Flávia Schilling

Flávia Schilling
Nascimento 1953 (71 anos)
Santa Cruz do Sul
Cidadania Brasil
Ocupação escritora, socióloga, pedagoga, professora universitária, ativista política

Flávia Inês Wesp Schilling (Santa Cruz do Sul, 26 de abril de 1953) é uma pedagoga, socióloga, professora e escritora brasileira.[1]

Exílio[editar | editar código-fonte]

Filha do escritor e militante político brasileiro Paulo Schilling, assessor de Leonel Brizola, Flávia vivia com sua família no Uruguai, desde que seu pai fora obrigado a sair do Brasil, logo após o golpe militar de 1964.[2]

Militância e prisão[editar | editar código-fonte]

Filiou-se à Federação dos Estudantes Revolucionários e pouco depois abandonaria seus estudos de medicina para dedicar-se ao Movimento de Libertação Nacional (MLN), ligado aos Tupamaros , organização guerrilheira que atuou entre 1962 (oficialmente, a partir de 1965) e 1972, no Uruguai.[3] Flávia Schilling tinha 19 anos em 24 de novembro de 1972, quando foi baleada no pescoço e presa, juntamente com seu companheiro, Rubén, em Montevidéu.[4] Durante sete anos e meio, permaneceria no Penal de Punta de Rieles, a 14 km de Montevidéu, então um presídio destinado a presas políticas. Em 1974, seu pai, Paulo, sua mãe, Ingeborg Maria, e suas irmãs, Valéria e Andreia, expulsos do Uruguai, seguiriam para a Argentina.[5] Somente uma irmã, Cláudia, ficou em Montevidéu, dando assistência a Flávia.

Campanha pela libertação[editar | editar código-fonte]

A luta pela libertação de Flávia Schilling começou junto com a implantação dos Comitês pela Anistia no Brasil. O 1º Congresso pela Anistia, realizado em novembro de 1979, em São Paulo, incluiu entre as suas campanhas a libertação de Flávia Schilling.

O caso de Flávia acabou tendo grande repercussão pela imprensa, no Brasil e, em razão de sua ascendência, também na Alemanha . Quando a lei da anistia foi promulgada no Brasil todos os exilados podiam retornar, mas não Flávia Schilling, que fora condenada a 10 anos de prisão no Uruguai. A luta por sua libertação intensificou-se à medida em que os demais exilados voltavam. Foi tão grande a mobilização popular que o governo Figueiredo também passou a pressionar o governo uruguaio. Mesmo dentro do Uruguai, jornalistas brasileiros aguardavam a promulgação do que chamavam "Lei Flávia Schilling", a esperada anistia da militante brasileira.[6]

Libertação[editar | editar código-fonte]

Afinal a ditadura uruguaia cedeu. Foi decretada a expulsão de todos os militantes estrangeiros presos. Dessa forma, não somente Flávia, mas cerca de 20 italianos e espanhóis foram soltos e expulsos do país. Flávia foi libertada em 14 de abril de 1980.[7]

O livro Querida família:, publicado em 1978, contém as cartas que enviou a sua família, quando estava presa. Em seu segundo livro, Querida Liberdade, de 1980, conta sua experiência no cárcere.

Livros publicados ou organizados[editar | editar código-fonte]

  • SCHILLING, Flávia. (Org.). Direitos Humanos e Educação. Outras palavras, outras práticas. 2ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2011. 271 p.
  • SCHILLING, Flávia. ; BUORO, A. ; SINGER, H. ; SOARES, M. . Violência Urbana, dilemas e desafios. 5ª ed. São Paulo: Editora Atual, 2010. 72 p.
  • SCHILLING, Flávia. Sociedade da Insegurança, violência na escola. São Paulo: Editora Moderna, 2004. 110 p.
  • SCHILLING, Flávia. (Org.) ; MELLO, I. I. (Org.) ; PAVEZ, G. (Org.) . Reflexões sobre Justiça e Violência. O atendimento a familiares de vítimas de homicídio. São Paulo: EDUC/ Imprensa Oficial, 2002. 246 p.
  • SCHILLING, Flávia (Org.). Pode ser diferente: caderno sobre violência e discriminação. São Paulo: Instituto São Paulo contra a violência/ Cenafoco, 2002.
  • SCHILLING, Flávia . Corrupção: ilegalidade intolerável? CPIs e a luta contra a corrupção no Brasil (1980-1992). São Paulo: Editora do IBCCrim/ Centro Jurídico Damásio de Jesus, 1999.
  • SCHILLING, Flávia. ; SINGER, H. ; BUORO, Andrea ; SOARES, M. . Violência Urbana: dilemas e desafios. São Paulo: Editora Atual, 1999.
  • SCHILLING, Flávia. Querida Liberdade. São Paulo: Editora Global, 1980.
  • SCHILLING, Flávia. Querida Família. Porto Alegre: Editora Coojornal, 1978.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Currículo de Flávia Inês Schilling.
  2. Um bravo chamado Paulo Schilling (Rio Pardo, 1925 – São Paulo, 2012). Carta Maior, 31 de janeiro de 2012.
  3. TRINDADE, Tatiana O papel materno na resistência à ditadura : o caso das mães de Flávio Tavares, Flávio Koutzii e Flávia Schilling. UFRGS, 2009, p. 14.
  4. Flávia Schilling, por seu pai. In Querida família: Porto Alegre: Coojornal, 1978.
  5. Paulo Romeu Schilling (1925-2012) - Escritor que ajudou a fundar o PT. Por Estêvão Bertoni. Folha de S.Paulo, 28 de janeiro de 2012.
  6. Depoimento de Paulo Schilling Arquivado em 27 de dezembro de 2010, no Wayback Machine.. Fundação Perseu Abramo, 23 de abril de 2006.
  7. Depoimento de Flávia Schilling Arquivado em 11 de dezembro de 2010, no Wayback Machine.. Fundação Perseu Abramo, 23 de abril de 2006.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]