Flagelante

Flagelantes, século XIV

O movimento Flagelantes foi um grupo ou seita cristã que infligia práticas de auto sofrimento como forma de salvação durante os séculos XIII e XIV — época marcada por misticismo, pragas e guerras — na Europa.

Os seus membros defendiam que a prática da autoflagelação, ou seja, da aplicação de castigo físico em seus próprios corpos lhes conferia a cura de doenças (peste bubônica, por exemplo) e redenção de seus pecados no mundo espiritual.

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros grupos de Flagelantes apareceram em 1260 em Perugia, em Itália.

Este movimento é fortemente condenado pela Igreja, que o considera contrário à fé. Os Flagelantes desfilavam em procissões nas cidades, durante 33 dias (porque biblicamente esse número corresponde à idade em que Jesus Cristo foi morto, conforme Lucas 3:23), durante os quais se flagelavam com cordas ou cintos de extremidades cortantes. Esta prática é suposta suficiente para que um fiel pudesse atingir o Paraíso, e os ritos da Igreja não seriam então necessários. Esta foi a principal razão para que a Igreja não tolerasse estas práticas.

O movimento surge e ressurge muitas vezes durante os períodos conturbados, como a Peste negra ou a Guerra dos Cem Anos.

Durante a Peste negra, tais práticas contribuíram para exacerbar a população e pressioná-la a perseguir os judeus e outras minorias que eram acusadas de ser a causa das epidemias ao ter envenenado os poços.

Organização[editar | editar código-fonte]

O movimento era eminentemente popular, embora estivesse muito bem organizado:

Ao juntar-se aos Flagelantes, os membros desta espécie de confraria tinham de respeitar um ritual que constava de:

  • viajar de terra em terra durante 33 dias;
  • autoflagelar-se na praça pública;
  • orar a Deus;
  • viver da caridade;
  • vestir o uniforme dos Flagelantes que consistia numa longa túnica negra com um capuz e andar descalço.

Os Flagelantes na Europa[editar | editar código-fonte]

Partindo de Itália, o movimento dos Flagelantes chega à Áustria, Hungria, Polónia, depois à Alemanha (onde os seus adeptos eram mais numerosos) e Bélgica; na França, o movimento chega até Troyes.

Embora o fenômeno tenha sido atenuado, pode-se considerar que ainda subsistem vestígios nos nossos dias, em parte no folclore e certas procissões da Europa meridional, particularmente durante a Semana Santa de Sevilha. Inclusive, um fenômeno similar existe atualmente, mas com a violência original de seu predecessor, numa tradição religiosa não cristã, na Índia.

Ver também[editar | editar código-fonte]