Escandinavismo

Propaganda do século XIX que mostra, da esquerda para a direita, soldados da Noruega, Dinamarca e Suécia dando as mãos.

O escandinavismo (em sueco: skandinavism; também chamado de pan-escandinavismo)[1] e o nordismo[2] são movimentos políticos e literários do séc. XIX, que apoiam diferentes graus de aproximação e cooperação entre os países escandinavos ou nórdicos.[3][4]

Relativamente ao movimento cultural, linguístico e literário, o escandinavismo e o nordismo são termos intermutáveis, que se centram na promoção e desenvolvimento de bases culturais nórdicas comuns, tais como: o passado, a herança cultural, a mitologia e a raiz linguística (nórdico antigo) comuns; que levou à formação de periódicos conjuntos e sociedades de apoio à literatura e línguas escandinavas. Todavia, no que diz respeito aos movimentos políticos, nordismo e escandinavismo são dois movimentos políticos distintos, que surgiram em épocas diferentes.

Escandinavismo político[editar | editar código-fonte]

O escandinavismo político tem como paralelo os movimentos de unificação ocorridos, no século XIX, na Alemanha e Itália.[5] Ao contrário dos homólogos italiano e alemão, o projeto de construção de um Estado Escandinavo não foi bem sucedido e não é mais perseguido.[1][5] Alcançou o seu período áureo em meados do século XIX, assentado na ideia da Escandinávia como uma região unificada ou uma única nação, com base na raiz linguística comum, herança política e cultural dos países escandinavos: Dinamarca, Noruega e Suécia. (Estes três países são referidos como "três irmãos" na sexta estrofe do hino nacional da Noruega.)

O movimento foi iniciado por estudantes universitários dinamarqueses e suecos na década de 1840, com uma base na Escânia.[6] No início, as instituições políticas em ambos os países, que incluía o monarca absoluto Cristiano VIII e Carlos XIV com o seu "governo de um só homem", desconfiavam do movimento.[6] Assim, a polícia na Dinamarca manteve os proponentes do escandinavismo sob vigilância apertada. No entanto, quando Óscar I tornou-se rei da Suécia-Noruega em 1844, a relação com a Dinamarca melhorou e o movimento começou a ganhar apoio em jornais liberais, como Fædrelandet e Aftonbladet, que viam no escandinavismo uma forma de combater os poderes conservadores presentes durante a guerra entre a Dinamarca e o Reino da Prússia em 1848, na qual a Suécia (então em união com a Noruega) ofereceu apoio sob a forma de uma força expedicionária sueco-norueguesa, embora esta nunca tivesse combatido realmente.

O movimento escandinavista recebeu um duro golpe, do qual nunca se recuperou totalmente, aquando da Guerra dos Ducados, em 1864 - que opôs a Dinamarca à Prússia e ao Império Austríaco -, pela recusa do governo sueco em aderir a uma aliança contra o crescente poder alemão no continente.[4]

Apesar de tudo, houve um progresso em 1873, quando a Dinamarca e a Suécia-Noruega entram na União Monetária Escandinava, que durou até 1914.

Nordismo político[editar | editar código-fonte]

O nordismo político foi introduzido com a Associação Nórdica, que começou através de iniciativas suecas, em 1919.[5] O movimento nórdico, que também inclui a Finlândia, a Islândia e os territórios dinamarqueses da Gronelândia e ilhas Faroé, tem uma base ideológica que visa a integração e cooperação económica nórdica apoiada pelo Conselho Nórdico. Tem sido descrito como "nacionalismo colaborativo".[7]

Atualmente[editar | editar código-fonte]

O fim da Segunda Guerra Mundial foi seguido por uma década de integração nórdica, na qual foram criadas iniciativas e organismos intergovernamentais, tais como a União Nórdica de Passaportes, o Conselho Nórdico e a SAS. Porém, a cooperação nórdica foi prejudicada durante a Guerra Fria, devido à não adesão da Suécia e da Finlândia (ex-integrante do Império Russo) à NATO. A intensificação de uma maior integração europeia (em particular o facto de a Suécia, Finlândia e Dinamarca terem aderido à União Europeia, enquanto que a Noruega e a Islândia permaneceram de fora), também, foi vista como uma fraqueza ao incentivo para uma integração a nível nórdico.

Referências

  1. a b «Pan-Scandinavianism» (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 3 de junho de 2015 
  2. O movimento político do nordismo não deve ser confundido com a ideologia racial do nordicismo, sendo que este último considera o povo nórdico uma raça superior.
  3. «Escandinavismo». dicio.com.br. Consultado em 16 de novembro de 2011 
  4. a b Magnusson, Thomas; Peter A. Sjögren (2004). «Skandinavismen». Vad varje svensk bör veta (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag e Publisher Produktion AB. p. 77. 654 páginas. ISBN 91-0-010680-1 
  5. a b c Tunander, Ola (4 de fevereiro de 1999). «Nordic cooperation» (em inglês). Nytt fra Norge, ODIN - Informações do governo e dos ministérios. Consultado em 16 de novembro de 2011. Cópia arquivada em 12 de março de 2005  Ver também: Tunander, Ola (1999). "Norway, Sweden and Nordic cooperation". In The European North - Hard, soft and civic security. Eds. Lassi Heininen and Gunnar Lassinantti. The Olof Palme International Center/Arctic Centre, University of Lapland, 1999. pp. 39–48. ISBN 9516346901.
  6. a b «The Students» (em inglês). Øresundstid. 2003. Consultado em 16 de novembro de 2011. Cópia arquivada em 1 de março de 2005 
  7. Wæver, Ole (janeiro de 1992). «Nordic Nostalgia: Northern Europe after the Cold War». International Affairs (Royal Institute of International Affairs 1944-) (em inglês). 68 (1): 77-102 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Scandinavism», especificamente desta versão.