçados ao controlo temporário de alguns prédios da capital, chegando a ser proclamado um Governo Provisório presidido por Patrick Pearse e com James Connolly na vice-presidência. Os combates prolongam-se por seis dias, registando-se 450 vítimas mortais e 2.600 feridas, antes de ser assinada a rendição incondicional pelo presidente do Governo provisório irlandês. O Governo britânico decreta a Lei Marcial e aplicam-se 16 execuções capitais, 3 226 arrestos e 1 862 irlandeses são feitos presos em Inglaterra.

Connolly, que dirigira o assalto à sede dos correios da cidade, fica gravemente ferido nos combates; acaba por ser feito preso e, posteriormente, condenado à morte no dia 9 de Maio e fuzilado pelas forças ocupantes britânicas junto a outros líderes como Roger Casement e o referido Pearse no dia 12, na prisão de Kilmainham, em Dublin.

Monumento dedicado a James Connolly em Dublin

A síntese entre o socialismo e o nacionalismo defensivo[editar | editar código-fonte]

A sua importância teórica, prática e simbólica na configuração do movimento nacionalista irlandês é indiscutível. Mas a sua relevância vai além das fronteiras, chegando a impregnar outros movimentos de libertação nacional que, ao longo do século XX, aplicaram as suas teorias sobre a síntese entre socialismo e independentismo. É o caso de nações sem Estado europeias como a Escócia, Gales, o País Basco, a Córsega ou a Galiza, entre outras.

A sua visão da libertação nacional unia esse objectivo ao da revolução social: "A causa operária é a causa da Irlanda, e a causa da Irlanda é a causa operária"(…) "Não podem ser separadas. A Irlanda procura a liberdade. Os operários procuram que uma Irlanda livre seja a única dona do próprio destino, a proprietária suprema de todas as coisas materirias sobre e abaixo do seu chão".

O próprio Lenine foi um grande admirador do revolucionário irlandês, embora não chegassem a conhecer-se pessoalmente, e face àqueles que queriam restar legitimidade à luta independentista irlandesa acusando-a de "burguesa", louvou a coerência de Connolly na firme oposição que manteve perante a Primeira Guerra Mundial, quando grande parte do movimento socialista europeu claudicou em favor dos respectivos chauvinismos burgueses.

Em relação à guerra imperialista, Connolly escreve no jornal A República Operária: "Se estes homens têm de morrer, não era melhor eles morrerem no próprio país, a lutarem pela liberdade da sua classe e pela abolição da guerra, do que irem a países estrangeiros e morrerem assassinando e assassinados pelos seus irmãos, para os tiranos e exploradores poderem continuar a viver?"

Rejeitava a colaboração de classes e definia a Irlanda como o conjunto das suas classes oprimidas: "Somos por uma Irlanda para os irlandeses. Mas, quem são os irlandeses? Não o senhorio rendista possuidor de subúrbios, não o capitalista que amassa lucros, não o pulcro e abastado advogado, não o prostituído homem da imprensa -os mentirosos a soldo do inimigo-. (…) "Não são esses os irlandeses de que depende o futuro. Não são esses, mas a classe operária irlandesa, a única base sólida sobre a qual pode ser alçada uma nação livre".

A Irlanda independente fez de James Connolly um referente patriótico, levantando uma estátua dele na capital, Dublin. Porém, a causa do socialismo como projecto intimamente ligado à independência não chegou a realizar-se na forma como Connolly tinha sonhado. Resta até a incorporação dos condados do norte da Irlanda, separados do "Estado Livre" na altura do Tratado anglo-irlandês de 1921 e ainda hoje sob soberania britânica.

Na actualidade, está a ser filmado um filme (realizado por Adrian Dunbar) dedicado à grande figura histórica de Connolly, reconhecida como a de um dos grandes revolucionários do século XX europeu.

Obra teórica[editar | editar código-fonte]

Dentre os seus trabalhos teóricos, podem destacar-se:

  • Socialismo e nacionalismo («Shan Van Vocht», 1.1897)
  • Socialismo e nacionalismo irlandês («L'Irlande Libre», 1897)
  • Imperialismo e socialismo («Workers' Republic», 1899)
  • O Sinn Féin e o socialismo («The Harp», 1908)
  • Que é uma nação livre? («Workers' Republic», 1916)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]