Erika Marena

Erika Marena
Conhecido(a) por Atuação na Operação Lava Jato
Nascimento 1975 (49 anos)
Apucarana, PR
Nacionalidade brasileira
Ocupação Delegada da Polícia Federal

Érika Mialik Marena (Apucarana, 1975) é uma delegada da Polícia Federal, conhecida pela atuação na Operação Lava Jato.[1][2][3][4][5] Ela também atuou como delegada na divisão de repressão a crimes financeiros em São Paulo e Curitiba, além da divisão de combate à corrupção e desvio de verbas públicas em Santa Catarina.[6]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Após atuar por quatro anos na Operação Lava Jato,[7] Erika foi convidada a chefiar a área de combate à corrupção e desvio de verbas públicas da Superintendência da PF em Santa Catarina.[8][9] Em 2016, foi a mais votada de uma lista tríplice para concorrer à diretoria geral do comando da PF.[10]

Operação Ouvidos Moucos[editar | editar código-fonte]

Em 2017, foi a responsável pela controversa Operação Ouvidos Moucos, que resultou na prisão do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, acusado de tentativa de obstrução de justiça.[7] Motivada por denúncias do então corregedor da UFSC, bem como, de outros membros do corpo docente da Universidade, a operação teve como objetivo investigar o desvio de recursos ao longo de diversas gestões. Após ter pedido de prisão representado pela Polícia Federal, Cancellier foi preso e afastado do cargo e da universidade, numa operação que contou com 115 policiais federais. Cancellier não tinha antecedentes criminais. Após ser liberado com um habeas-corpus, apenas condicionado a sua não ida ao campus, cometeu suicídio.[11] O relatório final do inquérito não apresentou qualquer prova contra o reitor.[12][13][14][15][16][17] Em julho de 2023, o TCU (Tribunal de Contas da União), em documento assinado pelo diretor da Unidade de Auditoria Especializada em Educação, Cultura, Esporte e Direitos Humanos, Leandro Santos de Brum, indicou ainda que a denúncia de irregularidade no programa "Universidade Aberta do Brasil", que foi o alvo principal da operação Ouvidos Moucos, era improcedente.[18]

A delegada foi designada para a ocupar a Superintendência Regional de Polícia Federal no Estado de Sergipe em dezembro de 2017, dois meses depois da morte do reitor. O Ministério da Justiça investigou sua participação no caso, e após três pareceres concordantes decidiu arquivar a sindicância contra ela, por falta de provas.[19][20][21]

Porém, após o relatório do TCU em 2023 apontar que toda a operação foi baseada em acusações improcedentes, o Ministro da Justiça do terceiro Governo Lula, Flávio Dino, decidiu encaminhar o documento para o Diretor-Geral da Polícia Federal para que fosse instaurado Processo Administrativo Disciplinar a fim de novamente investigar a conduta dos policiais, o que inclui a delegada Erika Marena, para averiguar possíveis ações realizadas de maneira irregular. A ação de Marena, quem determinou a ação contra os suspeitos a partir de convicções suas, e que levou à prisão por acusação de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro seis funcionários da UFSC e ao indiciamento de outras 23 pessoas deveria, nas palavras do ministro, ser novamente investigada pela Polícia Federal.[22]

Atuação no Ministério da Justiça[editar | editar código-fonte]

Após as polêmicas ocorridas em razão da Operação Ouvidos Moucos, ao final de 2018, foi escolhida por Sergio Moro para chefiar o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional.[23]

Em 2020, foi exonerada do cargo pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça. [24]

Operação Spoofing[editar | editar código-fonte]

Em 2021, após a divulgação da operação Spoofing, foi acusada pela defesa do então ex-presidente Lula de forjar depoimentos. De acordo com mensagens atribuídas ao então coordenador da força-tarefa da Lava-jato, Deltan Dallagnol, a delegada "lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada ... dá no mínimo falsidade".[25]

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

Em 2017, Erika foi interpretada no cinema brasileiro pela atriz Flavia Alessandra no filme Polícia Federal: A Lei É para Todos.[26]

Em 2018, a personagem Verena Cardoni da série da Netflix, O Mecanismo, foi inspirada em Erika e foi interpretada pela atriz Carol Abras.[27]

Referências

  1. «Procuradores da Lava Jato lamentam saída da delegada Érika Marena». G1. Globo. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  2. «Entenda o Caso». Caso Lava Jato. Ministério Público Federal. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  3. «Os dois anos da operação Lava jato». Globo News. Globo. 18 de março de 2016. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  4. Souza, Nivaldo (1 de agosto de 2017). «Posto que deu origem à operação Lava Jato deve mais de R$ 8 milhões à União». Uol. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  5. Brasil de Fato (20 de outubro de 2017). «Ex-Lava Jato que prendeu reitor em SC já processou jornal, blogueiro e até o Facebook» 
  6. «Delegada que batizou Operação Lava-Jato é exonerada do Ministério da Justiça». GZH. 26 de junho de 2020. Consultado em 3 de abril de 2021 
  7. a b Nunes, Wálter (10 de maio de 2018). «PF liga ex-reitor da UFSC a desvio, mas não apresenta provas em 817 páginas». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de maio de 2018. Cópia arquivada em 10 de maio de 2018 
  8. Vargas, Diogo (25 de fevereiro de 2017). «Ex-coordenadora da Lava-Jato é transferida para a PF em SC». DC. RBS. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  9. «Procuradores da Lava Jato lamentam saída da delegada Érika Marena». Época. Globo. 9 de dezembro de 2016. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  10. «Delegada pode ser primeira mulher da história a comandar PF». Cidade verde. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  11. Carvalho, Luiz Maklouf (3 de dezembro de 2017). «Suicídio de reitor da Universidade Federal da Santa Catarina põe PF sob suspeita». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 3 de dezembro de 2017 
  12. Mundo, Diario do Centro do (23 de fevereiro de 2021). «Delegada da Polícia Federal e lavajatistas podem responder por diversos crimes». Diário do Centro do Mundo. Consultado em 3 de abril de 2021 
  13. Fernando Martines (12 de julho de 2019). «MPF denuncia filho de reitor que se suicidou sem provar o que ele fez de ilegal». Conjur. Consultado em 6 de abril de 2021 
  14. Hara Flaeschen e Vilma Reis (23 de outubro de 2018). «Sem provas PF encerra inquérito que levou Reitor Cancellier ao suicídio». Abrasco. Consultado em 6 de abril de 2021 
  15. João Filho (12 de maio de 2018). «"Polícia Federal — A lei é para todos". Só que não.». The Intercept Brasil. Consultado em 6 de abril de 2021 
  16. «Relatório final da PF sobre supostas irregularidades na UFSC pede indiciamento de 23 pessoas, mas não aponta valor total de desvios». G1. 10 de maio de 2018. Consultado em 6 de abril de 2021 
  17. Walter Nunes (10 de maio de 2018). «PF liga ex-reitor da UFSC a desvio, mas não apresenta provas em 817 páginas». Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de abril de 2021 
  18. «TCU descarta irregularidade em programa da UFSC que motivou prisão e morte do reitor Cancellier». NSC Total. Consultado em 9 de julho de 2023 
  19. «PF de SC substitui superintendente e transfere delegada da Operação Ouvidos Moucos». G1-SC. Globo. 1 de dezembro de 2017. Consultado em 3 de dezembro de 2017 
  20. «Assessor produziu parecer para eximir delegada da PF em sindicância». Folha de S. Paulo. 1 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 25 de fevereiro de 2019 
  21. «Delegada que batizou a Lava Jato assume o comando da Polícia Federal em Sergipe» 
  22. «Chico Alves - Flávio Dino determina hoje investigação na PF sobre caso Cancellier». noticias.uol.com.br. Consultado em 10 de julho de 2023 
  23. Alba Valéria Mendonça (23 de novembro de 2018). «Em evento no Rio, Érika Marena afirma que 'ainda tem muita gente disposta a roubar este país'». G1. Globo.com. Consultado em 25 de novembro de 2018 
  24. «Governo exonera delegada que integrou e deu o nome a Operação Lava-Jato». ISTOÉ Independente. 26 de junho de 2020. Consultado em 22 de fevereiro de 2021 
  25. «Defesa de Lula acusa Lava Jato de forjar depoimentos - Migalhas». migalhas.uol.com.br. 23 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  26. «Moro, Bretas, Dallagnol e delegados da PF assistem à "Lei é Para Todos" na terra da Lava Jato». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  27. Guilherme Dearo (21 de novembro de 2018). «Quem é Erika Marena, delegada escolhida por Moro para integrar sua equipe». Exame-com. Consultado em 10 de julho de 2023