Insurgência no norte do Chade

Insurgência no norte do Chade

Mapa do Chade.
Data 2016-presente
Local Regiões do norte do Chade
Situação Em andamento
  • Idriss Déby foi morto em ação durante uma ofensiva no norte do Chade em 2021.
  • Mahamat Déby Itno torna-se seu sucessor ao estabelecer-se como Presidente do Conselho Militar de Transição e dissolver o parlamento do Chade após a morte do pai, Idriss Déby.
Beligerantes
 Chade

Apoiado por:
 França[1]
Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT)
Conselho do Comando Militar para a Salvação da República (CCMSR)
União das Forças da Resistência (UFR)
Front de la Nation pour la Démocratie et la Justice (FNDJT)
Comandantes
Idriss Déby [2]
Mahamat Déby Itno
Mahamat Mahdi Ali

Insurreição no norte do Chade refere-se a uma rebelião armada, que ocorre nas regiões do norte do Chade desde 2016, por grupos rebeldes como a Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT) e o Conselho do Comando Militar para a Salvação da República (CCMSR) contra o governo chadiano. A partir de suas bases de retaguarda no sul da Líbia, os rebeldes lançam ofensivas e ataques ao norte do Chade buscando derrubar o governo do presidente Idriss Déby, que manteve-se no poder desde o golpe de Estado de dezembro de 1990.[3][4]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Idriss Déby assumiu a presidência do Chade em um golpe militar em 1990. Desde então, desfrutou do apoio da França e foi capaz de derrotar repetidamente as rebeliões contra seu governo. Os grupos militantes de oposição seriam posteriormente expulsos do país para o exílio.[5]

Em 2014, eclodiu a Segunda Guerra Civil Líbia. Consequentemente, vários grupos rebeldes chadianos se tornaram mercenários a serviço das várias facções líbias, recebendo dinheiro e armamento para se prepararem para seu retorno ao Chade.[5] Dois novos grupos rebeldes chadianos, a FACT e o CCMSR, foram organizados no sul da Líbia em 2016.[5][6]

Ofensivas de 2017[editar | editar código-fonte]

Em julho de 2017, o CCMSR lançou uma ofensiva contra Kouri Bougoudi buscando tomar o controle da região e suas lucrativas minas. Esses ataques foram repelidos pelo governo do Chade, embora o CCMSR alegasse ter lançado um segundo ataque em agosto de 2017, que o governo do Chade negou ter ocorrido. [7]

Ofensiva de 2018[editar | editar código-fonte]

Em 11 de agosto de 2018, os rebeldes do CCMSR efetuam outra incursão em Kouri Bougoudi a partir do sul da Líbia. [8]

Nesse dia, o CCMSR lançou um grande ataque ao posto militar avançado em Kouri Bougoudi nas montanhas Tibesti, mais tarde alegando ter matado 73 e capturado 45 soldados, sofrendo apenas onze baixas (quatro mortos e sete feridos). O governo do Chade inicialmente tentou negar que o ataque tivesse ocorrido e, em seguida, minimizou sua importância. Enquanto o CCMSR se oferecia para liberar seus prisioneiros em troca da libertação de líderes rebeldes presos, o governo chadiano se recusou a negociar com "mercenários selvagens, bandidos [e] delinquentes"[9] e, em vez disso, ordenou que os mineradores locais abandonassem seu acampamento em Kouri Bougoudi. Os militares posteriormente retiraram-se da área em 22 de agosto, deixando-a para o CCMSR e os mineradores ilegais. [9][10] A partir de então, a Força Aérea do Chade lançou vários bombardeios na região, visando o campo de mineração de Kouri Bougoudi e rebanhos de camelos, matando vários civis e privando os moradores de sua subsistência . Enquanto isso, o CCMSR continuou seus ataques contra posições governamentais, como em Tarbou na região de Tibesti (21 de setembro), e Miski na região de Borkou (24 de outubro).[9] Alguns moradores criticaram o CCMSR por explorar e agravar as tensões étnicas nas montanhas Tibesti. [11]

2019[editar | editar código-fonte]

Em 12 de janeiro de 2019, o grupo armado sudanês Movimento de Justiça e Igualdade, com dezenas de veículos, cruzou a fronteira com a Líbia e atacou as posições do CCSMR em Kouri Bougoudi.[12] De acordo com o JEM, 67 de seus combatentes foram mortos enquanto o CCSMR relatou três mortos e doze feridos.[13]

Ofensiva de 2019 e intervenção francesa[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Bombardeamentos de Ennedi

Agindo em conjunto com o governo chadiano, as forças aéreas francesas efetuaram bombardeamentos contra os rebeldes chadianos da União das Forças de Resistência (UFR), no planalto de Ennedi, entre os dias 3 a 6 de fevereiro de 2019, logo após os militantes adentrarem no país a partir da Líbia.[14][15]

Em 9 de fevereiro de 2019, o exército chadiano afirmou ter capturado 250 rebeldes, incluindo quatro líderes, e destruído quarenta veículos.[16]

2021[editar | editar código-fonte]

Em 26 de janeiro de 2021, 50 rebeldes da Frente da Nação para a Democracia e a Justiça (FNDJT) em vinte veículos 4x4 atacaram o Posto 35 em Kouri Bougoudi, 40 km ao sul da fronteira com a Líbia.[17]

Ofensiva de 2021[editar | editar código-fonte]

Em 11 de abril de 2021, o grupo rebelde chadiano Frente pela Alternância e Concórdia no Chade (FACT) lançou uma ofensiva na região de Tibesti, no norte do país, logo após as eleições presidenciais. [18] O presidente Idriss Deby, que cumpria cinco mandatos consecutivos, concorreu pela sexta vez. Os resultados preliminares, divulgados em 19 de abril, mostraram que Déby venceu a corrida presidencial, com 79% dos votos. No entanto, o próprio presidente seria morto em 20 de abril durante o conflito. Mais tarde, o poder passou para uma junta militar denominada Conselho Militar de Transição, liderada por seu filho Mahamat Déby Itno. Foi anunciado que o governo provisório terá vigência de dezoito meses e depois serão realizadas novas eleições no país. [19][20]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Déby, um sobrevivente político numa região turbulenta.». Uol. 20 de abril de 2021 
  2. Chadian President Idriss Deby dies on frontline after 30 years in power
  3. Frédéric Bobin (30 de outubro de 2018). «Des « mercenaires étrangers » en Libye, une stratégie à risque». Le Monde 
  4. «Exército do Chade mata dois civis perto da fronteira com a Líbia.». O País. 17 de setembro de 2018 
  5. a b c Emadeddin Badi (30 de Abril de 2021). «Déby's death: A microcosm of the flaws of French foreign policy in Libya». Atlantic Council 
  6. «Front for Alternation and Concord in Chad (FACT) - Chad | Terrorist Groups | TRAC». www.trackingterrorism.org (em inglês) 
  7. «Fighters from new rebel group attack Chad soldiers at Libya border». Yahoo News (em inglês). 24 de agosto de 2018 
  8. «Une ville de l'extrême-nord du Tchad attaquée par des rebelles». RFI. 12 de agosto de 2018 
  9. a b c Andrew McGregor (12 de Novembro de 2018). «War in the Tibesti Mountains – Libyan-Based Rebels Return to Chad». Aberfoyle International Security 
  10. «Fighters from new rebel group attack Chad soldiers at Libya border». Reuters. 24 de agosto de 2018 
  11. Chad: Defusing Tensions in the Sahel (2018), pp. 17–18.
  12. AFP (14 de janeiro de 2019). «Fighting over gold in Chad leaves dozens dead: sources». news24 
  13. Chad: Clashes between armed groups leave dozens dead in north Jan. 12, 15 de janeiro de 2019
  14. «Exército do Chade captura 250 rebeldes após ataques aéreos franceses». Deutsche Welle. 10 de fevereiro de 2019 
  15. «Tchad: Ataque aéreo francês contra rebelião UFR deixa dois mortos». ANGOP. 5 Fevereiro de 2019 
  16. Rebel Incursion Exposes Chad’s Weaknesses, 13 de fevereiro de 2019
  17. In #Chad, FNDJT Rebels Claim Attack In Tibesti, 30 de janeiro de 2021
  18. Takadji, Edouard; Larson, Krista (18 de Abril de 2021). «Chad army claims it has stopped rebel drive toward capital». Washington Post 
  19. «Chad's President Idriss Déby dies after clashes with rebels». BBC 
  20. «Rebeldes ameaçam depor filho de Presidente do Chade que assumiu poder após morte do pai». observador. 21 abril 2021