Fuselo

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Estado de conservação
NT[1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Charadriiformes
Família: Scolopacidae
Género: Limosa
Espécie: L. lapponica
Nome binomial
Limosa lapponica
(Linnaeus, 1758)
Distribuição geográfica

O fuselo ou chalreta (Limosa lapponica) é uma ave limícola da família Scolopacidae, que se reproduz na tundra e costas do Ártico sobretudo no Velho Mundo e que passa os invernos nas costas das regiões temperadas e tropicais do Velho Mundo.[2] Trata-se da ave recordista para o voo mais longo sem paragens bem como da viagem mais longa sem qualquer pausa para alimentação entre todos os animais, 11 570 km ao longo de uma rota do Alasca até à Nova Zelândia.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O fuselo é uma espécie de pernas relativamente curtas do género Limosa. O seu comprimento total varia entre os 37 a 41 cm, com uma envergadura de asa entre 70 e 80 cm. Os machos são em média menores que as fêmeas; os machos pesam entre 190 a 400 g e as fêmeas entre 360 e 630 g; ocorre também alguma variação regional do tamanho (ver subespécies abaixo). As aves adultas têm pernas com coloração azul-cinza e um bico escuro muito comprido, com uma ligeira curvatura para cima e cor rosa na extremidade. O pescoço, peito e barriga apresentam-se com aparência vermelho tijolo durante a época de acasalamento e brancos no inverno. O dorso é pardo.[2][4]

Distingue-se do maçarico-de-bico-direito pela sua cauda listada em comparação com a cauda totalmente negra deste e pelas listas brancas que apresenta nas asas.

Subespécies[editar | editar código-fonte]

Existem três subespécies, listadas abaixo de oeste para leste em termos da sua ocorrência:[2][4]

  • Limosa lapponica lapponica (Lineu, 1758). Nidifica desde o norte da Escandinávia e para leste até à península de Tajmyr; passa o inverno nas costas ocidentais da Europa e África, desde as ilhas Britânicas e Países Baixos até à África do Sul e ainda em redor do Golfo Pérsico. É a mais pequena das subespécies, com os machos a pesarem até 360 g e as fêmeas até 450 g.
  • Limosa lapponica menzbieri (Portenko, 1936). Nidifica desde o nordeste da Ásia, desde a península de Tajmyr e para leste até ao delta do rio Kolyma; inverna no sudeste asiático e Austrália. Trata-se da subespécie intermédia em termos de tamanho.
  • Limosa lapponica baueri (Naumann, 1836). Nidifica no nordeste da Ásia para leste do rio Kolyma e no Alasca ocidental. Inverna na Austrália e Nova Zelândia. É a maior das três subespécies.

Dieta[editar | editar código-fonte]

Alimenta-se na vasa arenosa e sapais sobretudo de larvas de insectos, anelídeos e moluscos e, em menor quantidade, partes de plantas aquáticas, pequenos peixes e girinos.

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Limosa lapponica - MHNT

O habitat de nidificação inclui as zonas árticas da Europa e Ásia e o Alasca ocidental na tundra costeira. Nidifica no solo, geralmente entre vegetação rasteira.

Populações de fuselos em Portugal[editar | editar código-fonte]

Em Portugal é uma ave invernante. Segundo o ICN, pode ser encontrada ao longo da costa, sobretudo em zonas estuarinas, sendo o local mais importante a Ria Formosa. A população total estimada é de 3 000 a 6 000 indivíduos.[5]

Migrações[editar | editar código-fonte]

As rotas seguidas pelos fuselos na sua migração para norte desde a Nova Zelândia

O fuselo migra em bandos para as costas ocidentais da Europa, África e Ásia meridional, Austrália e Nova Zelândia.

Recentemente (2007) um fuselo tornou-se a ave que efectuou o mais longo voo sem paragens. Utilizando sistemas de posicionamento global, algumas aves foram seguidas desde a Nova Zelândia até ao Mar Amarelo. Segundo o Dr. Clive Minton (Australasian Wader Studies Group) a distância entre os dois locais é de 9 575 km, mas o percurso real efectuado pela ave foi de 11 026 km. Trata-se do mais longo voo sem paragens efectuado por qualquer ave. O voo demorou cerca de nove dias. Pelo menos outros três fuselos parecem ter atingido o Mar Amarelo em voos sem paragens desde a Nova Zelândia.[6]

Uma fêmea específica do bando, apelidada de "E7", voou da China para o Alasca e ficou lá para a época de reprodução. Então, em agosto de 2007, ela partiu em um voo sem escalas de oito dias do oeste do Alasca até o rio Piako, perto do Tâmisa, na Nova Zelândia, estabelecendo um novo recorde de voo conhecido de 11.680 km (7.258 mi). Este L.l. bauri fez uma viagem de ida e volta de 174 dias de 29.280 km (18.194 milhas) com 20 dias de vôo.[7] Em 2021, um mafioso macho, 4BBRW, estabeleceu um novo recorde de voo migratório sem escalas com um voo de 8.100 milhas (aproximadamente 13.035 km) do Alasca, EUA, para Nova Gales do Sul, Austrália. O mesmo indivíduo detinha um recorde anterior em 2020.[8] Em 2022, um maçarico de número 234684 deixou o Alasca em 13 de outubro e voou sem escalas para a Tasmânia, a primeira vez que um pássaro marcado voou nessa rota. Ele voou um mínimo de 13.560 km (8.430 milhas) em 11 dias e 1 hora: uma distância recorde sem escalas.[9]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
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Referências

  1. «IUCN Red List». Consultado em 12 de agosto de 2022 
  2. a b c del Hoyo, J., Elliott, A., & Sargatal, J., eds. (1996). Handbook of the Birds of the World Vol. 3. Lynx Edicions, Barcelona ISBN 84-87334-15-6.
  3. http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304895&idCanal=undefined[ligação inativa] Do Alasca à Nova Zelândia sem parar-Fuselo bate recorde com voo épico de 11.500 quilómetros sobre o Pacífico
  4. a b Snow, D. W. & Perrins, C. M. (1998). The Birds of the Western Palearctic Concise Edition. OUP ISBN 0-19-854099-X.
  5. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 20 de setembro de 2007. Arquivado do original (PDF) em 29 de setembro de 2007 
  6. http://www.werc.usgs.gov/sattrack/shorebirds/overall.html
  7. Battley, Phil F.; Warnock, Nils; Tibbitts, T. Lee; Gill, Robert E.; Piersma, Theunis; Hassell, Chris J.; Douglas, David C.; Mulcahy, Daniel M.; Gartrell, Brett D.; Schuckard, Rob; Melville, David S. (2012). «Contrasting extreme long-distance migration patterns in bar-tailed godwits Limosa lapponica» (PDF). Journal of Avian Biology (em inglês). 43 (1): 21–32. ISSN 1600-048X. doi:10.1111/j.1600-048X.2011.05473.x. hdl:11370/7766cc5c-614d-49bb-afe2-65d439997d5eAcessível livremente 
  8. Leffer, Lauren (8 de outubro de 2021). «These Mighty Shorebirds Keep Breaking Flight Records--and You Can Follow Along». audubon.org. Audubon Magazine. Consultado em 21 de outubro de 2021 
  9. «Young godwit sets new flight record». BirdGuides.com. 25 de outubro de 2022. Consultado em 25 de outubro de 2022 

Contudo, informações mais recentes, referem que cientistas do Serviço de Pesquisa Geológica dos EUA (USGS) anunciaram "o recorde do voo mais longo 'sem escala' feito por uma ave terrestre". Vários fuselos foram rastreados por satélites durante sua migração anual sobre o oceano Pacífico. Uma fêmea voou oito dias, sem parar, a distância de 11.650 quilómetros do Alasca à Nova Zelândia. Ao chegar, havia perdido 350 gramas, metade do seu peso, disse a revista The Week. }}