Igreja do Santíssimo Sacramento e de Santa Teresinha de Lisieux

 Nota: Para outros significados, veja Igreja de Santa Teresinha do Menino Jesus.
Igreja do Santíssimo Sacramento e de Santa Teresinha de Lisieux
Igreja do Santíssimo Sacramento e de Santa Teresinha de Lisieux
Interior da Igreja
Tipo
Construção 1924-1931
Diocese Arquidiocese de Porto Alegre
Geografia
País Brasil
Coordenadas 30° 02' 14" S 51° 12' 41" O

A Igreja do Santíssimo Sacramento e de Santa Teresinha de Lisieux é uma igreja católica localizada em Porto Alegre, no Brasil. Construída a partir de 1924 em um estilo neogótico refinado, contém várias obras de arte em seu interior[1] e é uma das atrações turísticas da cidade.[2] Em 1982 a igreja foi incluída pela Prefeitura Municipal no Inventário dos Bens Imóveis de Valor Histórico e Cultural e de Expressiva Tradição.[3]

O templo[editar | editar código-fonte]

A pedra fundamental do edifício foi lançada no dia 6 de janeiro de 1924, sendo inaugurado solenemente no dia 27 de setembro de 1931. Foi um dos primeiros templos erguidos em honra a Santa Teresinha do Menino Jesus, que foi canonizada em 1925. Segundo Moacyr Flores, o projeto foi do engenheiro construtor espanhol Frei Cyríaco de São José, da Ordem dos Carmelitas Descalços. Retornando à Espanha antes da finalização da obra, deixou-a sob a responsabilidade do Frei Mariano de São José, também carmelita.[1] Harry Bellomo alega que o autor do projeto foi André Arjonas.[4]

Cena da vida de Santa Teresinha, relevo em tímpano da fachada
Cena da Via Sacra no interior

Em 1970 a igreja foi elevada à categoria de paróquia, recebendo o título adicional de Santíssimo Sacramento, como memória do Congresso Eucarístico realizado em Brasília. A paróquia é atendida pelos Carmelitas Descalços.[1]

O edifício mostra uma notável harmonia nas formas e proporções e beleza nos detalhes, num estilo neogótico de grande pureza. A despeito de suas dimensões relativamente modestas, sua verticalidade e leveza de linhas, típicas do estilo, aumentam a sensação de amplitude. Além disso, ele apresenta algumas soluções arquitetônicas interessantes, especialmente na fachada, dominada por uma torre octogonal única que se projeta, centralizada, para a frente em relação ao corpo do prédio, coroada por uma estátua da Padroeira de autoria de Alfred Adloff. Ao nível do chão a torre se abre em duas portas em ângulo de 45º em relação à via pública. Estas portas desembocam em um vestíbulo dentro do corpo da torre, e então, por uma porta única central, penetra-se na nave.[1]

Outra característica interessante é que o coro sobre a entrada ocupa também o oco da torre na altura do segundo piso, num espaço que espelha a abside na extremidade oposta da nave.[1]

Chama a atenção, ainda, a requintada decoração de esculturas, florões e frisos com motivos animais e vegetais, espalhados pela fachada e pelo interior. Nos tímpanos dos arcos da fachada existem relevos de Bartolomeu Llul, ilustrando cenas da vida da santa. O altar-mor, uma estrutura em mármore ornamentada com pináculos, projetado por André Arjonas e executado por profissionais da firma de Jacob Aloys Friedrichs, continua visualmente num nicho elevado embutido na parede traseira preenchido com um grupo escultórico com a estátua de Santa Teresa de Ávila, reformadora da Ordem, ajoelhada aos pés de Nossa Senhora do Carmo com o Menino Jesus nos braços. O conjunto é ladeado por outros nichos na abside com imagens de outros santos.[1]

Nos altares laterais, também projetados por Arjonas e feitos em mármore, destacam-se um expressivo grupo escultórico representando a Crucificação, e uma imagem da Padroeira. Ao longo das paredes estão instaladas as estações da Via Sacra em relevo. O grande vitral na fachada, representando a apoteose de Santa Teresinha, foi confeccionado pela Sociedad Maumejean Hermanos, de Madri, e os vitrais secundários são obra da Casa Genta e da Casa Veit, ambas de Porto Alegre.[1]

A padroeira[editar | editar código-fonte]

Santa Teresinha, a Virgem e o Menino, sobre o altar-mor da igreja.

Santa Teresinha do Menino Jesus, carmelita descalça, nascida Marie Françoise Thérèse Martin, em 2 de janeiro de 1873, era filha de Louis Martin e Zélie Guérin. Teve infância feliz, mas agitada por uma saúde frágil. A morte da mãe, ocorrida quando Teresa tinha ainda quatro anos, deixou marcas. A menina passou, então, aos cuidados de sua irmã mais velha, Paulina, que seria a primeira a entrar no Carmelo. Mais tarde, acometida por uma doença inexplicada, teve uma visão de Nossa Senhora, e fica curada.

Os seus dois últimos anos de vida foram os mais atribulados. O sofrimento nascido da tuberculose a faz amadurecer, possibilitando que se identificasse com a paixão de Jesus e as dores de seus irmãos que viviam à margem da vida. Foi beatificada em 29 de abril de 1923 pelo Papa Pio XI e canonizada em 17 de maio de 1925.

Teresa escreveu um livro sobre sua vida, a História de uma alma, por imposição de sua superiora, Madre Inês. Mesmo passando a maior parte de sua vida religiosa na clausura de um Carmelo, sua capacidade de unir a espiritualidade contemplativa com sua dimensão apostólica levou-a a ser declarada Padroeira das Missões. Transmitiu a sua experiência evangélica em uma linguagem acessível, mas viva, testemunhando a espiritualidade da vida ordinária e o chamado universal à santidade.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Commons
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Referências

  1. a b c d e f g Flores, Moacyr. "História das Igrejas de Porto Alegre". In: Vargas, Élvio (ed.). Torres da Província: História e Iconografia das Igrejas de Porto Alegre. Porto Alegre: Prefeitura de Porto Alegre / Fumproarte, 2004, pp. 83-87
  2. Ribeiro, Helena Charko. Turismo e saúde: sinalizadores turísticos de Porto Alegre, relatados pelos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e seus acompanhantes, em processos de deslocamento. Doutorado. Universidade de Caxias do Sul, 2019, p. 151
  3. "Lei Municipal nº 5260 de 29 de dezembro de 1982". Prefeitura de Porto Alegre
  4. Bellomo, Harry Rodrigues. "A produção da estatuária funerária no Rio Grande do Sul". In: Bellomo, Harry Rodrigues (org.). Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, sociedade, ideologia. EdiPUCRS, 2008, 2ª ed. revista e ampliada, pp. 23-34

Ligações externas[editar | editar código-fonte]