Exposições Gerais de Artes Plásticas

1ª Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA, 1946
2ª Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA, 1947

As Exposições Gerais de Artes Plásticas tiveram lugar entre 1946 e 1956.

As mostras ocorreram na Sociedade Nacional de Belas Artes e foram decisivas para a afirmação das correntes artísticas portuguesas do pós-guerra, marcando um momento importante de afirmação das artes no domínio político-social. Realizaram-se 10 edições em anos consecutivos, excetuando 1952, ano em que a SNBA esteve encerrada pela PIDE.[1]

Historial[editar | editar código-fonte]

Organizada anonimamente pela Subcomissão dos Artistas Plásticos da Comissão dos Jornalistas, Escritores e Artistas do Movimento de Unidade Democrática (M.U.D.), a primeira exposição abriu em Julho de 1946 na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA), Lisboa. Com 93 participantes, entre novos e consagrados, pintores, escultores, arquitetos, desenhadores, gráficos, teve acolhimento favorável nos jornais. "A radicação da exposição no M.U.D. integrava-se numa ação política de oposição ao regime salazarista, então abalado pela crise de 1945, ao fim da guerra".[1]

Diário da Manhã, 9 de Maio de 1947

O sucesso da primeira exposição alargou-se na segunda, realizada em 1947, que contou com 89 participantes e em cujo catálogo se assinalava o desejo de aproximar a arte do povo: "de trazer ao povo, a que muitos destes artistas se orgulham de pertencer, as várias linguagens das artes plásticas, lado a lado [...]; de trazer ao povo uma mensagem de amizade e solidariedade".[2] Finalmente alertado para o significado real da iniciativa, o regime atuou violentamente, primeiro através de uma notícia no Diário da Manhã (órgão da União Nacional) e depois efetuando uma rusga policial com apreensão de obras de Júlio Pomar, Maria Keil, Rui Pimentel (Arco), Manuel Ribeiro de Pavia, Arnaldo Louro de Almeida, Nuno Tavares e José Viana, entre outros. A partir da 3ª exposição, em Maio de 1948, as mostras passaram a estar sujeitas a censura prévia.[1]

A regularidade destes salões e o facto de não terem júri nem prémios, permitiu a emergência de vagas sucessivas de jovens artistas e deu visibilidade a tendências diversificadas. A percentagem de artistas neorrealistas presentes nas várias exposições não foi elevada, mas devido ao significado dessas obras e ao interesse despertado junto de um público simpatizante, ainda hoje será possível afirmar que "a história do neorrealismo nas artes plásticas em Portugal é, numa boa parte, a história das Exposições Gerais de Artes Plásticas"[3]. É ainda necessário assinalar o caráter multidisciplinar destas exposições, que para além da pintura, escultura, desenho ou gravura, integraram de forma regular a arquitetura, as artes gráficas e publicidade, as artes decorativas e, de forma mais esporádica, a fotografia.[4][1]

Referências

  1. a b c d A.A.V.V. – Os Anos Quartenta na Arte Portuguesa (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 82-85
  2. Catálogo da 2ª Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA, maio de 1947, p. 4
  3. Excerto do prefácio anónimo do catálogo da décima e última exposição (1956)
  4. Catálogos da 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 6ª, 9ª e 10ª Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA, 1946, 1947, 1948, 1949, 1951, 1955, 1956